31 de janeiro de 2021

Primeiro grande duelo de 2021 ganho por Van der Poel

© UCI Cyclo-cross
No primeiro frente-a-frente numa das principais corridas que ambos tinham como objectivo para 2021 - Mundial de ciclocrosse -, Mathieu van der Poel levou a melhor sobre Wout van Aert. Os dois ciclistas têm estado dedicados a esta vertene que tanto adoram durante o Inverno, com o holandês a conquistar o seu quarto título, terceiro consecutivo, tendo agora mais um que o seu grande rival. E a prova deste domingo pode muito bem ter sido apenas o aperitivo do que aí vem. 

A Volta a Flandres, na época passada, como que marcou o inicio na estrada desta já popular rivalidade no ciclocrosse. Van der Poel bateu ao sprint o belga. Em Ostende, precisamente na região da Flandres, foi Van Aert quem chegou a parecer estar bem encaminhado para o seu quarto título mundial. Começou a ganhar vantagem e uma queda de Van der Poel fez com que Van Aert ganhasse maior conforto na frente. Porém, no ciclismo tudo pode mudar num instante e assim foi.

Um furo alterou o rumo da corrida. Van der Poel não só recuperou, como acabaria por deixar para trás Van Aert, que admitiu que psicologicamente acabou por ficar afectado com a situação. Na Flandres, voltou a ver-se numa amarga segunda posição, atrás do rival. Mas 2021 está só a começar.

Strade Bianche, Milano-Sanremo - monumento ganho por Van Aert em 2020 -, Volta a Flandres e um muito aguardado Paris-Roubaix, que no ano passado não se realizou devido à pandemia, estão no calendário de ambos. As clássicas apresentam-se antes de um encontro na Volta a França, onde Van der Poel fará a sua estreia em grandes voltas. Recorde-se que a Alpecin-Fenix foi a melhor equipa do ranking entre as ProTeam, pelo que tem acesso directo a todas as principais provas mundiais, sem ter de esperar por convites.

Van Aert demonstra ser alguém que sabe perder. Elogiou Van der Poel, considerando que acabou por ser um justo vencedor. Sobre a sua prova afirmou ao Sporza: "Em certa altura estava numa situação favorável, mas pedalar com um furo fez-me perder muito tempo. E não ficou logo furado, foi um furo lento. Mas perdi meio minuto ali. Eventualmente aproximei-me do Mathieu, mas depois explodi... Estava na situação que queria, mas o furo deu cabo das minhas hipóteses."

Van Aert considera que fez duas boas primeiras voltas (foram oito no total) e que estava forte. Depois furou. "Tudo tem de correr bem. Algo quebrou mentalmente em mim e estou particularmente desiludido com isso", realçou.

Van der Poel não escondeu que o furo foi uma ajuda para recuperar e reentrar na discussão do título mundial, que conquistou com 38 segundos de vantagem, com o belga Toon Aerts a fechar o pódio, a 1:24 minutos do vencedor, pelo terceiro ano consecutivo.

"O percurso mudou e eu fiquei um pouco mais rápido na secção da praia e senti-me um pouco melhor. Senti que as estava com melhores pernas e melhorei a cada volta a correr sobre a areia. Por isso, o sentimento positivo estava a crescer de volta para volta e isso fez a diferença hoje", explicou.

Van der Poel selou a exibição perfeita da selecção holandesa em Ostende, que conquistou todos os títulos em disputa (devido à pandemia não se realizaram as provas de juniores). Lucinda Brand venceu em elite feminina - com o pódio a ser 100% dos Países Baixos (Annemarie Worst e Denise Betsema) - e em sub-23 Fem van Empel foi a campeã, à frente da compatriota Aniek van Alphen. O terceiro ficou para a húngara Blanka vas Kata.

Nos sub-23 masculinos, foi mais um atleta vestido de laranja a ganhar: Pim Ronhaar. Em segundo ficou outro holandês, Ryan Kamp, e o belga Timo Kielich fechou o pódio.

»»Jumbo-Visma segura Wout van Aert««

Trek-Segafredo aumenta salário mínimo da equipa feminina para igualar o da masculina

© Trek-Segafredo
Passo a passo o ciclismo feminino vai ganhando expressão e respeito. A mudança de perspectiva na UCI permitiu que o desporto crescesse nos últimos anos e com cada vez mais equipas World Tour a terem uma formação feminina além da masculina, a competitividade e oportunidade para cada vez mais atletas chegarem ao profissionalismo aumenta. Porém, a questão financeira continua a ser muito discutida. Não só quanto aos prémios nas corridas, mas a começar pelos salários. A Trek-Segafredo deu o mote: é a primeira estrutura a equiparar os ordenados base mínimos das mulheres aos dos homens.

A equipa americana assume a tabela de referência da vertente masculina. Isto é, o salário base mínimo para os ciclistas que têm contrato é de 40,045 euros por ano, segundo a UCI. As mulheres têm como mínimo 20 mil euros em 2021. O plano do organismo que tutela o ciclismo mundial é que até 2023 as senhoras tenham um salário mínimo igual ao que é pago nas ProTeams masculinas (segundo escalão), actualmente de 32,102 euros.

Estes valores são para quem está nos quadros, por assim dizer, pois para os "trabalhadores por conta-própria", os valores são diferentes: no World Tour o mínimo é de 65,673 euros, as senhoras têm esse valor base nos 32,800, enquanto no segundo escalão paga-se 44,032 euros ao ano.

A UCI planeia ir subindo os valores pagos às mulheres. Segundo o Cyclingnews, em 2022 os valores mínimos serão de 27 mil euros para quem tem contrato e de 45,100 para a trabalhadora por conta própria.

Eric Bjorling, director de marketing da Trek, confirmou ao referido site a decisão de igualar os salários mínimos das mulheres aos dos homens, salientando que não inclui os neo-pros. Isto é, os/as ciclistas que se estreiam como profissionais têm valores bases próprios, também definidos pela UCI.

"Tem existido algumas conversas que o ciclismo profissional terá de aumentar o [salário] mínimo das mulheres no World Tour para o mesmo dos homens e é algo que apoiamos fortemente", afirmou Eric Bjorling. E acrescentou: "Dito isso, não precisamos de esperar por um mandato, decidimos tomar a nossa decisão no Outono de 2020, com efeito a 1 de Janeiro de 2021." 

Além da Trek-Segafredo, Movistar, DSM, BikeExchange e FDJ têm equipas World Tour masculinas e femininas. No escalão abaixo no ciclismo feminino está a Lotto Soudal, com a Jumbo-Visma a estrear-se em 2021.

A equipa americana conta no seu plantel com a holandesa Lucinda Brand, que este sábado se sagrou campeão do mundo de ciclocrosse. As duas grandes referências da Trek-Segafredo continuam a ser a britânica Lizzie Deignan e a italiana Elisa Longo Borghini, numa formação com 14 ciclistas.

»»Jumbo-Visma segura Wout van Aert««

»»Marc Hirschi deixou DSM para se juntar a uma equipa cada vez mais forte««

29 de janeiro de 2021

Adiamentos e cancelamentos de corridas sucedem-se... Mas domingo há ciclismo

Volta à Comunidade Valenciana foi a corrida mais recente
a ser adiada (© VCV)
Não está fácil começar a temporada. Com as equipas a privilegiarem as provas na Europa para arrancar 2021, evitando quarentenas como aconteceria se tivessem ido à Austrália, ainda assim estão a ser forçadas a mudar planos com o consecutivo adiamento ou mesmo cancelamento de corridas devido à pandemia. A Volta à Comunidade Valenciana é a mais recente "vítima" de uma lista que tem vindo a aumentar sucessivamente. A boa notícia é que a organização do Grand Prix Cycliste la Marseillaise confirmou que domingo há mesmo corrida.

