(Fotografia: Giro d'Italia) |
Foi um dos momentos da Volta a Itália. Até se pode dizer do ano, numa perspectiva de insólito. Meses depois do sucedido, Tom Dumoulin admitia que era um assunto que ainda não estava resolvido. Continuava sem saber o que lhe provocava as dores de barriga e que naquele dia quase lhe custou a liderança da grande volta. Os exames realizados em Dezembro finalmente revelaram o problema e o holandês foi obrigado a mudar um pouco a sua dieta. Garante que a adaptação está a correr bem e que irá apresentar-se em forma no próximo Giro.
Recordando: estávamos na etapa 16 - com o Mortirolo e Stelvio pela frente - e Tom Dumoulin vestia a camisola rosa quando, de repente, o ciclista pára, começa a despir-se e correu para a berma da estrada que era um pouco desnivelada, permitindo a privacidade possível. Nem o repórter de imagem se apercebeu logo o que estava a acontecer, até que se vê Dumoulin a atirar com a camisola e a começar a preparar-se para baixar os calções... O holandês lá regressou à corrida, mas não se livrou de perder mais de dois minutos para os adversários directos. Naquele dia até segurou a maglia rosa, que perderia três dias depois, recuperando-a em grandes estilo no contra-relógio do último dia. Ficou uma história para contar, mas o mais importante passou a ser perceber o que se tinha passado.
Aquele afinal não tinha sido um problema momentâneo. Dumoulin viria a admitir isso, pelo que tanto o holandês, como a Sunweb tudo fizeram para perceber o que se passava com o ciclista. Mais idas à "casa-de-banho" do género durante corridas é um risco que não podem correr se querem lutar por mais grandes voltas.
Afinal qual é o problema? Dumoulin não digere muito bem a frutose e a lactose. Não há qualquer problema com o sistema digestivo do ciclista, apenas tem de diminuir o consumo destas substâncias. "Num dia em que se coma muitas calorias, podes comer muita lactose e frutose. Numa maça, por exemplo, há muita frutose, por isso, é melhor eu comer um kiwi", explicou Dumoulin ao canal holandês NOS, citado pela Cycling Weekly. O corredor, de 27 anos, dá ainda o exemplo do leite, sendo que agora bebe um que não tenha lactose, ou então nem consome de todo.
"Alguns grupos alimentares, como a frutose e a lactose, não são muito digeríveis para certas pessoas e alguns de nós temos mais problemas que outros. Se já se está no limite do sistema digestivo e se acabou de comer um alimento na altura errada, como aconteceu no Giro, pode ter de sair muito rapidamente", explicou Tom Dumoulin.
O holandês vai regressar ao Giro, sendo que o muito aguardado frente-a-frente com Chris Froome irá acontecer em Itália e não na Volta a França como se chegou a pensar. Claro que há todo um processo que ensombra a presença do britânico, mas, como a questão do salbutamol não deverá concluída antes do Giro, os dois vão mesmo disputar a maglia rosa. A corrida começa a 4 de Maio, em Jerusalém, Israel.
Depois do estágio em altitude na Serra Nevada, Dumoulin tem previsto competir na Liège-Bastogne-Liège, mas não apostará na Volta aos Alpes, para preparar o Giro. Só não se pode dizer que tem tido um ano discreto, porque foi bastante falado quando atirou com a bicicleta depois de uma avaria ter estragado o seu contra-relógio em Abu Dhabi. Foi 21º na Strade Bianche, abandonou no Tirreno-Adriático depois de uma queda e fechou 31º na Milano-Sanremo.
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