(Fotografia: Facebook Volta ao Alpes) |
Na estrada, tivemos um Froome q.b. na Volta aos Alpes, falhando o pódio por um segundo e ficando a apenas 16 do vencedor Thibaut Pinot. Antes só o tínhamos visto no Tirreno-Adriatico (34º) e na Ruta del Sol (10º). Nas duas corridas italianas foi clara a melhoria de um ciclista que não esconde a frustração de ver que querem sempre perguntar-lhe sobre o caso do salbutamol e não tanto sobre a sua performance desportiva. Já chegou mesmo a dizer que não fala mais sobre o assunto. Se até agora Froome não consegue "ter sossego" neste aspecto, não irá certamente acontecer durante uma Volta a Itália, na qual se teme que se possa viver uma situação idêntica há de 2011: Alberto Contador ganhou, mas a vitória foi posteriormente atribuída a Michele Scarponi, depois do espanhol ser sancionado num caso de doping, que remontava ao Tour do ano anterior.
Mas tentemos concentrar-nos na parte desportiva. Para todos os efeitos, o regulamento permite que Froome possa competir enquanto faz sua defesa e até poderá não sofrer qualquer sanção, pelo que se alcançasse a vitória no Giro, esta ficaria gravada no seu já impressionante currículo. O facto de ter andado pouco em competição não é situação inédita e, por isso, que não se pode atribuir por estar a tentar proteger-se de uma maior exposição mediática devido à sua situação. Se olharmos para o calendário em 2017, Froome fez cinco corridas até ao Tour, que começou a 1 de Julho. E não foi particularmente convincente nas suas exibições. Quando chegou o principal momento da temporada, o britânico suou um pouco mais do que em anos anteriores, mas ganhou a sua quarta Volta a França.
Por isso mesmo, é de esperar que Froome esteja a altura dos acontecimentos quando o Giro começar na próxima sexta-feira, em Jerusalém, mesmo que psicologicamente viva um momento muito complicado na carreira. Poderemos não ver um Froome tão forte como normalmente está no Tour, precisamente porque a corrida francesa continua a ser um dos objectivos do ano. Chegar à marca das cinco vitórias é a principal ambição. É necessário uma gestão de forças e já se sabe o que tem acontecido a quem tem tentado a dobradinha Giro/Tour nos últimos anos: Alberto Contador ganhou o primeiro, esteve discreto no segunto, Nairo Quintana foi segundo em Itália e afundou-se na classificação em França (um 12º lugar era algo impensável para o colombiano).
Será interessante perceber se Froome estará disposto a dar o tudo por tudo para ganhar o Giro. O seu passado na corrida não é algo que queira recordar. Esteve em 2009, quando foi 32º, e no ano seguinte foi excluído por se ter agarrado a uma moto. Porém, uma vitória colocaria Froome ainda mais acima na lista dos melhores da história. Conquistaria as três voltas e três de forma consecutiva.
É verdade que Froome já viveu momentos bem difíceis devido a suspeitas lançadas sobre a equipa. Já lhe cuspiram, tentaram agredir, tentaram infernizar-lhe a vida no Tour e o britânico sobreviveu a tudo. Agora a situação é diferente. Acusou o dobro do permitido de uma substância utilizada por asmáticos. Diz que não fez nada de mal e se surgir em Itália nas melhores condições para lutar por uma grande volta, também será uma demonstração da forte mentalidade deste ciclista.
Há outra incógnita a rodear Froome. A equipa que o acompanhará é forte. Só poderia tendo em conta o plantel da Sky. No entanto, a forma de Wout Poels, por exemplo, é preocupante. O holandês tem oscilado entre o muito bom e a completa desilusão, como foi na Liège-Bastogne-Liège. E estando esta corrida tão próxima do Giro, a última coisa que a Sky queria ver era um dos homens mais importantes na defesa do seu líder, não ter demonstrado capacidade para aguentar o ritmo elevado dos favoritos.
Para contrabalançar, Froome terá um Kenny Elissonde de luxo. Fez uma exibição tremenda na Volta aos Alpes, até por vezes deixando a ideia que estava em melhor forma que o seu líder. Mas nunca o abandonou. A performance do francês foi decisiva para garantir um lugar no Giro, que não estava até então assegurado. Com Geraint Thomas mais do que dedicado a ter um papel de destaque no Tour, Elissonde poderá tornar-se no novo escudeiro do britânico, principalmente se Poels não conseguir melhorar a sua forma.
Sergio Henao também tem estado bem, pelo que o Froome sabe que terá no colombiano um excelente companheiro para as etapas mais difíceis de montanha. Vasil Kiriyenka é aquela máquina de meter ritmo que a Sky não abdica, com Christian Knees e Salvatore Puccio a serem dois ciclistas que cumprem à risca com o que lhes é pedido. Já David de la Cruz estará ansioso por ter alguma liberdade. Mas se tudo estiver a correr bem com Froome, o espanhol terá mesmo de esperar pela Vuelta para se mostrar. É um ciclista que estando bem irá fortalecer o núcleo da Sky.
