(Fotografia: Unipublic/Photogomez Sport) |
Em 2003 surgiu na ONCE-Eroski um jovem talento espanhol que não demoraria muito a começar a confirmar créditos. A saúde pregou-lhe uma partida quando sofreu um aneurisma cerebral, mas Contador regressaria para se consagrar como um dos melhores da história, com sete grandes voltas conquistadas. Mas para o antigo ciclista, o primeiro momento marcante aconteceu ainda como amador, como contou ao Cycling News.
"Quando eu era amador havia uma corrida que se destacava. Era a Subida a Gorla", disse. Estávamos em 2001, no País Basco, e era o primeiro ano de Contador como ciclista amador. "Era uma curta subida que se fazia como corrida de estrada. Quem chegasse ao topo primeiro, ganhava", contou. Acrescentou que as pessoas costumavam dizer que quem ganhasse ali, iria ser profissional e seria um bom ciclista. "De facto, ainda detenho o recorde daquela subida. Tive três cães: um chamado Tour, outro Etna, mas o primeiro chamava-se Gorla por causa daquela subida e daquela corrida tão importante para mim", confessou.
Curiosamente, não há nenhum Tour que entre neste top cinco. Mas antes de ir para as grandes voltas, a próxima paragem é na Polónia, em 2003, a primeira vitória como profissional. "Coincidiu com a ONCE estar na Vuelta a lutar pela geral com Isidro Nozal, contra o Roberto Heras (ganhou este último). Nós estávamos na Polónia a correr em alguns circuitos bem perigosos", recordou Contador. A chuva marcou grande parte da corrida polaca, arrasando a equipa, com o espanhol a conseguir sobreviver. O último dia era de dupla jornada, com uma curta etapa de montanha de manhã e um contra-relógio de 19 quilómetros à tarde, grande parte plano, com os cinco finais a subir. "Fui fazer o reconhecimento com o director na noite anterior e disse-lhe: 'Olha, que tal se apenas cumprir a etapa matinal e guardar o máximo de força possível e depois dar tudo à tarde?'" Como o próprio Contador realçou, esta sugestão veio de um ciclista que tinha acabado de chegar ao profissionalismo. Mas a verdade é que a táctica resultou e o contra-relógio final da Volta à Polónia tornou-se na sempre inesquecível primeira vitória como profissional.
No ano seguinte, Contador sofreu um aneurisma cerebral. O regresso deu-se no Tour Down Under em 2005, num momento que sempre aparece como dos mais marcantes quando o espanhol é questionado sobre este tema. "Representou o meu primeiro passo rumo à vida normal." No entanto, durante a longa viagem até à Austrália, Contador admitiu que foi sempre a pensar como iria ser estar de volta à competição e se seria de facto possível regressar ao mais alto nível. O ex-ciclista contou como achava que o melhor era mesmo estar a competir, mesmo que tenha estado oito meses parado, com os médicos a não chegarem a um consenso quanto ao dar-lhe autorização para treinar. Só cinco semanas antes do Tour Down Under foi dada luz verde.
"Disse a mim próprio que era a melhor coisa porque assim, a competir, em vez de estar a treinar sozinho, se alguma coisa corresse mal, eu tinha uma ambulância atrás de mim, no pelotão, que poderia levar-me logo para o hospital", afirmou. Quando começou a corrida, Contador sentiu-se bem e ter novamente um dorsal nas costas foi algo muito importante. Contudo, o melhor estava para vir: "Consegui ganhar a etapa mais difícil do Tour Down Under, cortando a meta à frente, por pouco, de Luis León Sánchez. Para mim, esse dia foi incrível e, definitivamente, aquela vitória foi a mais especial da minha carreira."
E vamos então para as grandes voltas. A primeira grande conquista aconteceu em 2007, na Volta a França, mas é do Giro de 2008 que Contador falou. Começa por dizer que foi a melhor das três conquistas, ainda que oficialmente só lhe sejam atribuídas duas. Para o espanhol a de 2011 é dele, apesar de lhe ter sido retirada devido à sanção por doping, num caso que remonta ao Tour no ano antes - que também tinha ganho e ficou sem ele - e que se arrastou durante meses até à resolução, como está a acontecer com Chris Froome.
