30 de setembro de 2020

Uma Torre de gelo à espera pelotão

© João Fonseca Photographer
A Torre lá estará, a 1993 metros de altitude, com temperaturas entre os quatro e seis graus! Sensação térmica de -1, dados do Instituto Português do Mar e Atmosfera. Não parece que será uma etapa da Volta a Portugal e nem será apenas por falta de público devido às restrições de pandemia. Será mesmo porque o habitual é a preocupação com um eventual calor a mais. Esta quinta-feira estará muito frio, num cenário a que o pelotão nacional não está acostumado enfrentar quando tem de enfrentar a sempre difícil subida à Torre.

E se subir ao ponto mais alto de Portugal Continental nunca é fácil, a escolha para a Edição Especial foi pelo lado da Covilhã, considerado o mais exigente. Vai ser um dia imprevisível muito devido às condições atmosféricas, pois não só está em causa a forma física, como também quem se adaptará melhor ao muito frio.

São contingências de uma Volta adiada para esta altura do ano e que terão entrar nas contas das equipas, que sabem que os seus líderes estão proibidos de falhar se querem estar na luta pela camisola amarela, ou pelo pódio, ou dependendo dos objectivos traçados. Fazer uma táctica resultar, não será fácil.

A etapa

A quarta etapa será a mais curta em linha - 148 quilómetros -, mas também a rainha. Afinal, a Torre é a única categoria especial a entrar no percurso, com os seus cerca de 20 quilómetros de extensão, com pendentes médias a rondar os cinco/seis por cento. Até lá, o pelotão terá as Penhas Douradas (segunda categoria) e Sarzedo (terceira), mas a expectativa é que os ataques decisivos fiquem guardados para a última subida.

Com quatro etapas pela frente, após a desta quinta-feira, talvez não se possa dizer que da Torre sairá com certeza o vencedor da Volta. Porém, todos estão cientes que se pode perder a corrida e são vários os ciclistas que sabem como esta subida é madrasta.



Amaro Antunes (W52-FC Porto), o líder com 13 segundos de vantagem sobre Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), já ganhou uma etapa na Serra da Estrela, mas nesse 2017 não terminou na Torre. Espera-se nova luta entre ambos, depois do espectáculo dado na Senhora da Graça, na terça-feira.

A recuperação física desse esforço também será essencial. Só um dia separou as duas etapas mais complicadas a nível de montanha. E Joni Brandão terá de se apresentar mais forte. O ciclista da Efapel está a 1:20 depois de uma Senhora da Graça que não lhe correu bem, nem à equipa, pois António Carvalho estava bem colocado na geral e tem agora 1:47 de desvantagem.

Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano) tem 1:25 para recuperar, com João Benta (Rádio Popular-Boavista) a estar de olhos postos no pódio (1:17), enquanto a equipa tentará proteger a camisola da montanha de Hugo Nunes. Gustavo Veloso (1:13) pode ser uma arma para a W52-FC Porto fazer os adversários estarem atentos a mais do que um candidato. O espanhol é daqueles que sabe o que é ver a Serra da Estrela estragar uma Volta, quando se tem um dia mau. E não esquecer que foi outro atleta da W52-FC Porto a ganhar na Torre em 2019: João Rodrigues, que acabaria por vencer a Volta a Portugal. Está a 1:29 de Amaro Antunes.

Entre homens da geral e outros ciclistas que estarão mais focados em ganhar a etapa, Henrique Casimiro (Kelly-Simoldes-UDO), Ricardo Vilela ou talvez o colega da Burgos-BH (algo discreto até agora), José Neves, são possíveis apostas. Será curioso ver a exibição de Daniel Freitas. O ciclista da Miranda-Mortágua surge no top dez após a Senhora da Graça, a 1:25, com alguma surpresa, ele que esta quarta-feira esteve no sprint final, algo mais habitual da sua parte.

