15 de abril de 2018

"Quando cheguei fiquei naquela: será que ganhei mesmo?!"

(Fotografia: © Joyce Jason Ghijs/Hagens Berman Axeon)
João Almeida está a viver um momento especial na sua ainda curta carreira. Aos 19 anos venceu, no sábado, a Liège-Bastogne-Liège de sub-23, uma das corridas mais importantes do escalão, nunca esquecendo que em elite é um dos cinco monumentos. Na Bélgica não houve tempo para muitos festejos, pois regressou pouco depois a Portugal, pelo que neste domingo, família e amigos celebraram um grande feito para o ciclismo nacional. No entanto, quase foi preciso beliscar João Almeida depois de cortar a meta. "Não estava na expectativa de ganhar esta corrida... Não estava a sentir-me super", contou. Mas as sensações melhoraram durante os 173,4 quilómetros entre Bastogne e Ans. E no final: "Quando cheguei fiquei naquela, será que ganhei mesmo?!"

Sim, João Almeida tinha mesmo ganho e juntou-se a uma lista que conta com nomes como Michael Valgren (Astana e que este ano ganhou a Omloop Het Nieuwsblad e a Amstel Gold Race), Tosh Van der Sande (Lotto Soudal), Ramunas Navardauskas (Bahrain-Merida), Jan Bakelants (AG2R) e Grega Bole (Bahrain-Merida), por exemplo. Todos corredores que hoje estão no World Tour. De recordar que Ruben Guerreiro detinha o melhor resultado de um português nesta prova, quando foi terceiro em 2016, precisamente ao serviço da equipa de Almeida. Agora está na Trek-Segafredo.

Se no início João Almeida estava concentrado em cumprir com a função de ajudar os dois líderes definidos, Ivo Oliveira e Will Barta, com o passar dos quilómetros foi-se sentido cada vez melhor e ao integrar a fuga com vários ciclistas, incluindo o colega Jonathan Brown, o português começou a acreditar que era possível alcançar um bom resultado. "Lá está, eu pensava num top 10 ou 15", admitiu ao Volta ao Ciclismo. Contudo, assumiu um último risco: "No final estava a sentir-me bem e aproveitei uma boa zona para atacar e correu bem. No final era só acreditar e sabia que conseguia."

"É uma corrida bastante difícil, com subidas muito inclinadas. [...] É o meu tipo de corrida"

Apesar da perseguição que lhe foi feita, o ciclista português terminou com 15 segundos de vantagem sobre o italiano Andrea Bagioli, que foi o mais forte no sprint pelo segundo lugar. O francês Alexys Brunel fechou o pódio. "É uma corrida bastante difícil, com subidas muito inclinadas, mas também tudo depende da nossa forma e das sensações. Foi uma corrida muito dura", salientou, acrescentado de imediato: "É o meu tipo de corrida."

Estar na Hagens Berman Axeon - considerada por muitos a melhor equipa de formação, liderada por Axel Merckx e que este ano subiu ao nível Profissional Continental - é por si só um factor de motivação para João Almeida, mas uma vitória numa corrida como a Liège-Bastogne-Liège "acaba por dar mais confiança". "E talvez tenha ganho mais respeito e é mais fácil acreditar [em ser possível alcançar mais vitórias]", disse.

Apesar do feito, João Almeida mantém-se igual a si próprio, concentrado em trabalhar na sua evolução. Concentrado no presente. "O que tenho basicamente de fazer é continuar a ajudar os meus colegas e a equipa. Depois é tentar andar sempre bem e depende do momento de cada um", afirmou. Segue-se o Tour de Bretagne (de 25 de Abril a 1 de Maio): "Vou com expectativa de fazer bons resultados."

Agora é tempo de celebrar, ou pelo menos foi neste domingo, para depois retomar uma temporada que está a ser muito positiva, não se podendo esquecer que o trio português da Hagens Berman Axeon - Almeida e os gémeos Oliveira - aguarda por conhecer quem serão os eleitos para a Volta a Califórnia, uma corrida World Tour, que se realiza daqui a um mês.

(Pode ver no Facebook da equipa americana as fotografias da festa de João Almeida, que naturalmente contou com um muito feliz Ivo Oliveira.)



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