"Não fazia a menor ideia que poderia estar bem. Não fazia a menor ideia que ia até ao último minuto, quando me chamaram e eu estava de férias." A mudança de planos surgiu depois da Astana ter sido barrada de participar no Tour de 2008 pela organização, devido aos casos de doping detectados na equipa. Contador explicou que o plano inicial até era ficar apenas uma semana. Porém, apesar de ter apenas dois treinos de montanha e outros dois já em Itália, de ter caído no início do Giro e feito uma pequena fractura no antebraço, mesmo antes do contra-relógio, Contador percebeu que não estava mal fisicamente. "Lembro-me que estava a reconstruir a minha casa e não treinava há algum tempo", contou. Quando chegou a montanha acabou por dizer ao director desportivo: "Desculpa Johan [Bruyneel], mas vou ficar por cá até Milão." E acabou por ganhar mesmo esse Giro. Mais tarde nesse ano fechou a tripla nas grandes voltas, com uma vitória na Volta a Espanha. E tinha apenas 25 anos!
Damos um salto até 2017. Alberto Contador tinha adiado uma despedida, mas apesar de na Trek-Segafredo ter encontrado uma equipa disposta a dar-lhe tudo o que queria para competir, onde e quando quisesse, o espanhol percebeu que tinha chegado o momento de terminar a carreira. Tornou pública a decisão numa altura em que muito se falava sobre uma mudança de calendário para o ano seguinte, com a aposta a ser o Giro, até porque a equipa tem um patrocinador italiano. Mas não, Contador já não queria continuar e iria terminar a carreira na Vuelta. Ganhar era, naturalmente o objectivo, mas um mau dia logo nas primeiras dificuldades colocaram-no fora dessa luta. Começou o tudo por tudo por uma etapa.
Contador diz que a última Volta a Espanha "foi algo muito especial" e fez uma confissão: "Pode ser um choque para algumas pessoas, mas para ser honesto, se tivesse pesado os prós e contras entre fazer a Vuelta onde teria tudo calculado e ganhasse a geral e uma Vuelta onde pudesse atacar sempre que me apetecesse, preferia a última hipótese." E depois da perda de tempo na terceira etapa, devido a problemas de estômago, foi o que aconteceu. A despedida acabou mesmo por ser em grande com um triunfo inesquecível no Angliru. Uma última vitória à Contador. Um último disparo de El Pistolero.
»»Houve mesmo um último disparo. Gracias Contador««
»»Quem será o sucessor de Contador? O próprio nomeia««
»»As novas cores de Contador««
Curiosamente, não há nenhum Tour que entre neste top cinco. Mas antes de ir para as grandes voltas, a próxima paragem é na Polónia, em 2003, a primeira vitória como profissional. "Coincidiu com a ONCE estar na Vuelta a lutar pela geral com Isidro Nozal, contra o Roberto Heras (ganhou este último). Nós estávamos na Polónia a correr em alguns circuitos bem perigosos", recordou Contador. A chuva marcou grande parte da corrida polaca, arrasando a equipa, com o espanhol a conseguir sobreviver. O último dia era de dupla jornada, com uma curta etapa de montanha de manhã e um contra-relógio de 19 quilómetros à tarde, grande parte plano, com os cinco finais a subir. "Fui fazer o reconhecimento com o director na noite anterior e disse-lhe: 'Olha, que tal se apenas cumprir a etapa matinal e guardar o máximo de força possível e depois dar tudo à tarde?'" Como o próprio Contador realçou, esta sugestão veio de um ciclista que tinha acabado de chegar ao profissionalismo. Mas a verdade é que a táctica resultou e o contra-relógio final da Volta à Polónia tornou-se na sempre inesquecível primeira vitória como profissional.