Numa Volta mais curta (nove dias em vez de 12), mais intensa, depois de uma Senhora da Graça com tanto espectáculo e com as diferenças ainda a permitirem que tudo possa acontecer, a Serra da Estrela surge com um cenário de incerteza que prenderá as atenções.

"A Torre por si só 'mata' muitos atletas no pensamento. Quando se entra na Torre já com 150 ou 160 quilómetros e começamos a pensar naquele percurso até ao alto... É temeroso para muitos." A frase é de Rui Sousa e refere-se a dias com condições atmosféricas bem diferentes. Porém, aplica-se quando a mente tem muita influência nos momentos mais difíceis.

© João Fonseca Photographer
Sprinters "fintados"

Apesar de uma terceira e uma segunda categoria nos 171,9 quilómetros entre Felgueiras e Viseu, os sprinters sabiam que era dia para tentarem a vitória. No entanto, a etapa mais pareceu uma clássica com ataques e contra-ataques, com o pelotão a não conseguir controlar tantos ciclistas que tentavam a sua sorte.

O espanhol Oier Lazkano foi dos que tentou mais do que uma vez. O último ataque resultou mesmo. O próprio admitiu que pedalou para ir o mais longe possível isolado, vencesse ou não. Foi assim que cortou a meta, com 15 segundos do pelotão. Nele estava o favorito Daniel McLay, da Arkéa Samsic, que venceu o sprint, mas apenas para o segundo lugar.

Nas camisolas, Amaro manteve a amarela, mas cedeu a vermelha dos pontos a Luís Gomes (Kelly-Simoldes-UDO) - vencedor da etapa no Alto de Santa Luzia, enquanto Hugo Nunes (Rádio Popular-Boavista) e Simon Carr (Nippo Delko One Provence) continuam a ser os líderes da montanha e juventude, respectivamente. A W52-FC Porto é a primeira entre as equipas.

Classificações completas, via FirstCycling.

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29 de setembro de 2020

Amaro está de volta!

© João Fonseca Photographer
Este é Amaro Antunes e já se tinha saudades de ver o melhor deste ciclista. A exibição na Senhora da Graça trouxe boas recordações de um 2017 espectacular do algarvio, mas que não conseguiu repetir na sua passagem pela CCC, na aventura estrangeira, que incluiu um ano de World Tour. Regressou e não quer fazer por menos, a julgar pela segunda etapa na Volta a Portugal: venceu e vestiu pela primeira vez na carreira a camisola amarela.

Amaro Antunes já pode dizer que venceu nas duas míticas subidas portuguesas, pois em 2017 havia conquistado a que passou pela Serra da Estrela, numa exibição inesquecível, que levou ainda Raúl Alarcón a praticamente selar a vitória na Volta, com Amaro a ser segundo na geral. E é impossível não recordar como em Fevereiro, na Algarvia, havia vencido no "seu" Alto do Malhão.

Agora, na Volta a Portugal Edição Especial, mesmo com João Rodrigues com o dorsal número um, Amaro mostra mais uma vez como a W52-FC Porto gosta de ter mais do que uma aposta, dificultando o controlo da corrida por parte dos adversários.

Esta táctica não é novidade e tem feito parte do ADN desta equipa que há sete anos vence a Volta a Portugal e já está de amarelo, com 13 segundos sobre Frederico Figueiredo. O ciclista da Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel está mesmo em boa forma, como demonstrou ao vencer o Troféu Joaquim Agostinho. Mas era difícil fazer melhor, com a W52-FC Porto a funcionar muito bem colectivamente.

O triste cenário

Chegar a Mondim de Basto e depois subir a Senhora da Graça foi algo desolador. Nem parecia ser dia de Volta. Contingências do tempo de pandemia que vivemos, é certo, mas era difícil não sentir tristeza por ver a subida sem público (foi cortada para não permitir aglomerados), ao que se juntava a paisagem pintada de negro, resultado do incêndio que este Verão devastou novamente parte do Monte Farinha.