Na Volta aos Alpes a Sky não foi tão dominadora como noutras corridas, mas é mais um pormenor que não é inédito. Chegando o momento mais importante, não tem por hábito falhar. Porém, não é só Froome que terá de lidar as questões sobre o salbutamol. Inevitavelmente temos de voltar a falar do caso que marca a actualidade na modalidade. Como irão enfrentar os seus companheiros as constantes perguntas e dúvidas se o trabalho que se preparam para realizar não será em vão?
Tantas incógnitas a rodear um ciclista que nos últimos anos tem habituado a ser o favorito nas grandes voltas em que enfrenta e ponto final. Sem "ses". Ainda assim, apesar das incógnitas, está no topo dos candidatos no Giro - como só poderia ser - e teremos o muito esperado embate entre o britânico e Tom Dumoulin (Sunweb).
»»Fabio Aru a precisar que a equipa não lhe falhe««
»»Dumoulin com equipa jovem mas forte para o apoiar na Volta a Itália««
»»Pinot é finalmente um candidato a temer««
Por isso mesmo, é de esperar que Froome esteja a altura dos acontecimentos quando o Giro começar na próxima sexta-feira, em Jerusalém, mesmo que psicologicamente viva um momento muito complicado na carreira. Poderemos não ver um Froome tão forte como normalmente está no Tour, precisamente porque a corrida francesa continua a ser um dos objectivos do ano. Chegar à marca das cinco vitórias é a principal ambição. É necessário uma gestão de forças e já se sabe o que tem acontecido a quem tem tentado a dobradinha Giro/Tour nos últimos anos: Alberto Contador ganhou o primeiro, esteve discreto no segunto, Nairo Quintana foi segundo em Itália e afundou-se na classificação em França (um 12º lugar era algo impensável para o colombiano).
Será interessante perceber se Froome estará disposto a dar o tudo por tudo para ganhar o Giro. O seu passado na corrida não é algo que queira recordar. Esteve em 2009, quando foi 32º, e no ano seguinte foi excluído por se ter agarrado a uma moto. Porém, uma vitória colocaria Froome ainda mais acima na lista dos melhores da história. Conquistaria as três voltas e três de forma consecutiva.
É verdade que Froome já viveu momentos bem difíceis devido a suspeitas lançadas sobre a equipa. Já lhe cuspiram, tentaram agredir, tentaram infernizar-lhe a vida no Tour e o britânico sobreviveu a tudo. Agora a situação é diferente. Acusou o dobro do permitido de uma substância utilizada por asmáticos. Diz que não fez nada de mal e se surgir em Itália nas melhores condições para lutar por uma grande volta, também será uma demonstração da forte mentalidade deste ciclista.
Há outra incógnita a rodear Froome. A equipa que o acompanhará é forte. Só poderia tendo em conta o plantel da Sky. No entanto, a forma de Wout Poels, por exemplo, é preocupante. O holandês tem oscilado entre o muito bom e a completa desilusão, como foi na Liège-Bastogne-Liège. E estando esta corrida tão próxima do Giro, a última coisa que a Sky queria ver era um dos homens mais importantes na defesa do seu líder, não ter demonstrado capacidade para aguentar o ritmo elevado dos favoritos.
Para contrabalançar, Froome terá um Kenny Elissonde de luxo. Fez uma exibição tremenda na Volta aos Alpes, até por vezes deixando a ideia que estava em melhor forma que o seu líder. Mas nunca o abandonou. A performance do francês foi decisiva para garantir um lugar no Giro, que não estava até então assegurado. Com Geraint Thomas mais do que dedicado a ter um papel de destaque no Tour, Elissonde poderá tornar-se no novo escudeiro do britânico, principalmente se Poels não conseguir melhorar a sua forma.
Sergio Henao também tem estado bem, pelo que o Froome sabe que terá no colombiano um excelente companheiro para as etapas mais difíceis de montanha. Vasil Kiriyenka é aquela máquina de meter ritmo que a Sky não abdica, com Christian Knees e Salvatore Puccio a serem dois ciclistas que cumprem à risca com o que lhes é pedido. Já David de la Cruz estará ansioso por ter alguma liberdade. Mas se tudo estiver a correr bem com Froome, o espanhol terá mesmo de esperar pela Vuelta para se mostrar. É um ciclista que estando bem irá fortalecer o núcleo da Sky.
Na Volta aos Alpes a Sky não foi tão dominadora como noutras corridas, mas é mais um pormenor que não é inédito. Chegando o momento mais importante, não tem por hábito falhar. Porém, não é só Froome que terá de lidar as questões sobre o salbutamol. Inevitavelmente temos de voltar a falar do caso que marca a actualidade na modalidade. Como irão enfrentar os seus companheiros as constantes perguntas e dúvidas se o trabalho que se preparam para realizar não será em vão?
Tantas incógnitas a rodear um ciclista que nos últimos anos tem habituado a ser o favorito nas grandes voltas em que enfrenta e ponto final. Sem "ses". Ainda assim, apesar das incógnitas, está no topo dos candidatos no Giro - como só poderia ser - e teremos o muito esperado embate entre o britânico e Tom Dumoulin (Sunweb).
»»Fabio Aru a precisar que a equipa não lhe falhe««
»»Dumoulin com equipa jovem mas forte para o apoiar na Volta a Itália««
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