Entre a Volta à Comunidade Valenciana, marcada inicialmente para 3 a 7 de Fevereiro, Clássica de Almería, Ruta del Sol e Volta ao Algarve, muitas das principais figuras do pelotão mundial tinham agendado iniciar a nova época nestas provas. Para já, resiste a corrida de um dia em Almería (dia 14 de Fevereiro), mas sem certeza se irá mesmo realizar-se. Em Espanha, a Volta a Múrcia foi cancelada. As restantes referidas, mais o Challenge de Maiorca, estão a tentar agendar uma nova data, como acontece com a Algarvia (5 a 9 de Maio).

A corrida além Europa que estava a seduzir equipas World Tour em Janeiro, também acabou sem efeito - San Juan, na Argentina -, mas com as restrições no Velho Continente a continuarem muito apertadas, é uma viagem mais longe que poderá entrar nos planos de muita gente. A Volta aos Emirados Árabes Unidos (de 21 a 27 de Fevereiro) irá receber Chris Froome, que estaria de malas feitas para o Algarve, para se estrear pela Israel Start-Up Nation, por exemplo.

Volta a Omã e à Colômbia são mais duas que têm sido eleitas por alguns corredores para dar início às épocas. Porém, foram canceladas em 2021.

Alguns ciclistas australianos estão entre os sortudos que já puderam competir. É que apesar do cancelamento do Tour Down Under e das outras corridas de início de ano na Austrália, realizou-se um festival de ciclismo, como foi apelidado, que sempre deu para mostrar algum do trabalho que foi feito durante a pré-temporada.

Esta não é uma situação inesperada, perante a situação pandémica. As equipas continuam a realizar os seus estágios enquanto aguardam pela luz verde para começar a competir, sendo uma situação que afecta tanto as provas masculinas, como as femininas. E já se vai temendo por algumas clássicas em Março e mesmo mais adiante.

A boa notícia chegou de França. A 42ª edição do Grand Prix Cycliste la Marseillaise está marcada para o próximo domingo e a perspectiva é que finalmente alguns ciclistas possam começar a competir. Entre eles está o português Rui Oliveira, com a sua UAE Team Emirates, equipa, que terá o reforço Matteo Trentin como líder.

Philipe Gilbert, Tim Wellens, John Degenkolb (Lotto Soudal), Jesus Herrada e Christophe Laporte (Cofidis), Tony Gallopin e Lilian Calmejane (AG2R), Edvald Boasson Hagen e Pierre Latour (Total Direct Energie) e Bryan Coquard (B&B Hotels p/b KTM) são cabeças-de-cartaz da corrida francesa, sem surpresa com muitos ciclistas da casa. A prova com início e fim em Marselha, terá 171 quilómetros (lista completa de inscritos, via ProCyclingStats).

Corridas adiadas:

➤Volta ao Ruanda (nova data de 2 a 9 de Maio)

Volta ao Algarve (5 a 9 de Maio)

Challenge de Maiorca (13 a 24 de Maio)

Volta a Andaluzia - Ruta del Sol (24 a 28 de Maio)

Volta à Comunidade Valenciana (nova data por anunciar)

Corridas canceladas:

➤Tour Down Under, Austrália - corrida feminina (marcada para 14 a 17 de Janeiro)

➤Tropicale Amissa Bongo, Gabão (18 a 24 de Janeiro)

➤Tour Down Under, Austrália (19 a 24 de Janeiro)

➤Volta a San Juan, Argentina (24 a 31 de Janeiro)

➤Race Torquay, Austrália - corrida feminina e masculina (28 de Janeiro)

➤Cadel Evans Great Ocean Road Race, Austrália - corrida feminina (30 de Janeiro) e masculina (31 de Janeiro)

Tour de Langkawi, Malásia (30 de Janeiro a 6 de Fevereiro)

➤Saudi Tour, Arábia Saudita (2 a 6 de Fevereiro)

➤Herald Sun Tour, Austrália (3 a 7 de Fevereiro)

➤Volta ao Dubai - feminina (5 a 8 de Fevereiro)

➤Volta à Colômbia (9 a 14 de Fevereiro)

➤Volta a Omã (9 a 15 de Fevereiro)

➤Volta a Antalya, Turquia (11 a 14 de Fevereiro)

➤Volta à Múrcia, Espanha (12 e 13 de Fevereiro)

➤Ronde van Drenthe, Países Baixos (13 de Março)

➤Circuit Cycliste Sarthe, França (6 a 9 de Abril)

➤Tour de Yorkshire, Reino Unido - corrida masculina (29 de Abril a 3 de Maio) e feminina (30 de Abril a 1 de Maio)

➤Ronde van Zeeland, Países Baixos (6 de Maio)

➤Volta à Normandia, França (22 a 28 de Maio)

➤Clássica do Colorado, EUA (26 de Agosto)

»»Volta ao Algarve adiada mas já com nova data prevista««

Domingos Gonçalves suspenso perde etapa ganha na Volta a Portugal

Suspenso provisoriamente desde Dezembro de 2019, Domingos Gonçalves sabe agora que só pode regressar à competição nesse mesmo mês em 2023. A UCI confirmou uma sanção de quatro anos ao ciclista português por uso de métodos e/ou substâncias proibidas.

Segundo as datas publicadas pela UCI, a desqualificação do atleta começa a 11 de Julho de 2018, ou seja, a partir desse dia todos os resultados estão anulados. 2018 foi precisamente o melhor ano da carreira do corredor de Barcelos, com seis vitórias, ao serviço da Rádio Popular-Boavista, mais a medalha de prata no contra-relógio nos Jogos do Mediterrâneo, com a camisola da selecção nacional. Essa medalha irá mantê-la, assim como os títulos nacionais de fundo e contra-relógio.

No entanto, a etapa ganha em Boticas na Volta a Portugal fica sem efeito, assim como o nono lugar na classificação geral. A prestação do gémeo nessa temporada, abriu-lhe as portas de uma segunda oportunidade na Caja Rural, equipa que representou em 2019.

Ainda assim, a anulação de resultados acaba por não remontar a 2016, como chegou a ser possível. Aquando da comunicação da suspensão provisória a UCI explicou: "[...] O ciclista português Domingos Gonçalves foi notificado da violação de uma regra anti-doping de uso de uma substância proibida baseada em anomalias detectadas no seu passaporte biológico entre 2016 e 2018."

Ou seja, 2016 e 2017 foram anos analisados, mas as datas agora reveladas apenas se referem aos resultados a partir de Julho de 2018.

Domingos Gonçalves faz 32 anos em Fevereiro e é profissional desde 2002. Além da equipa de José Santos, representou em Portugal a Efapel (2015) e esteve no estrangeiro três temporadas: La Pomme Marseille 13 (2014) e Caja Rural (2016 e 2019). Nas duas primeiras saídas teve como companheiro de equipa o irmão José Gonçalves.

Um possível regresso ao ciclismo só a partir de 12 de Dezembro de 2023, sendo Domingos o segundo português suspenso actualmente. André Cardoso está quase a poder voltar ao activo, com a sanção, também de quatro anos, a terminar a 26 de Junho.

Já Edgar Pinto está suspenso provisoriamente, tal como o espanhol Raúl Alarcón, vencedor de duas Voltas a Portugal pela W52-FC Porto.

»»Edgar Pinto suspenso provisoriamente quer provar inocência««

»»Nocentini e Errazkin suspensos por quatro anos««

28 de janeiro de 2021

Ano de continuidade mas com um regresso há muito esperado

© Federação Portuguesa de Ciclismo
Ano de continuidade, na Rádio Popular-Boavista, mas com o regresso "a casa", há muito esperado, de um dos ciclistas portugueses mais acarinhado pelos adeptos. Aliás, este regresso surpreende por só ter acontecido em 2021. Tiago Machado é um dos dois reforços da Rádio Popular-Boavista, equipa onde deu as primeiras pedaladas como profissional e que representou durante cinco temporadas.