A etapa merecia outro ambiente, mas não é altura para lamentos, pois se os ciclistas também precisam daquele apoio tão especial na Senhora da Graça e em Mondim de Basto, são profissionais que querem ganhar. E quando se ataca a 30 quilómetros e são favoritos que o fazem, é caso para dizer: temos Volta!

A W52-FC Porto começou por lançar Ricardo Mestre na fuga, mas foi o ataque de Frederico Figueiredo tão longe da meta que acabaria por decidir o vencedor. O ciclista gastou muitas forças, sendo sempre praticamente ele a "puxar", fosse quem fosse que estivesse com ele. Acabou por ficar com Amaro Antunes na frente. O algarvio manteve-se na roda até cerca de 400 metros da meta. A mudança de velocidade foi avassaladora. É uma forma típica do algarvio correr, ao contrário de Frederico, um ciclista menos "explosivo", mais de ritmo e que já muitas energias tinha esgotado naquele ponto.

Porém, para o corredor do Tavira foi importante a exibição, pois está na luta por algo que há muito ambiciona, num ano em que queria agarrar a oportunidade de não ter nenhum companheiro a fazer-lhe sombra numa liderança na equipa que já tinha mostrado merecer. Quer dar luta e na quinta-feira, a Serra da Estrela será novo dia para de alta montanha.

Efapel derrotada

Não foi uma boa etapa (167 quilómetros, que começaram em Paredes) para Joni Brandão e para a Efapel. Apesar de ter assumido a perseguição na aproximação à Senhora da Graça e ainda no início da subida, a equipa viu o seu líder perder 1:45 para Amaro Antunes (ficou a 1:20 na geral), com António Carvalho - outra possível opção para a geral - a trabalhar muito, cortando a meta 2:13 depois do vencedor (está a 1:43). Recorde-se que foi ele o vencedor em 2019 nesta chegada. Haverá muito a corrigir na Serra da Estrela, não se podendo esquecer que esta Volta a Portugal é mais curta, com nove dias, em vez de 12.

Com olhos no pódio está João Benta. Excelente prestação do ciclista da Rádio Popular-Boavista, que subiu ao quarto lugar, a 1:17 do líder. É um ciclista muito regular, terminar no top dez é algo natural para ele, mas demonstrou que poderá aspirar a mais. A equipa viu ainda o jovem Hugo Nunes assumir a liderança da montanha.

© João Fonseca Photographer
A camisola branca da juventude também tem um novo dono: o britânico da Nippo Delko One Provence, Simon Carr. Amaro Antunes acumula a camisola dos pontos, curiosamente "tirou" as duas que tem a colegas: Gustavo Veloso (ex-amarela) e Daniel Mestre (ex-vermelha). A W52-FC Porto mantém-se como primeira entre as equipas.

Classificações completas, via FirstCycling.

Acidente grave

A etapa acabou por ficar marcada também por uma má razão. Pouco depois da partida, em Paredes, um choque entre um ciclista e um motard que sinalizava uma zona de perigo, terminou com ambos a serem transportado para o hospital em estado grave. O acidente deu-se numa zona de descida, onde se podem atingir velocidades acima dos 60 quilómetros/hora.

Nigel Ellsay, corredor canadiano (26 anos) da Rally Cycling, sofreu fractura nos ossos da face e na coluna vertebral. Já o motard tem um traumatismo crânio-encefálico, mas a sua situação é estável.

3ª etapa: Felgueiras – Viseu, 171,9 quilómetros



Com uma terceira categoria em Lamego e logo de seguida a segunda em Bigorne, os homens rápidos e as suas equipas vão ter de trabalhar para se manter na frente do pelotão. Não é uma etapa tipicamente para sprinters, mas em Portugal já se sabe que é muito normal ter de passar dificuldades para discutir este tipo de chegadas.

