1 de abril de 2018

Richie Porte de regresso desde a Volta ao Algarve para arrancar época rumo ao Tour

Não foi o início de ano que Richie Porte procurava, mas o australiano não é do género de ficar a moer no passado. A prova, se fosse precisa, está em ter deixando bem lá atrás a queda na Volta a França que acabou com a sua corrida e com a época em 2017.  No entanto, depois de se ter confirmado como o rei de Willunga Hill, no Tour Down Under - apesar de ter perdido a geral -, Porte esteve muito discreto na Volta ao Algarve (27º na geral) e uma infecção respiratória afastou-o do Tirreno-Adriatico. Mês e meio depois, o ciclista da BMC vai regressar à competição sem grandes planos no País Basco, mas apenas a pensar em recuperar rapidamente a forma e arrancar definitivamente a sua época no ataque ao muito desejado Tour.

"Não vou com nenhuma expectativa, nem vou colocar muita pressão em mim. Esta corrida é mais para testar a minha forma e recuperar o ritmo competitivo, mais do que qualquer coisa", salientou Richie Porte. Apesar de não estar a ser uma temporada muito auspiciosa para a BMC - principalmente porque Greg van Avermaet não está a render tanto como nos dois anos anteriores -, a equipa americana está disposta a deixar o seu líder para o Tour preparar a corrida como deseja, sem pressão de alcançar resultados antes. Ficará sempre aquele "se" de 2017. Ou seja, Se Porte não tem caído no Tour teria discutido com Froome a camisola amarela? Estava em grande forma, mas nunca haveremos de saber. Com 33 anos, as oportunidades vão começar as escassear e a BMC não tem no plantel ninguém que lhe dê a garantia para o Tour como Porte, nem para as outras grandes voltas.

Tejay van Garderen é um caso praticamente perdido, a não ser que algum milagre aconteça. Rohan Dennis foi o actor de uma história bonita do ciclista com o plano de se transformar num grande voltista em três ou quatro anos, mas já passaram dois e quando chega a alta montanha, nem vê-lo. Muitas vezes até desaparece logo na média montanha. Depois junta-se a incerteza quanto ao futuro da BMC. A equipa está na corda bamba e ainda não se sabe se estará ou não na estrada em 2019. Mais importância ganha uma possível vitória no Tour. Se é sempre prestigiante, quando se procura estabilidade e/ou reforço financeiro e se se vai apostar quase tudo numa grande vitória, que seja na Volta a França. Se Avermaet resolver ganhar de novo no Paris-Roubaix, também não fará mal nenhum!

Agora é deixar Richie Porte recuperar a forma física e certamente que ao sentir-se com capacidade vai tentar alcançar bons resultados. Quem poderá beneficiar novamente com esta fase menos positiva do australiano é Damiano Caruso. O italiano aproveitou muito bem a liderança inesperada no Tirreno-Adriatico e só um super Michal Kwiatkowski (Sky) o superou. Agora vai à Volta ao País Basco tentar agarrar nova oportunidade, pois a janela vai fechar-se quando Porte assumir novamente o papel de destaque.

Bem-vindo de volta Richie Porte e também Rui Costa. O ciclista português sofreu uma queda na segunda etapa no Paris-Nice e tem estado a recuperar desde então. Ao contrário do australiano da BMC, o campeão do mundo de 2013 surge no País Basco à procura de um bom resultado. Daniel Martin e Fabio Aru não foram chamados pela UAE Team Emirates, pelo que será a oportunidade de Rui Costa assumir de novo a liderança. Diego Ulissi estará presente, contudo, ambos podem muito bem ter liberdade para disputarem etapas e no caso do português até um lugar de destaque na geral. Ambos não escondem que também têm no pensamento outro objectivo: a semana das Ardenas, que arranca dia 15 com a Amstel Gold Race.

"Depois da minha queda no Paris-Nice, na qual sofri uma contusão no joelho, tirei uma semana de folga para descansar. Porém, agora estou bem. Vou chegar à Volta ao País Basco com muita margem para melhorar a minha forma. Espero terminar a corrida numa nota alta", salientou Rui Costa. No entanto, continua-se sem se saber o que esperar do português em termos de grandes voltas. O mistério mantém-se.

As seis etapas da Volta ao País Basco podem ser bem interessantes visto que são muito marcadas por montanha, como é imagem de marca. Mikel Landa avisou que estará lá para ganhar e Nairo Quintana poderá ter de se contentar por ficar na sombra do espanhol, depois de ter sido o que aconteceu na Catalunha com Alejandro Valverde. A Movistar lá vai jogando as suas cartas, com a curiosidade a aumentar a cada corrida que passa de como irá ser quando chegar o Tour.

Romain Bardet (AG2R) e Rigoberto Uran (EF Education First-Drapac) querem discutir a corrida. A ver vamos se Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin) começa a aparecer. Bauke Mollema lidera a Trek-Segafredo que terá um Ruben Guerreiro à espreitar de aproveitar uma oportunidade para demonstrar o grande momento de forma que atravessa nesta primeira fase do ano.

Julian Alaphilippe (Quick-Step Floors) surge com algo a provar depois do seu patrão não ter gostado muito como falhou pelo menos o pódio no Paris-Nice. Já os espanhóis vão olhar mais para Enric Mas, um jovem de enorme potencial e que promete "explodir" a qualquer momento. Na Bahrain-Merida Ion e Gorka Izagirre surgem com mira apontada à vitória.

Atenção a Primoz Roglic. Afinal o esloveno é ou não voltista para liderar uma Lotto-Jumbo? Roglic tem corrido pouco este ano. Só esteve na Volta à Comunidade Valenciana (foi sexto), passou pela Strade Bianche (48º) e foi ao Tirreno-Adriatico dar espectáculo na chegada a Trevi, vencendo a terceira etapa. Se quiser ter um papel de maior destaque numa grande volta - que não passe "apenas" por discutir etapas - Roglic tem de começar a discutir estas corridas de uma semana onde estão algumas das grandes figuras. Em 2017 venceu duas etapas no País Basco.

De referir que depois de uma estreia muito positiva na Volta a Flandres (foi 24º), Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) não perde tempo e vai até ao País Basco, antes de se concentrar na semana das Ardenas, principalmente num dos objectivos da temporada: a Liège-Bastogne-Liège. Também Michal Kwiatkowski (Sky) viaja da Flandres (28º) directamente para a corrida espanhola.

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