Nunca escondeu, na sua longa carreira no estrangeiro, que a porta estava sempre aberta para voltar. Depois das passagens pelo Sporting-Tavira e Efapel, o filho pródigo regressou mesmo a casa. Daniel Freitas é a outra cara nova na equipa, na qual um jovem receberá maior atenção, depois da excelente prestação na Volta a Portugal: Hugo Nunes (na foto).

Com a saída de dois ciclistas influentes, Daniel Silva e David Rodrigues, a chegada de Tiago Machado e Daniel Freitas não só trazem também muita experiência, como são dois atletas que competem sempre com a vitória em mente. Freitas até foi uma das figuras da Volta a Portugal - entre aqueles que não lutavam pela geral -, ao serviço do Miranda-Mortágua. Forte no sprint, foi mostrar como também sabe subir, terminando num excelente 13º lugar. Terminou sempre no top 20 das etapas (em cinco fez top 10), com a excepção do contra-relógio final, no qual foi 31º.

Na Rádio Popular-Boavista poderá, aos 29 anos, será uma das principais apostas na procura por vitórias, sabendo-se que Tiago Machado será sempre um ciclista com um papel mais livre. Gosta de fazer a sua corrida, tentar a sua sorte e não ficar tão preso ao trabalho colectivo. A liderança no Sporting-Tavira não correu como desejava e na Efapel é difícil avaliar uma temporada que praticamente não existiu. Na Volta a Portugal pouco se viu.

Aos 35 anos não dá mostras de estar a pensar em parar e na Rádio Popular-Boavista terá a responsabilidade de não só procurar resultados, como, sendo um ciclista com tanta experiência (nove anos no estrangeiro, oito no World Tour), também será uma voz de liderança para os mais jovens.

Fotografia: Facebook Rádio Popular-Boavista
Pedro Silva, Vinício Rodrigues e Afonso Silva têm entre 19 e 20 anos, Gonçalo Carvalho 23 e mesmo Hugo Nunes tem apenas 24 anos. São ciclistas ainda em progressão e têm a oportunidade de continuar a fazer em 2021, o que em 2020 pouco foi possível. No entanto, este último, Hugo Nunes, comprovou com um grande resultado as qualidades que já lhe eram reconhecidas há muito.

Bom trepador, assumiu a responsabilidade de tentar conquistar a classificação da montanha da Volta a Portugal e conseguiu. Ajudado pela equipa, este discreto ciclista, mas muito certo naquilo que faz na estrada, mostrou um pouco do que pode fazer mais e melhor no futuro, sendo que para este ano haverá maior atenção às suas prestações.

João Benta e Luís Fernandes são mais dois ciclistas experientes que olham sempre para o topo das classificações, assim como Alberto Gallego. O espanhol regressou em 2020 após uma suspensão por doping logo com uma vitória na Prova de Abertura Região de Aveiro. Esperava que fosse o início de um ano em grande, mas, já sabe, não houve plano que resistisse na temporada passada.

A Rádio Popular-Boavista continua a ser uma equipa que tem várias cartas para jogar para perseguir vitórias, para todo o tipo de terreno, para todo o tipo de corrida. Tem sido uma receita com sucesso.

Equipa para 2021:

Permanências: Alberto Gallego, Hugo Nunes, João Benta, Pedro Silva, Luís Fernandes, Gonçalo Carvalho, Vinício Rodrigues e Afonso Silva.

Reforços: Daniel Freitas (Miranda-Mortágua), Tiago Machado (Efapel).

»»Nova era no Louletano-Loulé Concelho««

»»Kelly-Simoldes-UDO com fasquia mais alta««

22 de janeiro de 2021

Nova era no Louletano-Loulé Concelho

© Federação Portuguesa de Ciclismo
Foram sete temporadas de Vicente García de Mateos no Louletano, anos marcados por uma evolução de um sprinter para um ciclista que terminou duas vezes no pódio da Volta a Portugal. O espanhol segue agora outro rumo - na Antarte-Feirense -, o que abre uma nova era na equipa algarvia. Para 2021 fica em aberto quem preencherá o lugar de De Mateos, sendo certo que João Matias terá o seu lugar de destaque, no que a sprints (e não só) diz respeito.

Para começar, novo nome, mas sempre com o clube da terra a manter a equipa: Louletano-Loulé Concelho. O director desportivo Jorge Piedade manteve ciclistas que têm sido importantes e são uma espinha dorsal na estrutura, casos de David de la Fuente (tantas vezes um braço-direito de De Mateos), Nuno Meireles, André Evangelista e o incansável Jesus del Pino. João Matias certamente que espera que depois do "falso arranque" na equipa em 2020 devido à pandemia (poucas corridas para se mostrar), possa ser o ciclista influente que normalmente é.

Além de saber quem será o líder para a Volta a Portugal - se o objectivo for a geral -, é nos reforços que está parte da curiosidade do Louletano-Loulé Concelho de 2021. Há ciclistas que pouco se conhece sobre eles, além de três regressos: Micael Isidoro (2013 a 2016 e esteve na Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel em 2020), Rui Rodrigues (2015 a 2018, vai regressar a uma equipa profissional este ano) e Carlos Oyarzun (2013 e representou a angolana BAI-Sicasal-Petro de Luanda na época passada).

Destes três nomes é o de Oyarzun que chama mais a atenção por várias razões. É um ciclista que vai reforçar o grupo de veteranos do pelotão nacional: tem 39 anos. Além do Louletano, também passou pela Efapel depois de em 2011 ter feito parte do plantel da Movistar. Este chileno, que tinha o contra-relógio como ponto forte, esteve no World Tour apenas uma temporada, tendo participado na Volta a Itália.

Em 2015 estava na Keith Mobel-Partizan - equipa sérvia, mas com base em Espanha -, quando, antes dos Jogos Pan-Americanos testou positivo por uma substância proibida e foi suspenso por quatro anos. Oyarzun nunca desistiu da sua carreira, mesmo quando saiu da Movistar. Foi intercalando equipas amadoras com profissionais e mesmo depois da longa suspensão regressou e agora está de volta a Portugal.

Continuando com ciclistas sul-americanos, o Louletano-Loulé Concelho contratou o colombiano Nicolas Paredes, ex-Medellín. É um ciclista com alguns resultados, destacado-se o oitavo lugar na Volta a San Juan em 2020, ganha por Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep). Venceu a Volta ao Chile (2017) e Volta a Michoacan (2018) e tem aos 28 anos um teste importante se quiser triunfar na Europa, cuja a porta é assim aberta pela formação algarvia.

Da argentina chega Tomas Contte, de 22 anos. Tem escola de pista e deverá ser um reforço para os sprints. E das Filipinas chega Carlos Ochoa... mas que até vem de perto, já que em 2020 estava na rival do Algarve, Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel.

E para fechar o plantel, um jovem do BTT. Filipe Francisco, 22 anos, campeão nacional de sub-23 de XCO vai agora mostrar-se na estrada.

O Louletano-Loulé Concelho poderá ser a primeira portuguesa a entrar em acção esta temporada, pois surge na lista de equipas para a Clàssica Comunitat Valenciana 1969, agendada para este domingo.*

Equipa Louletano-Loulé Concelho para 2021:

Permanências: João Matias, David de la Fuente, Nuno Meireles, André Evangelista, Jesus del Pino

Reforços: Micael Isidoro (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), Rui Rodrigues, Filipe Francisco (BTT Loulé), Carlos Ochoa (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), Nicolas Paredes (Medellín), Tomas Contte (Equipo Continental Municipalidad de Pocito), Carlos Oyarzun (BAI-Sicasal-Petro de Luanda).

*No dia seguinte à publicação deste testo o Louletano-Loulé Concelho anunciou que não iria participar na corrida espanhola dadas as restrições em vigor devido à pandemia.

»»Kelly-Simoldes-UDO com fasquia mais alta««

»»Novo nome e reforços interessantes em Mortágua««

Efapel aposta no paraciclismo

Ciclismo profissional, de formação e agora paraciclismo. A Efapel abre mais uma secção da modalidade na estrutura gerida pelo Clube Desportivo Fullracing e já contratou dois ciclistas para 2021. Telmo Pinão, de 41 anos, é há muito uma referência, juntando-se também à equipa Bernardo Vieira, de 26.