Os sprinters portugueses não têm sido felizes em Viseu, quando esta cidade recebe etapas em linha. César Martingil (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), Rafael Silva (Efapel) e Samuel Caldeira (W52-FC Porto) e sem esquecer João Matias (Aviludo-Louletano) são candidatos. Mas entre as equipas estrangeiras, destaque para Riccardo Minali, da Nippo Delko One Provence, e Daniel McLay, da Arkéa Samsic.

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Mais uma equipa World Tour a perder o patrocinador

© NTT
Depois da CCC, a NTT. É mais uma equipa com continuidade em risco, ao ser confirmado que a empresa de tecnologia não irá renovar contrato com a estrutura sul-africana. Curiosamente, a notícia surge quando a CCC já sabe que é a Circus-Wanty Gobert quem a salvará, comprando a licença e subindo a World Tour em 2021. Quanto à NTT, há muito que estes rumores circulavam, ainda mais quando nenhuma contratação foi feita para o próximo ano e as renovações não avançaram. Apesar do responsável, Douglas Ryder, não querer terminar com o projecto, os ciclistas já terão sido aconselhados a procurar alternativas para 2021.

É um fim de uma relação de seis anos - anteriormente como Dimension Data - que ganhou força quando a equipa da África do Sul se tornou a primeira deste país a subir ao principal escalão. No World Tour, não tem tido uma vida fácil, Mas o início foi de sonho: Mark Cavendish venceu quatro etapas na Volta a França. A nível de resultados, a formação foi conseguindo algumas vitórias importantes, mas com o passar dos anos as dificuldades começaram a cada vez maiores.

Na base desta estrutura está um projecto que pretende ajudar ciclistas africanos a chegaram ao mais alto nível e nos últimos anos vários, principalmente sul-africanos e eritreus conseguiram. Porém, a falta de mais e melhores resultados levou Ryder a mudar de estratégia. Contratou ciclistas de maior experiência, na tentativa de tirar a equipa dos últimos lugares do ranking, onde por norma fica.

Este ano chegou Victor Campenaerts e Domenico Pozzovivo, por exemplo. Das sete vitórias em 2020, duas são em provas World Tour (etapas no Tour Down Under e Paris-Nice), ambas por Giacomo Nizzolo, que se sagrou ainda campeão nacional de Itália e campeão Europeu (esta não entra na contabilidade da NTT, pois foi pela seleccção). Porém, a equipa passou ao lado do Tour, quando era tão importante mostrar-se. Não ajudou Nizzolo e Pozzovivo abandonarem muito cedo devido a quedas.

E a performance fraca, apesar das tentativas para conquistar uma vitória, não ajudou em nada na busca por um novo patrocinador. O Cyclingnews escreve que Ryder está confiante que pode resolver a situação, mas ao confirmar aos ciclistas a saída da NTT, acabou por abrir a porta de saída a todos, com contrato para 2021, ou não. Com o Giro e a Vuelta, além da maioria das principais clássicas por realizar, os ciclistas da NTT tudo vão fazer para agarrar um contrato. Ainda há plantéis em aberto, mas os lugares começam a escassear.

Bjarne Riis entrou este ano como director geral da equipa e chegou-se a falar do dinamarquês comprar parte da estrutura, mas ainda não é conhecido qualquer acordo e tempo já não é muito para salvar a equipa sul-africana.

Além dos nomes referidos, a NTT conta com ciclistas bem cotados como é o caso de Roman Kreuziger, Edvald Boasson Hagen, Michael Valgren, Ben King, Michael Gogl e os jovens Max Walscheid e Gino Mäder.

Este ano, o World Tour abriu as portas à Cofidis, no início de uma expansão que acabou por não ver a Total Direct Energie seguir o mesmo caminho, como chegou a ser inicialmente falado. De 18, passaram a haver 19 equipas no principal escalão. Porém, as dificuldades do ciclismo foram agravadas com a pandemia. Apesar da Volta a França ter sido uma tábua de salvação para alguns, poderá não ser para todos.

