(Fotografia: © Quick-Step Floors) |
Salvo alguma mudança de última hora, Jakobsen ainda terá de esperar para estar no Inferno do Norte. Essa é uma corrida que a Quick-Step Floors aposta com as principais armas. Porém, a continuar a evolução que está a demonstrar, o jovem holandês estará brevemente a espreitar um maior protagonismo, numa equipa onde o difícil está a ser alguém não o ter. Até parece que já foi há muito tempo que um estreante Jakobsen confessava o nervosismo e ao mesmo tempo a adrenalina que sentia por preparar os sprints para Elia Viviani na Volta ao Dubai. Depois foi a Omã, mas quando arrancou a temporada nas clássicas belgas, Jakobsen não esperou para começar rapidamente a sua afirmação.
Após o 13º lugar no Le Samyn - ganho pelo compatriota e companheiro Niki Terpstra - e o quarto na Dwars door West-Vlaanderen - também ganho por um colega, o francês Rémi Cavagna -, Jakobsen venceu na Danilith Nokere Koerse. E de repente o seu nome saltava para a ribalta, mais um da Quick-Step Floors, ao que se junta o do colombiano Álvaro Hodeg. Ambos já se colocam numa posição para serem duas das revelações do ano. Mas hoje é dia de se falar do holandês, que voltou a vencer, agora na Scheldeprijs, também conhecida como a corrida de Marcel Kittel. O alemão havia vencido cinco vezes nos últimos seis anos, mas desta vez furou perto do fim e não teve força para reentrar no grupo da frente.
O jovem holandês considera que é a maior vitória da sua curta carreira, pois na Scheldeprijs esteve um pelotão bem mais competitivo do que na corrida em que se estreou a ganhar na Quick-Step Floors. Certo que muitas das principais figuras foram expulsas da corrida por terem atravessado uma passagem de nível quando a cancela já estava a fechar, mas só conta quem lá estava e Jakobsen foi o mais forte. "Não teria conseguido sem o incrível apoio dos meus colegas de equipa", salientou e com razão, pois foi mais uma demonstração de como todos trabalham para todos na Quick-Step Floors. Numa situação normal, poder-se-ia dizer que Zdenek Stybar seria o líder, mas o checo puxou e puxou para deixar Jakobsen na melhor posição para sprintar. É por isso que a formação belga tem 24 vitórias em 2018!
Nascido em Gorinchem, Jakobsen começou no ciclismo aos dez anos, mas só aos 14 é que percebeu que era mesmo o que queria fazer. Logo como júnior demonstrou um potencial que não passou despercebido no seu país e também na Bélgica. Em 2015 assinou pela SEG Racing Academy, projecto Continental holandês, e a Quick-Step começou a segui-lo com muita atenção. No ano passado, entre corridas de elite e de sub-23, Jakobsen somou nove vitórias, com destaque para uma etapa do Tour de l'Avenir, na clássica Rund um den Finanzplatz Eschborn-Frankfurt (ambas de sub-23), uma tirada na Volta à Normandia e ainda foi campeão nacional do seu escalão.
Quando garantiu a sua contratação, ainda a temporada de 2017 não tinha terminado, Patrick Lefevere destacou de imediato o talento e potencial de Jakobsen, acreditando que se está perante um ciclista que tem tudo se consagrar no topo da modalidade.
Para já está a mostrar os seus dotes de sprinter. Porém, numa entrevista no final do ano passado ao PEZ Cycling News, Jakobsen salientou como ainda não se consegue definir como ciclista. "Ainda estou a descobrir como sou como corredor. Sei que sprinto rápido e, por isso, tenho de me concentrar nisso. No entanto, ainda estou a evoluir como ciclista. Se consigo ganhar ao sprint, então é o meu objectivo, mas há uma grande diferença entre corridas de sub-23 e profissionais", referiu. Acrescentou que gosta de chegadas que até tenham uma ligeira subida, para assim poder colocar toda a sua potência no sprint.
Entretanto, já soma duas vitórias como profissional e ambas precisamente ao sprint. Contudo, como foi aqui escrito no início, se puder escolher uma corrida para ganhar é o Paris-Roubaix, mas uma presença na Volta a França é igualmente um objectivo. A Quick-Step Floors está a realizar o trabalho que normalmente faz com jovens como Jakobsen, pelo que teremos de esperar mais um pouco para ver se poderá eventualmente tornar-se, além de sprinter, num homem para as clássicas. Afinal tem apenas 21 anos e toda uma carreira pela frente.
Acabou de chegar ao World Tour e à super Quick-Step Floors, que vive a era pós-Boonen com um sucesso tremendo. Mas, nos meses em que está na equipa, Jakobsen assimilou na perfeição as ideias de Lefevere e tenta explicar o que actualmente mais se quer saber: qual o segredo para tantas vitórias. "Penso que é porque começamos a ganhar e todos começam a acreditar nisso [em ganhar]. Nós vamos sempre a todo o gás por um dos rapazes e é essa a força do grupo. Quando uma pessoa começa a ganhar, todos querermos começar a ganhar. É impressionante pertencer ao 'wolfpack'", realçou Jakobsen, depois de vencer a Scheldeprijs.
(Nota: 'Wolfpack' é a alcunha que a equipa deu a si própria e a tradução é alcateia.)
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