"Face à responsabilidade social que a empresa EFAPEL S.A. sempre demonstrou, tendo em conta o nosso papel de entidade que pretende afirmar o Município de Águeda nas suas mais variadas vertentes de mobilidade e inclusão social através do desporto, faz para nós todo o sentido termos uma Secção de Ciclismo Adaptado", afirmou Carlos Pereira, director do Clube Desportivo Fullracing.

O clube mudou a sua sede para Águeda e terá o próprio município como parceiro. "Para a Câmara de Águeda, a aposta no desporto adaptado é estratégica, em qualquer modalidade, uma vez que promove a igualdade de oportunidades e o acesso de todos, sem excepção, à actividade desportiva, afirmando o nosso posicionamento como um concelho inclusivo", salientou Jorge Almeida, presidente da autarquia.

E acrescentou: "A distinção que recebemos, todos os anos, como Município Amigo do Desporto e a referente ao Programa de Desporto Adaptado Recomendado 2019 são provas do investimento que fazemos nesta área e, por isso mesmo, é com grande satisfação que nos aliamos ao Clube Desportivo Fullracing na criação do departamento de Paraciclismo e damos as boas-vindas aos primeiros atletas."

Os atletas

Natural de Montemor-o-Velho, Telmo Pinão (na foto em cima) representa a selecção nacional desde 2009. É amputado do membro inferior esquerdo e compete na categoria C2 (ciclistas que pedalam só com o auxílio de uma perna). Esteve nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, terminando na sexta posição na prova em linha e na 12ª no contra-relógio. É uma presença habitual em Taças do Mundo e Mundiais.

Bernardo Vieira é de Góis e aos três anos foi-lhe diagnosticada uma paralisia cerebral, que afetou o lado esquerdo do seu corpo. Escolheu a bicicleta para facilitar a mobilidade a acabou por se apaixonar primeiro pelo BTT, depois pela estrada. Sagrou-se quatro vezes campeão nacional e, na descrição feita pela equipa lê-se: "Vê o Paraciclismo como um desafio que o motiva a superar os seus limites e a lutar cada vez mais pelos seus objectivos."

21 de janeiro de 2021

Jumbo-Visma segura Wout Van Aert

© Jumbo-Visma
A entrar no seu último ano de contrato, Wout van Aert já tinha certamente uma lista de pretendentes e a Ineos Grenadiers estaria à cabeça. A Jumbo-Visma é que não quis arriscar nem um bocadinho e, ainda antes da época arrancar, já garantiu que o belga fica na equipa até 2024. Van Aert tornou-se rapidamente numa das grandes figuras do ciclismo mundial e não escondeu que o seu desejo era continuar na estrutura na qual considera ter dado "enormes passos em frente".

Em apenas dois anos com a Jumbo-Visma, Van Aert venceu três etapas no Tour, a Strade Bianche, já tem um monumento (Milano-Sanremo)... E além das vitórias, as suas grandes exibições estendem-se a ser um gregário de luxo para Primoz Roglic na Volta a França. Aos 26 anos, a sua passagem do ciclocrosse (que não abandona) para a estrada só não foi perfeita porque, em 2019, sofreu uma grave queda no Tour, que não só o obrigou a uma longa e difícil recuperação, como ainda levantou a questão se conseguiria regressar ao seu melhor. Conseguiu e muito melhor!

"Queria mesmo prolongar [o contrato] porque tornei-me muito melhor nesta equipa. Acho que todos viram que dei enormes passos em frente como ciclista em anos recentes. Estive sempre em forma quando precisava. Devo muito à equipa por poder trabalhar em prol dos meus objectivos", afirmou Van Aert, que vê o seu contrato ser renovado por três anos.

O ciclista admitiu que a decisão de assinar o novo vínculo foi tomada muito rapidamente, apesar de terem sido analisados alguns pormenores. No entanto, realçou que nunca duvidou que se chegaria a um acordo.

"Sinto-me muito bem aqui", assegurou, salientando que nunca conversou com outra formação, pois afinal está naquela que diz se ter tornado na melhor do mundo. "Era o melhor para mim ficar. Estou feliz que isto [contrato assinado] esteja feito", afirmou.

A Ineos Grenadiers era apontada como uma das interessadas em Van Aert, na perspectiva de construir um grupo que pudesse discutir as clássicas - principalmente as do pavé -, com o belga como líder, claro.

Richard Plugge, director da Jumbo-Visma, não escondeu como era importante manter Wout van Aert no plantel. "O Wout é um dos grandes nomes, uma das grandes estrelas do ciclismo", disse o responsável, que frisou como a equipa ajudou o belga a desenvolver-se como atleta. Referiu ainda que acertar pormenores demorou o seu tempo, mas: "Estou muito feliz por termos conseguido ficar com ele."

Van Aert terá como primeiro objectivo desta temporada as clássicas, seguindo-se a Volta a França, como aliás é habitual. A Volta a Flandres e o Paris-Roubaix estarão entre as principais provas que quererá ganhar. A primeira perdeu ao sprint para o rival Mathieu van der Poel em 2020, sendo que o monumento de Roubaix não se realizou devido à pandemia.

Para já, está actualmente em estágio com a equipa, mas ainda irá regressar ao ciclocrosse, até porque no final do mês haverá Mundiais da vertente.

»»Marc Hirschi deixou DSM para se juntar a uma equipa cada vez mais forte««

»»Líderes começam a decidir em que grande volta vão apostar««

Volta ao Algarve adiada mas já com nova data prevista

© João Fonseca Photographer
Não era o que se queria, mas dada a situação pandémica que se vive em Portugal era praticamente inevitável o adiamento da Volta ao Algarve. Marcada para 17 a 21 de Fevereiro, apesar da Federação Portuguesa de Ciclismo(FPC) ainda ter aguardado, na esperança que fosse possível manter a data, entretanto teve mesmo de elaborar um plano B. O objectivo é que a corrida vá para a estrada entre 5 e 9 de Maio.

"Iniciaram-se imediatamente diligências no sentido de realizar a 47ª Volta ao Algarve na próxima Primavera. A nova data prevista é o período de 5 a 9 de maio, embora a recalendarização dependa da consensualização com as equipas e com os parceiros envolvidos no evento, tendo também de ser aceite pela União Ciclista Internacional, dado tratar-se de uma prova do calendário UCI", explica a FPC.

Lamentando o adiamento, diz ainda: "A organização da Volta ao Algarve está consciente de que estavam criadas legítimas expectativas de realização de um excelente espectáculo desportivo, no entanto o contexto geral do país impõe um adiamento que sinalize o compromisso da Federação Portuguesa de Ciclismo com a defesa da saúde pública e a motivação de oferecer aos adeptos uma corrida de grande qualidade, noutro momento do ano."

A mudança de data poderá alterar o plano de algumas equipas World Tour previstas para competir na Algarvia. Estavam confirmadas 14 das 19 formações do máximo escalão, sendo que duas até tinha ficado de fora da selecção final. E Chris Froome pretendia estrear-se pela Israel Start-Up Nation em Portugal. Quem virá em Maio?

Essa será agora a grande questão. Se a data for oficializada, significa que vai "chocar" com o início do Giro (de 8 a 30 de Maio). Nada que possa ser visto como grave. A Volta à Califórnia realizava-se precisamente durante a primeira semana da prova italiana e, mesmo noutro continente, atraía equipas World Tour. Portugal estando mais perto...

Nessa data há ainda os 4 Dias de Dunquerque, em França (4 a 9 de Maio) e a Volta a Comunidade de Madrid (6 a 9), esta última uma corrida que algumas equipas portuguesas costumam participar.