A empresa japonesa justificou a decisão de terminar com o patrocínio, com o plano de alargar as suas parcerias além do desporto. Não estará fora de questão Ryder tentar uma fusão com uma equipa ProTeam (segundo escalão) que pretenda ter uma licença World Tour, para tentar salvar pelos menos parte da sua estrutura. Um pouco à imagem do que acabou acontecer com a CCC e Circus-Wanty Gobert ou com a Israel Start-Up Nation, que ficou com a licença da Katusha-Alpecin e assim ascendeu ao World Tour.

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28 de setembro de 2020

Há quem vá ter boas memórias de 2020

© João Fonseca Photographer
É uma daquelas épocas para recordar para um ciclista e uma equipa. Apesar de um ano tão complicado e tão incerto devido à pandemia, há quem consiga dizer que já tem boas memórias e quer mais. Luís Gomes e a Kelly-Simoldes-UDO vão relembrar 2020 com um sorriso. E ainda não acabou.

A equipa de Manuel Correia chegou à Volta a Portugal como a mais ganhadora. Quatro vitórias, incluindo três títulos nacionais. A outra, a primeira, antes do confinamento, foi na Clássica da Primavera, por intermédio de Luís Gomes. Foi um reforço da equipa, depois de três temporadas na Rádio Popular-Boavista. A última de sucesso na Volta a Portugal, com uma vitória inesquecível no nevoeiro da Serra do Larouco, com o ciclista a vencer depois a classificação da montanha. No entanto, no final da época, mudou de equipa.

Ganhou a Kelly-Simoldes-UDO. Depois de tanta dificuldade para manter o projecto na estrada em 2019, este ano surgiram novos patrocinadores que permitiram um maior investimento e os resultados estão a compensar a aposta. Era uma das principais equipas de formação no país (por lá passaram Rui Costa e os gémeos Oliveira, por exemplo), quando subiu ao escalão Continental, então como sub-25 (esta definição entretanto foi retirada). Nestes quatro anos de uma nova fase da história da estrutura, ganhar uma etapa na Volta era um dos maiores desejos.

Finalmente aconteceu! Viana do Castelo, no Santuário de Santa Luzia, fica marcada na história da equipa e num Luís Gomes que, aos 26 anos, também ele entrou numa nova fase. Foi difícil esconder alguma emoção ao bater ao sprint pesos pesados como Daniel Mestre, Gustavo Veloso (ambos da W52-FC Porto) e António Carvalho (Efapel). As duas vitórias na Volta têm o seu significado para Luís Gomes. Diferentes, mas especiais.

© João Fonseca Photographer
Mas não se pense que a Volta está feita para a Kelly-Simoldes-UDO. Independentemente do que aconteça, 2020 será memorável, mas faltam sete dias de corrida e se o moral já era alto, agora já nada tem a perder. Só tudo a ganhar. A montanha? Luís Gomes já tem a camisola, com cinco pontos, os mesmo de um Marvin Scheulen que esteve quase 170 dos 180 quilómetros da etapa (a mais longa da Volta, que começou em Montalegre) em fuga solitária, com o plano de ser o líder nessa classificação. É um objectivo assumido da LA Alumínios-LA Sport para a Volta, ganhar a montanha, depois de em 2019 ter conquistado a juventude com Emanuel Duarte.

De referir que Gustavo Veloso manteve a camisola amarela, o companheiro de equipa Daniel Mestre lidera nos pontos, o espanhol Carlos Canal (Burgos-BH) continua a liderar a juventude e a W52-FC Porto, por equipas.

Classificações completas, via FirstCycling.