No ano seguinte, Contador sofreu um aneurisma cerebral. O regresso deu-se no Tour Down Under em 2005, num momento que sempre aparece como dos mais marcantes quando o espanhol é questionado sobre este tema. "Representou o meu primeiro passo rumo à vida normal." No entanto, durante a longa viagem até à Austrália, Contador admitiu que foi sempre a pensar como iria ser estar de volta à competição e se seria de facto possível regressar ao mais alto nível. O ex-ciclista contou como achava que o melhor era mesmo estar a competir, mesmo que tenha estado oito meses parado, com os médicos a não chegarem a um consenso quanto ao dar-lhe autorização para treinar. Só cinco semanas antes do Tour Down Under foi dada luz verde.
"Disse a mim próprio que era a melhor coisa porque assim, a competir, em vez de estar a treinar sozinho, se alguma coisa corresse mal, eu tinha uma ambulância atrás de mim, no pelotão, que poderia levar-me logo para o hospital", afirmou. Quando começou a corrida, Contador sentiu-se bem e ter novamente um dorsal nas costas foi algo muito importante. Contudo, o melhor estava para vir: "Consegui ganhar a etapa mais difícil do Tour Down Under, cortando a meta à frente, por pouco, de Luis León Sánchez. Para mim, esse dia foi incrível e, definitivamente, aquela vitória foi a mais especial da minha carreira."
E vamos então para as grandes voltas. A primeira grande conquista aconteceu em 2007, na Volta a França, mas é do Giro de 2008 que Contador falou. Começa por dizer que foi a melhor das três conquistas, ainda que oficialmente só lhe sejam atribuídas duas. Para o espanhol a de 2011 é dele, apesar de lhe ter sido retirada devido à sanção por doping, num caso que remonta ao Tour no ano antes - que também tinha ganho e ficou sem ele - e que se arrastou durante meses até à resolução, como está a acontecer com Chris Froome.
"Não fazia a menor ideia que poderia estar bem. Não fazia a menor ideia que ia até ao último minuto, quando me chamaram e eu estava de férias." A mudança de planos surgiu depois da Astana ter sido barrada de participar no Tour de 2008 pela organização, devido aos casos de doping detectados na equipa. Contador explicou que o plano inicial até era ficar apenas uma semana. Porém, apesar de ter apenas dois treinos de montanha e outros dois já em Itália, de ter caído no início do Giro e feito uma pequena fractura no antebraço, mesmo antes do contra-relógio, Contador percebeu que não estava mal fisicamente. "Lembro-me que estava a reconstruir a minha casa e não treinava há algum tempo", contou. Quando chegou a montanha acabou por dizer ao director desportivo: "Desculpa Johan [Bruyneel], mas vou ficar por cá até Milão." E acabou por ganhar mesmo esse Giro. Mais tarde nesse ano fechou a tripla nas grandes voltas, com uma vitória na Volta a Espanha. E tinha apenas 25 anos!
Damos um salto até 2017. Alberto Contador tinha adiado uma despedida, mas apesar de na Trek-Segafredo ter encontrado uma equipa disposta a dar-lhe tudo o que queria para competir, onde e quando quisesse, o espanhol percebeu que tinha chegado o momento de terminar a carreira. Tornou pública a decisão numa altura em que muito se falava sobre uma mudança de calendário para o ano seguinte, com a aposta a ser o Giro, até porque a equipa tem um patrocinador italiano. Mas não, Contador já não queria continuar e iria terminar a carreira na Vuelta. Ganhar era, naturalmente o objectivo, mas um mau dia logo nas primeiras dificuldades colocaram-no fora dessa luta. Começou o tudo por tudo por uma etapa.
Contador diz que a última Volta a Espanha "foi algo muito especial" e fez uma confissão: "Pode ser um choque para algumas pessoas, mas para ser honesto, se tivesse pesado os prós e contras entre fazer a Vuelta onde teria tudo calculado e ganhasse a geral e uma Vuelta onde pudesse atacar sempre que me apetecesse, preferia a última hipótese." E depois da perda de tempo na terceira etapa, devido a problemas de estômago, foi o que aconteceu. A despedida acabou mesmo por ser em grande com um triunfo inesquecível no Angliru. Uma última vitória à Contador. Um último disparo de El Pistolero.
»»Houve mesmo um último disparo. Gracias Contador««
»»Quem será o sucessor de Contador? O próprio nomeia««
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