Ou seja, a nova data da Algarvia aponta para o período pós-clássicas e pré-Volta a França, que começa a 26 de Junho, sendo que nesse mês a Volta a Suíça e o Critérium du Dauphiné são os destinos preferidos de quem está a preparar a grande volta francesa.

A nova data em Maio para a Volta ao Algarve poderá fazer mudar de ideias algumas das formações que vinham a Portugal em Fevereiro, mas talvez ainda seja possível ter cá algumas das melhores equipas do mundo e também algumas das suas principais figuras.

Agora é esperar por mais novidades para a corrida que no nosso pais tem a categoria mais alta da UCI: pertence ao circuito ProSeries, o escalão abaixo do World Tour.

Para as equipas portuguesas, significa que o calendário nacional arranca mais tarde. A Prova de Abertura foi em 2021 marcada apenas para 7 de Março - normalmente realizava-se antes da Volta ao Algarve - e assim poderá mesmo continuar a ser a primeira prova do ano em Portugal. Para já, predomina a incerteza perante a situação pandémica no país.

»»Recorde de equipas World Tour na Volta ao Algarve. E duas ficaram de fora!««

»»O regresso do bom velho Froome poderá ser no Algarve««

Eurosport com 290 dias de ciclismo

© João Fonseca Photographer
290 dias de ciclismo em 2021! Em 365 não é nada mau para os adeptos da modalidade. O Eurosport há muito que se tornou na casa do ciclismo no que a transmissões televisivas diz respeito e anunciou que "continua a cimentar a sua posição estratégica de destino de referência para milhões de fãs". E não é só à vertente de estrada que o canal se dedica. Pista, ciclocrosse, btt, bmx e ciclismo urbano estão entre as apostas.

"O novo acordo com a UCI e a EBU é a prova do nosso compromisso em servir a maior comunidade mundial de fãs de ciclismo, seja através do Eurosport ou da GCN e fortalece os laços da Discovery com a UCI", explica Andrew Georgiou. O presidente do Eurosport e Global Sports Sports Rights & Sports Marketing Solutions acrescenta: "2021 será um ano inesquecível para os fãs do ciclismo e estamos muito satisfeitos por poder seguir o percurso dos melhores ciclistas do mundo ao longo do ano em várias disciplinas enquanto se preparam para competir nos Jogos Olímpicos."

Vai ser assim possível continuar a assistir a todas as grandes competições internacionais, incluindo os Mundiais de estrada. É difícil esquecer que no ano em que Rui Costa foi campeão, não houve transmissão em nenhum canal em Portugal, tirando o da UCI, via YouTube. E espera-se que também a Volta ao Algarve continue a ter esse privilégio. O Eurosport tinha programado a transmissão para a data inicial de 17 a 21 de Fevereiro, mas a corrida foi esta quinta-feira adiada para 5 a 9 de Maio (pode ler mais aqui).

»»Marc Madiot não quer Jorge Mendes no ciclismo««

»»Pogacar ajuda e dá nome à equipa onde começou a crescer como ciclista««

18 de janeiro de 2021

Kelly-Simoldes-UDO com fasquia mais alta

© Federação Portuguesa de Ciclismo
2020 não foi mau para todos. E que o diga Manuel Correia, director desportivo da Kelly-Simoldes-UDO. É certo que a falta de corridas não fez bem a nenhuma equipa portuguesa, mas, perante o escasso calendário que se realizou, a formação de Oliveira de Azeméis acabou a época com cinco vitórias, incluindo a sempre muito desejada etapa na Volta a Portugal. Apesar da saída de jovens importantes, a equipa parte para 2021 com a fasquia mais alta do que em anos recentes, depois do que alcançou na temporada passada.

No final de 2018 a formação sofreu para continuar na estrada com a saída dos seus dois patrocinadores principais. Em 2020, o trabalho de Manuel Correia e Luís Pinheiro em não deixar cair uma estrutura que tantos valores nacionais tem ajudado a formar, recebeu uma compensação em forma de vitórias.

Os responsáveis não só viram os seus jovens alcançar títulos nacionais - Guilherme Mota campeão de contra-relógio, Fábio Costa de fundo e André Domingues de rampa, todos no escalão de sub-23 -, como a aposta no regresso de Luís Gomes à equipa terminou com a conquista da Clássica da Primavera e da primeira etapa da Volta, em Viana do Castelo (garantiu ainda a camisola vermelha dos pontos).

Ou seja, no pouco de competição que houve, a Kelly-Simoldes-UDO aproveitou para mostrar os seus ciclistas... e os seus patrocinadores. Mas, quando se aposta muito em jovens - é uma estrutura que apesar de ter passado à elite em 2018, mantém na sua base a formação de atletas sub-23 -, também tem de se estar preparado para os ver seguir outros caminhos. É o caso de Fábio Costa e André Domingues, que se mudaram para a Efapel, e de Rafael Lourenço, agora corredor da Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel. Venceslau Fernandes, vencedor da Volta a Portugal do Futuro em 2018, assinou pela Antarte-Feirense.

Mota, Hélder Gonçalves, Pedro Miguel Lopes e José Sousa vão continuar o seu processo de evolução na equipa, com Ricardo Machado a ser um dos novos rostos. O júnior da SEISSA ACR Roriz sobe este ano a sub-23 e terá o objectivo de se adaptar a uma nova realidade.

O mesmo não acontecerá com João Salgado. Já com duas temporadas na Rádio Popular-Boavista, ainda que com poucas corridas, aos 21 anos tem uma nova oportunidade para se mostrar ao mais alto nível. Em 2020 deu um passo atrás na esperança de competir mais na equipa de clube JV Perfis-Gondomar Cultural. A pandemia trocou-lhe as voltas, mas o seu trabalho não passou despercebido e regressa a uma equipa Continental.

O reforço mais sonante é César Fonte. Seguindo o exemplo de 2020 em dar mais equilíbrio à equipa com ciclistas experientes ao lado dos mais jovens, chega à Kelly-Simoldes-UDO um corredor com passagens pela Efapel, W52-FC Porto, Rádio Popular-Boavista e LA Alumínios-Metalusa. Aos 34 anos terá novamente possibilidade de ser mais do que um gregário, podendo formar um trio interessante com Luís Gomes e Henrique Casimiro, na procura por triunfos.

Estes dois ciclistas serão pela segunda temporada a principal aposta. Gomes é um ciclista sempre preparado para estar na frente e em 2020 viu-se bem o que este atleta motivado é capaz de fazer. O seu festejo no alto de Santa Luzia (foto em cima) tornou-se numa das imagens da Volta. Casimiro é um homem que poderá olhar mais para as classificações gerais, esperando, certamente, que 2021 possa trazer um maior número de corridas para o seu estilo competitivo.

Equipa Kelly-Simoldes-UDO para esta época:

Permanências: Luís Gomes, Henrique Casimiro, Guilherme Mota, Hélder Gonçalves, Pedro Miguel Lopes, José Sousa.

Reforços: Ricardo Machado (SEISSA ACR Roriz), João Salgado (JV Perfis-Gondomar Cultural), César Fonte (Efapel).

»»Novo nome e reforços interessantes em Mortágua««

»»Feirense tenta renascer com o regresso de um patrocinador e uma surpresa na liderança««

Morreu Américo Raposo, um dos melhores sprinters portugueses

O ciclismo nacional perdeu uma referência da história da modalidade. Américo Raposo, sprinter de excelência, morreu este domingo, aos 88 anos. Entre a década de 40 e 50 construiu uma grande carreira, com muitas vitórias ao serviço do Sporting.

Foram 280 triunfos, entre eles etapas na Volta a Portugal, vários títulos nacionais e a histórica clássica Porto-Lisboa, em 1954. Na estrada, pista e ciclocrosse, foi um dos melhores sprinters da sua geração. Após o final de carreira como ciclista, Américo Raposo continuou ligado durante algum tempo ao Sporting, liderando a equipa da sua modalidade.