2ª etapa: Paredes – Senhora da Graça (Mondim de Basto), 167 quilómetros



A etapa desta terça-feira será a primeira oportunidade para definir um pouco melhor a geral. Gustavo Veloso terá um teste à liderança, ele que ali venceu em 2016, na primeira de quatro vitórias consecutivas da W52-FC Porto: Raúl Alarcón ganhou em 2017 e 2018 e António Carvalho no ano passado. Este último mudou-se para a Efapel, onde Joni Brandão tem sete segundos para recuperar, o tempo perdido no prólogo de Fafe. Mas Carvalho está apenas a seis. São duas equipas que nesta etapa da alta montanha vão querer começar a impor-se.

Mas haverá quem irá tentar intrometer-se. Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano) está a 12 segundos de uma liderança que há muito ambiciona, com Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel a ver-se em terreno que gosta mais, depois de ter perdido 23 segundos no prólogo.

Porém, se há algo de bom na Senhora da Graça, numa perspectiva de quem irá assistir à etapa, é que ser candidato não garante rigorosamente nada. As surpresas acontecem e são vários os ciclistas que vão tentar vencer, principalmente entre equipas que estão na Volta com esses objectivos e não de lutar pela geral.

Um deles poderá ser da LA Alumínios-LA Sport, até porque os pontos serão importantes para quem quer discutir a classificação da montanha. O seu director desportivo, Hernâni Brôco sabe bem como se ganha na Senhora da Graça (ver lista de vencedores em baixo).

O pelotão parte às 12:30 do Parque da Cidade de Paredes, com chegada prevista à Senhora da Graça entre as 17:25 e 17:45. Contudo, haverá muitas dificuldades até à subida final. Pouco depois da partida, Rebordosa apresentará uma subida de quarta categoria. Um aquecimento! A Serra do Marão e o Barreiro, são duas de primeira, tal como a Senhora da Graça. Pelo meio, mais uma quarta, no Velão. No Barreiro surge o piso em empedrado. São poucos metros logo no início de uma autêntica rampa. A meteorologia será bem simpática, o que os ciclistas agradecem, pois chuva e frio tornariam esta etapa muito mais complicada. Mas com a mudança de data da Volta, escapam também ao calor intenso que por vezes se sente.

Vencedores na Senhora da Graça: 

1978 - João Costa (Campinense)

1979 - Marco Chagas (Lousa-Trinaranjus)

1980 - Neutralizada

1981 - Benjamim Carvalho (Coimbrões-Fagor)

1983 - Venceslau Fernandes (Rodovil-Ajacto)

1984 - Manuel Cunha (Ovarense-Herculano)

1985 - Marco Chagas (Sporting-Raposeira)

1986 - Carlos Moreira (Sangalhos-Recer)

1987 - Manuel Vilar (Boavista-Sportlis)

1988 - Carlos Moreira (Boavista-Sarcol)

1989 - Santiago Portillo, Esp (Lótus-Zahor)

1990 - Joaquim Gomes (Sicasal-Acral)

1991 - Jorge Silva (Sicasal-Acral)

1992 - Cássio Freitas, Bra (Recer-Boavista)

1993 - Quintino Rodrigues (Imporbor-Feirense)

1994 - Felice Puttini, Sui (Brescialat)

1995 - António Correia (Janotas & Simões)

1996 - Massimiliano Lelli, Ita (Saeco-Levira)

1997 - Zenon Jaskula, Pol (Mapei)

1998 - Jose Luis Rebollo, Esp (Recer-Boavista)

1999 - Michele Laddomada, Ita (LA-Pecol)

2000 - Claus Moller, Din (Maia-MSS)

2001 - Jose Luis Rebollo, Esp (Festina)

2002 - Joan Horrach, Esp (Milaneza-MSS)

2003 - Pedro Arreitunandia, Esp (Carvalhelhos-Boavista)

2004 - David Arroyo, Esp (LA-Pecol)

2005 - Adolfo Garcia Quesada, Esp (Comunitat Valenciana)

2006 - João Cabreira (Maia-Milaneza)

2007 - Eladio Jimenez, Esp (Karpin-Galicia)

2008 - Juan Cobo Acebo, Esp (Scott-American Beef)

2009 - André Cardoso, Por (Palmeiras Resort-Prio)