Em 1947, com apenas 15 anos, começou a mostrar a sua veia vencedora e no ano seguinte já representava o Sporting. Em 1952 participou na sua primeira Volta a Portugal e vestiu a camisola amarela, terminando a prova no décimo lugar, com duas vitórias de etapa.

Natural de Tondela e filho de ciclista, Joaquim Raposo, tinha também três irmãos que seguiram o exemplo do pai.

Já como técnico do Sporting, foi quem descobriu João Roque. O clube leonino recordou o sucesso do seu corredor e técnico na nota de pesar, publicada no site.

"O Sporting Clube de Portugal manifesta o seu pesar pela morte de Américo Figueiredo Raposo, que faleceu no passado domingo, dia 17 de Janeiro, aos 88 anos.

Américo Raposo foi um notável ciclista na década de 50 do século passado e um antigo campeão do Sporting CP.

Aos familiares e amigos, o Sporting CP endereça as mais sentidas condolências, não deixando de enaltecer e agradecer os anos de dedicação e devoção ao Clube."

Fotografia de 1950, in Stadium, (8 de Novembro, número 414).

15 de janeiro de 2021

Líderes começam a decidir em que grande volta vão apostar

© Wout Beel/Deceuninck-QuickStep
Com muitas das equipas nos habituais estágios de início de ano, ainda que sem saber muito bem quando e onde vão arrancar a temporada - contingências da pandemia -, vão definindo-se objectivos, nomeadamente ao que grandes voltas diz respeito.

Em 2020, Portugal teve a confirmação que tem um voltista e João Almeida (na foto) já tem a sua grande volta escolhida. A principal novidade poderá ser Egan Bernal não apostar tudo no Tour, tal como Mikel Landa.

Começando pelo ciclista português. Depois da espectacular exibição na Volta a Itália, naquela que foi a sua estreia em provas de três semanas, João Almeida aponta à corrida que chegou a ser hipótese no ano passado: a Volta a Espanha. Os planos acabaram alterados, muito devido à queda grave de Remco Evenepoel, na Lombardia, que o tirou do Giro. O resto é história e Almeida conquistou estatuto dentro da Deceuninck-QuickStep. Irá à Vuelta como líder.

Já Evenepoel recupera o plano que tinha para a temporada transacta e está marcado para o Giro, ainda que a sua recuperação continue. O próprio belga afirmou que continua a sentir algumas dores, pelo que o regresso à competição é uma incógnita.

Apesar de ser uma equipa que sempre apostou mais nas clássicas, a Deceuninck-QuickStep tem ganho outro destaque nas três semanas, além de lutar por etapas. Para completar, Julian Alaphilippe tem os olhos postos no Tour, faltando saber com que objectivo: vestir a amarela e tentar lutar por ela, etapas, montanha... um pouco de tudo, talvez...

Mas vamos então por provas. A Volta a Itália (de 8 a 30 de Maio) contará com o vencedor de 2020, Tao Geoghegan Hart, mas o seu companheiro da Ineos Grenadiers, Egan Bernal, afirmou que também gostaria de ir ao Giro, podendo mesmo fazer a dupla Giro/Tour.

Mikel Landa e Pello Bilbao (Bahrain-Victorious), Simon Yates (BikeExchange) e Vincenzo Nibali e Bauke Mollema (Trek-Segafredo) começam 2021 com o pensamento em estar em Itália e depois em França. Yates não é certo, mas a hipótese estará a ser estudada, agora que a equipa não conta com o irmão gémeo, Adam (foi para a Ineos Grenadiers).

Já Emanuel Buchmann (Bora-Hansgrohe) deixa o Tour para se estrear no Giro, com Marc Soler a espreitar a oportunidade de liderança na primeira vez que irá à Volta a Itália. O veterano Domenico Pozzovivo (Qhubeka Assos) é que não troca o Giro por nada. Soma 14 presenças, contra apenas três no Tour e outras tantas na Vuelta.

Quanto à Volta a França (de 26 de Junho a 18 de Julho), Chris Froome irá centrar novamente muita das atenções, no ano em que será estranho vê-lo sem o equipamento da Ineos Grenadiers. Agora representa a Israel Start-Up Nation e terá a seu lado o irlandês Daniel Martin e o canadiano Michael Woods. De recordar que se a Volta ao Algarve conseguir realizar-se entre 17 e 21 de Fevereiro, o britânico é uma presença muito provável na corrida.

Na Ineos Grenadiers, Geraint Thomas não desiste do Tour, mesmo tendo dificuldades em ser líder. O galês quer preparar a sua temporada a pensar em França, mas na sua equipa a concorrência é enorme, pelo que, nesta altura, poucas certezas poderá haver para Thomas.

O reforço da Movistar Miguel Ángel López deverá ir a França, ao lado de Enric Mas. A Bora-Hansgrohe, ao "desviar" Buchmann para o Giro, abriu vaga para Wilco Kelderman mostrar o que vale, depois de em 2020 ter estado tão perto de ganhar a Volta a Itália, ao serviço da Sunweb. O holandês será acompanhado pelo jovem talento alemão Lennard Kämna, que ganhou uma etapa no Tour na edição passada.

Para terminar, a Volta a Espanha (de 14 de Agosto a 5 de Setembro). Quem serão os rivais de João Almeida? A EF Education-Nippo tem estado algo silenciosa no anúncio dos calendários dos seus atletas, mas Rigoberto Uran poderá ter a Vuelta como principal objectivo. Ainda se aguarda pelo destino do rei da montanha do último Giro, Rúben Guerreiro.

Alejandro Valverde será aposta da Movistar, com Miguel Ángel López a ter planeado fazer a dupla Tour/Vuelta. Giulio Ciccone terá oportunidade de liderança por parte da Trek-Segafredo, assim como Felix Grossschartner, na Bora-Hansgrohe. No caso do austríaco será a possibilidade de confirmar o seu crescimento como voltista, depois do nono lugar, precisamente na Vuelta.

Como é habitual, a Volta a Espanha é aquela que mais tarde vai conhecendo quem nela aposta, já que surge muitas vezes como a segunda grande volta do ano para alguns ciclistas. Porém, há um que está muito entusiasmado. Fará a sua estreia em três semanas, no seu primeiro ano no World Tour. É mais um jovem que há muito anda a ser seguido e que finalmente optou por dar o salto: Thomas Pidcock.

Tem 21 anos, é um ás do ciclocrosse, mas na estrada foi campeão do mundo de contra-relógio de juniores em 2017, foi evoluindo e agora a Ineos Grenadiers abriu-lhe as portas da elite. Apesar de as clássicas fazerem parte da sua primeira fase do ano, Pidcock não esconde como também quer mostrar-se em provas como as de três semanas.

Estes planos iniciais podem, naturalmente, sofrer alterações e ainda faltam muitos corredores confirmarem os seus objectivos. Mesmo que de normal 2021 nada esteja a ter, o ciclismo tenta manter o ritmo de treinos e planeamento rumo a uma época que se espera que seja o mais próxima possível do calendário estabelecido e principalmente sem cancelamentos.

»»O regresso do bom velho Froome poderá ser no Algarve««

»»Marc Hirschi deixou DSM para se juntar a uma equipa cada vez mais forte««

11 de janeiro de 2021

Novo nome e reforços interessantes em Mortágua

© Facebook Tavfer-Measindot-Mortágua
Novos patrocinadores que significa novo nome, reforços de qualidade e a continuação na aposta em ciclistas de valor e à procura ou de relançar a carreira ou de prosseguir a sua afirmação. É o caso de Joaquim Silva (na fotografia) e de Leangel Linarez, respectivamente, este último um sprinter venezuelano que esteve a muito bom nível na Volta a Portugal (ficou tão perto de uma vitória em etapa). A agora Tavfer-Measindot-Mortágua, contratou um Iúri Leitão que apesar de jovem, há muito que está dedicado em tornar-se num sprinter ganhador, ele que regressa a Portugal como o campeão europeu de scratch, em pista.