2010 - David Blanco, Esp (Palmeiras Resort-Prio)

2011 - Hernâni Broco, Por (LA-Antarte)

2012 - Rui Sousa, Por (Efapel-Glassdrive)

2013 - Sergio Pardilla, Esp (MTN-Qhubeka)

2014 - Edgar Pinto, Por (LA-Antarte)

2015 - Filipe Cardoso, Por (Efapel)

2016 - Gustavo Veloso, Esp (W52-FC Porto)

2017 - Raúl Alarcón, Esp (W52-FC Porto)

2018 - Raúl Alarcón, Esp (W52-FC Porto)

2019 - Antóno Carvalho (W52-FC Porto)

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27 de setembro de 2020

Gustavo Veloso e uma estreia aos 40 anos

© João Fonseca Photographer
Ver Gustavo Veloso de camisola amarela na Volta a Portugal não é novidade. Além de já ter ganho a corrida em 2014 e 2015, já foi líder noutras edições. Aos 40 anos, mostra que a idade é mesmo apenas um número e que podem contar com ele numa W52-FC Porto habituada a ter mais do que um potencial candidato. Também no ano passado, quando se pensava que o espanhol já não estaria com os mais fortes, Veloso andou de amarelo. Em 2020, veste desde cedo a familiar cor e estreou-se a ganhar em prólogos na Volta. Nunca é tarde!

"É a minha 11ª Volta. Já tinha três segundos lugares em prólogos. Desta vez estive quase para fazer segundo de novo, mas, felizmente, consegui vencer. A idade é apenas um número, o que conta é a determinação, o trabalho e acreditar em nós próprios", salientou. Não quer falar já de candidaturas à vitória final, pois a corrida apenas percorreu sete dos 1183,9 quilómetros: "A pandemia prejudicou todos os atletas, mas chegámos todos praticamente nas mesmas condições. A corrida acaba de começar e faltam os dias duros para definir a classificação geral."

As diferenças não foram muito grandes, como esperado, num traçado em Fafe com uma fase mais técnica, com descidas, no início, e um troço final fisicamente mais exigente, com subida e empedrado.

João Rodrigues, vencedor de 2019 e companheiro de Veloso na W52-FC Porto, completou a distância com mais oito segundos do que os 9:39 minutos do primeiro líder da Volta. Joni Brandão (Efapel), fez mais sete segundos, com o antigo ciclista azul e branco e agora na Efapel, António Carvalho, a somar mais seis segundos. Bom início para o atleta que conquistou a Senhora da Graça no ano passado.

Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano) perdeu 12 segundos. Já Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) perdeu 23 segundos. Nada de grave, mas para sete quilómetros, continua a ser a prova que o contra-relógio mantém-se como ponto fraco deste ciclista.

Quanto a Rafael Reis é um especialista, mas mais uma vez viu escapar-lhe uma vitória. Agora por apenas um segundo. Em 2018, o corredor, então da Caja Rural, venceu o prólogo em Setúbal e vestiu a amarela. Era um grande objectivo este ano para o ciclista e para o Feirense, a precisar de um bom resultado. Já na Prova de Reabertura, em Julho, um contra-relógio em Anadia, Rafael Reis foi segundo, com três segundos a separá-lo de Rui Costa (UAE Team Emirates). Ainda terá mais uma oportunidade, na última etapa da Volta: 17,7 quilómetros, em Lisboa.

Nas outras classificações, a W52-FC Porto assumiu a liderança por equipas, enquanto o espanhol Carlos Canal, da Burgos-BH, é o melhor jovem (camisola branca), tendo sido 26º no prólogo, a 28 segundos de Veloso. A camisola da montanha e dos pontos terão amanhã os seus primeiros líderes.

Classificações completas, via FirstCycling.