Pedro Silva vai contar com um conjunto de ciclistas bem interessante, pois os reforços podem contribuir para fortalecer a equipa tanto na luta pelos sprints, como na disputa por corridas que incluam mais montanha. Continuando entre os sprinters, além de Leitão (22 anos) - ciclista que em 2020 foi até Espanha (Super Froiz) à procura de mais provas para o seu estilo, mas com a pandemia a estragar-lhe os planos de afirmação -, chega Pedro Paulinho.

Depois de ter estado ao lado do irmão, Sérgio, na Efapel, separa-se novamente, para ter uma responsabilidade de ajudar Linarez (23) e Leitão. Aos 30 anos, já não se espera ver Paulinho confirmar o potencial que demonstrou nas camadas jovens. Não se tornou num sprinter de referência, mas a sua experiência no pelotão pode ser uma mais-valia.

A equipa perdeu um dos seus melhores ciclistas das duas últimas temporadas, Daniel Freitas (vai para a Rádio Popular-Boavista), mas continua a apostar forte nos sprints.

Já de Tiago Antunes - e a pensar noutro tipo de terreno - ainda se espera que possa confirmar o seu potencial. Tem apenas 23 anos e foi mais um ciclista a ver a pandemia estragar-lhe os planos para 2020. Queria relançar a carreira, mas nem à Volta a Portugal conseguiu ir. Esteve no Centro Mundial de Ciclismo da UCI, passou por Espanha na Aldro, foi depois até à SEG Racing Academy, uma das melhores equipas na formação de jovens ciclistas. Porém, a afirmação demora em acontecer.

Poderá formar uma dupla interessante com Joaquim Silva, tanto na ajuda, como para ele próprio se assumir como figura principal em algumas corridas. A ver se é desta que Tiago Antunes atinge um nível mais alto e que lhe permita concretizar o sonho que alimentava no início de 2020: regressar a uma equipa estrangeira para tentar chegar o mais longe possível no ciclismo.

Da Sicasal Miticar Torres Vedras - equipa por onde também passou Iúri Leitão - chega o jovem Francisco Morais (22 anos), que se vai estrear como profissional e será um dos ciclista a seguir na sua evolução, agora que tem a oportunidade para se juntar definitivamente à elite.

A surpresa chama-se Rui Carvalho. Quase caiu no esquecimento depois de uma longa suspensão por doping. Testou positivo por uso de esteróides anabolizantes na Volta a Portugal do Futuro e esteve suspenso entre 2015 e 2019. A Tavfer-Measindot-Mortágua estende a mão a um ciclista agora com 25 anos e que chegou a ser um promissor atleta - um trepador - nas camadas jovens. Tem agora uma segunda oportunidade para construir uma carreira.

Entre as permanências, além de Joaquim Silva (28 anos) e o Linarez, continuam também na equipa Ángel Sánchez Rebollido (27), um bom rolador, tal como Gaspar Gonçalves, sendo que o português de 25 anos é um ciclista que gosta de tentar a sua sorte em fugas, por exemplo.

Pedro Pinto (20) vai prosseguir a sua evolução na equipa que representa há três temporadas, enquanto Ash Coning (20), o britânico adoptado por Cascais, está desejoso de mostrar o que vale, depois de um 2020 que, já se sabe, não houve oportunidades para o fazer.

Com a saída da Miranda Bike Parts como patrocinador, a formação de Mortágua vai ganhar um novo look e Pedro Silva tem razões para estar confiante num bom 2021, tendo uma equipa equilibrada, que poderá procurar bons resultados, que até possam passar por alguma vitória.

Os novos patrocinadores

Como curiosidade, aqui fica a apresentação dos dois novos patrocinadores, segundo a explicação dada na página oficial de Facebook da equipa.

"O Grupo Tavfer é actualmente uma referência em áreas tão distintas como a inspecção de veículos, onde é líder nacional no sector através das entidades CIMA e Inspecentro, no comércio e serviços, através da Egicos, nos seus Vinhos premiados mundialmente, e ainda nos sectores do Turismo, Imobiliário, Saúde, Agroflorestal, na Indústria e Energia, na Segurança no Trabalho e Higiene Alimentar", lê-se na página.

A Measindot-Enginneering Lda foi criada em 2015 e "é uma empresa especializada na área da construção metálica e mista, prestando serviços de engenharia e consultoria no fabrico e montagem de produtos metálicos, construção civil e obras pública".

»»Feirense tenta renascer com o regresso de um patrocinador e uma surpresa na liderança««

»»A vez de António Carvalho numa Efapel renovada««

10 de janeiro de 2021

Feirense tenta renascer com o regresso de um patrocinador e uma surpresa na liderança

© Facebook Feirense-Ciclismo Profissional
Quando no final de 2019 o Feirense perdeu dois dos principais patrocinadores, o clube foi à luta para a estrada apenas com o seu nome e com Rafael Reis a ser a principal aposta, numa equipa marcada por ciclistas muito jovens. 2020 teve pouca história desportiva, já se sabe, mas o líder andou perto de cumprir o objectivo de vencer na sua especialidade, o contra-relógio. Para 2021, o Feirense tenta renascer. Quer muito mais e com o reforço financeiro importante no regresso da Antarte de Mário Rocha à modalidade, Joaquim Andrade vai contar com um ciclista com um palmarés rico em Portugal: Vicente García de Mateos.

Conhecida a saída da Aviludo-Louletano ao fim de sete anos, em Espanha chegou a ser dado como possível De Mateos voltar ao seu país. Mas não. O espanhol vai continuar no pelotão nacional e na agora Antarte-Feirense o objectivo será novamente conquistar vitórias e, claro, de olhos postos na Volta a Portugal. É certo que nos dois últimos anos De Mateos, de 32 anos, "apagou-se" um pouco, mas soma dois pódios na Volta e seis vitórias de etapas,  duas camisolas verdes (pontos), além de outros bons resultados, como a conquista da Clássica Aldeias do Xisto, em 2017.

É uma contratação surpresa, mas que faz a equipa regressar mais à sua génese. Ou seja, lutar por gerais e não só, como aconteceu quando Edgar Pinto era o líder. Mas se a chegada de Vicente García de Mateos é muito importante para esta formação, a possibilidade de contar com mais dois ciclistas de muita experiência também deixará certamente o director desportivo satisfeito. Bruno Silva (32 anos) e Rafael Silva (30) reencontram-se, depois de muitos anos juntos na Efapel. O primeiro esteve em 2020 na LA Alumínios-LA Sport.

A restante equipa prima pela juventude, algo habitual desde que este projecto arrancou em 2018. João Barbosa (23) regressa a casa, enquanto Venceslau Fernandes (24) terminou uma relação de quatro anos com a estrutura Kelly-Simoldes-UDO, durante a qual venceu uma Volta a Portugal do Futuro, em 2018. Inicia assim uma nova fase na sua carreira, na procura pela afirmação na elite.

Cinco reforços, cinco permanências

Bernardo Saavedra (22), Afonso Eulálio (19 anos) e António Ferreira (20) são três jovens que vão ter a oportunidade de continuar a evoluir na equipa, com Fábio Oliveira e Gonçalo Amado (ambos com 26 anos) a também renovarem o contrato e a terem mais uma possibilidade para se mostrarem, já que em 2020 não foi possível dado o escasso calendário.

A chegada da Antarte permite a Joaquim Andrade ter mais ambição para 2021, apostando então num Vicente García de Mateos talvez a precisar de dar um novo rumo à carreira, depois de duas temporadas mais discretas na formação algarvia. A de 2020, acaba por se resumir a uma Volta a Portugal muito distante do que já demonstrou ser capaz de fazer, depois de ter evoluído de um ciclista mais de sprints, para um trepador com capacidade de lutar por pódios na Volta a Portugal.

Rafael Silva poderá ser outra aposta para alcançar alguma vitória, sendo um ciclista que tem capacidade para discutir finais ao sprint. É ainda conhecido por ser um incansável homem de trabalho. Ou seja, é possível que tenha um papel parecido ao que João Matias teve na equipa, antes de sair em 2020 para a Aviludo-Louletano. Entre os jovens, alguma atenção para perceber como irá evoluir Bernardo Saavedra, ciclista que deixou indicações interessantes como sub-23. João Barbosa é outro corredor a seguir.

Regresso da Antarte e de Mário Rocha

Depois de ter abandonado a modalidade em 2016 por temer que o ciclismo português estivesse a caminhar para novos escândalos de doping, Mário Rocha está de regresso, desta feita ao lado do Feirense e apenas como patrocinador. Anteriormente também foi director desportivo, tendo estado no ciclismo cerca de 15 anos, antes de decidir sair. Crítico quanto à forma como a modalidade estava a ser conduzida, disse que voltaria quando se verificassem mudanças profundas.

»»A vez de António Carvalho numa Efapel renovada««

»»Joni Brandão na W52-FC Porto é o passo certo?««

9 de janeiro de 2021

Marc Madiot não quer Jorge Mendes no ciclismo

© Groupama-FDJ
A entrada de Jorge Mendes no mundo do ciclismo não está a agradar a todos. Marc Madiot, director da Groupama-FDJ, afirmou não querer ver implementado o sistema do futebol e considera que pode ser perigoso que empresários como o português comecem a chegar ao ciclismo.

O responsável de uma das equipas mais antigas do pelotão internacional foi muito crítico à notícia que Jorge Mendes, através da sua empresa Polaris Sport e em parceria com a Corso, vai gerir a imagem de João Almeida, Ruben Guerreiro e dos gémeos Oliveira, todos jovens ciclistas portugueses no World Tour.

"Não quero entrar no sistema do futebol. O sistema dos agentes de futebol é ter um portfólio de jogadores e movimentá-los o mais possível para gerar o máximo de dinheiro possível. Estamos a construir uma bolha de especulação financeira", salientou Madiot no programa de televisão francês Grandes Gueules du Sport, no canal RMC, citado no site BFM RMC Sport.

O director da Groupama-FDJ disse que o futebol está precisamente nessa bolha financeira e questiona como vai ser agora, por exemplo, com a covid-19. "O que se passa lá? Estão à beira do abismo! E querem deixar entrar pessoas como o Mendes no ciclismo? Não quero ver o Mendes no ciclismo. Ele que fique em Portugal com os futebolistas, mas que não venha até nós", salientou.

O empresário representa várias das maiores estrelas mundiais do futebol, com Cristiano Ronaldo à cabeça. Contudo, esta entrada no ciclismo de Jorge Mendes é apenas mais uma extensão a outras modalidades. Representa também atletas como Frederico Morais (surf), João Sousa (ténis) e Patrícia Mamona (triplo salto).

Madiot levanta algumas suspeitas por agora Mendes estar interessado no ciclismo. "Ele não vai ganhar o que ganha no futebol. Poderão existir outras ideias por trás e isso não é bom. Penso que eles querem, a certa altura, apropriarem-se do sistema em geral do ciclismo. E isso é ainda mais perigoso", afirmou.

Em baixo pode ouvir as declarações sobre este assunto de Madiot, no referido programa de televisão.

»»O regresso do bom velho Froome poderá ser no Algarve««

Marc Hirschi deixou DSM para se juntar a uma equipa cada vez mais forte

© PhotoFizza/UAE Team Emirates
O ano ainda está a começar e já há surpresas. Marc Hirschi já não é ciclista da DSM (ex-Sunweb), deixando a equipa rumo àquela que a cada ano que passa vai reforçando-se com alguns dos melhores jovens talentos. O suíço assinou pela UAE Team Emirates, juntando-se assim a Tadej Pogacar, Mikkel Bjerg, Brandon McNulty e aos gémeos Oliveira, para nomear alguns dos jovens que a equipa garantiu em tempos recentes.

Tem sido esta a política de contratações da UAE Team Emirates, principalmente desde a chegada de Matxin Joxean Fernandez como um dos directores da estrutura. Não significa que não se aposte na experiência - Rafal Majka e Matteo Trentin (ambos com 31 anos) são exemplo disso - mas é na captação de jovens que tem estado grande parte do ganho da formação.

Depois de conquistar o Tour com Pogacar e de querer, naturalmente, continuar a afirmar-se como um equipa candidata a mais vitórias em grandes voltas, a chegada de de Hirschi demonstra a ambição de criar também um bloco forte para as clássicas, sendo o suíço igualmente uma boa aposta para vencer etapas.

Aos 22 anos, Hirschi foi campeão do mundo de sub-23 em 2018, teve um 2019 de adaptação ao World Tour na então Sunweb e foi dos ciclistas que terminou 2020 com muito boas recordações. Foi a explosão na carreira, sendo que tem como empresário o bem conhecido Fabian Cancellara. E Hirschi até já revelou algumas parecenças com o antigo ciclista na forma de enfrentar as corridas.

O suíço foi uma das figuras da última Volta a França, vencendo uma etapa e ficando perto de ganhar outras duas. Merecidamente foi considerado o corredor mais combativo da corrida. Pouco depois comquistou a Flèche Wallonne, tendo três dias antes assegurado a medalha de bronze na prova de fundo de elite dos Mundiais, em Imola.

Os bons resultados e muitas outras boas exibições fizeram disparar a cotação de Hirschi. Preparava-se para entrar no último ano de contrato com a DSM, mas afinal nem começa a época. Em causa poderão estar as exigências salariais do corredor, segundo avança o WielerFlits. A DSM não estaria disposta a ceder, enquanto a UAE Team Emirates tornou-se numa das equipas com mais poderio financeiro, que ficou reforçado com a saída de Fabio Aru, um dos mais bem pagos da equipa.

Além de estar sempre atenta aos novos talentos que vão surgindo - João Almeida estará na agenda, sendo que termina contrato com a Deceuninck-QuickStep no final de 2021 -, a UAE Team Emirates não só reforça o bloco das clássicas, como a capacidade de lutar por etapas é algo essencial numa altura em que Diego Ulissi foi forçado a fazer uma paragem na carreira, devido a um problema de saúde.

Hirschi torna-se assim na quinta contratação da UAE Team Emirates para a nova temporada. Além de Majka e Trentin, Ryan Gibbons (ex-NTT) e Juan Ayuso (ex-Colpack Ballan). Este último é um reforço para o futuro e não para o imediato. Tem apenas 18 anos, mas já assinou até 2025. A intenção passa por esta temporada poder rodar numa equipa Profissional Continental ou mesmo Continental, antes de passar definitivamente para a UAE Team Emirates, que no ano passado já lhe deu uma bicicleta Colnago para que começasse a sentir-se em casa!

Quanto à agora DSM, mudou o nome, mas não mudou uma tendência recente. A equipa não consegue segurar as suas estrelas, que acabam por sair antes de finalizarem os contratos. Michael Matthews foi o caso mais recente, tendo regressado à agora BikeExchange, não esquecendo exemplos como Tom Dumoulin, Warren Barguil e Marcel Kittel.

A saída de Hirschi foi anunciada com um curto comunicado há uns dias, não dando explicações, limitando-se a desejar felicidades para a carreira do ciclista e com a referência que não seriam feitos mais comentários. No entanto, deverá receber dinheiro pela transferência do ciclista, algo que poucas vezes acontece no ciclismo, onde normalmente as mudanças são feitas no final dos contratos.

Confirmado este sábado na UAE Team Emirates, Hirschi afirmou: "Partilhamos a mesma abordagem e objectivos. Esta equipa é a ir na direcção certa e tem estado a crescer muito nos últimos anos. Estou ansioso por beneficiar dessa dinâmica, tanto em prol da equipa, como para a evolução da minha carreira."

O ciclista assinou por três temporadas e já se juntou à sua nova equipa para o estágio nos Emirados Árabes Unidos.

»»Pogacar ajuda e dá nome à equipa onde começou a crescer como ciclista««