1ª etapa: Montalegre – Santa Luzia (Viana do Castelo), 180 quilómetros



A primeira etapa em linha é também a mais longa da Edição Especial. Haverá duas terceiras categorias, a primeira no Alto de Covide, a segunda a coincidir com a meta, em Santa Luzia, num final bem conhecido pelo pelotão.

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»»Menos dias de Volta a Portugal será uma experiência interessante««

Alaphilippe com uma camisola que lhe fica tão bem

© UCI
Julian Alaphilippe era um daqueles ciclistas que se imaginava o quanto ficaria bem de camisola do arco-íris. O seu palmarés deixava antever que na sua carreira teria de estar o título de campeão do mundo, mais cedo ou mais tarde. Já tem um monumento (Milano-Sanremo), com vitórias no Tour, andou de amarelo (em França até se sonhou com a sua vitória em 2019) e tem mais triunfos não só em corridas importantes, mas normalmente acompanhados de espectáculo. O título mundial chega curiosamente num ano menos explosivo de Alaphilippe. Parecia que os seus famosos ataques simplesmente não estavam a resultar. Faltava algo. Pode não ser o ciclista de 2019 (não era fácil repetir a fantástica temporada), mas continua a ser o grande Alaphilippe. A conhecida aceleração que deixa todos para trás, resultou. E a camisola assenta-lhe mesmo bem!

"Um dia de sonho", desabafou um Alaphilippe (28 anos) muito emocionado. O pai do ciclista morreu há pouco tempo e esta época, o francês nunca esconde o quanto lhe é importante continuar a vencer, sempre a pensar no pai. A época pode não estar ao nível da de 2019, mas Alaphilippe tem demonstrado um enorme carácter. Não deixa de tentar, não deixa de conseguir ter uma equipa unida a ajudá-lo. A selecção francesa trabalhou, acreditando que Alaphilippe poderia conquistar um título que Wout van Aert era um dos super favoritos.

Julian Bernard, Kenny Elissonde, Valentin Madouas, Guillaume Martin, Rudy Molard, Quentin Pacher e Nans Peters tinham a responsabilidade de fazer frente a uma Bélgica fortíssima e que foi uma equipa que muito assumiu a perseguição a quem tentou escapar. Um deles foi Tadej Pogacar. O esloveno tentou a vitória épica, de longe, para juntar à Volta a França, mas o Mundial vai ter de esperar.

Itália foi outra selecção em destaque, com a Espanha de Alejandro Valverde e Mikel Landa a ficar mais na expectativa e a ficar apenas com o oitavo lugar. Valverde, foi o melhor, a 53 segundos de Alaphilippe.

A corrida não foi particularmente emocionante. Os 258,2 quilómetros num circuito de Imola, a começar e a acabar no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, nove voltas, duas subidas que faziam o acumulado chegar aos cinco mil, o pelotão fez o esperado. Com o passar dos quilómetros, a velocidade aumentou e os ciclistas iam sendo "eliminados".

Com a excepção de Pogacar - que também tentou preparar um possível ataque do compatriota de Primoz Roglic (sexto) - todas as principais movimentações ficaram guardadas para a última Volta. Alaphilippe teve o timing perfeito, além de Wout van Aert preocupar tanto, que centrou as atenções dos adversários. O belga mantém a boa forma, mas não faz milagres.

O francês cortou a meta com 24 segundos de vantagem. O segundo? Van Aert, ao sprint (já havia sido segundo no contra-relógio). E em terceiro, mais uma das figuras da Volta a França: Marc Hirschi. O suíço é um campeão de fundo de sub-23 (2018) e está cada vez mais a assumir-se como mais um dos jovens a ter em atenção nesta nova geração.

Portugal fora do top dez

Não foi um Mundial feliz para a Equipa Portugal. Rui Costa (campeão do mundo em 2013), Nelson Oliveira, Rúben Guerreiro e Ivo Oliveira tinham como o objectivo alcançar mais um top dez. Porém, a corrida não decorreu como o esperado, a começar logo com a avaria de Guerreiro na pior das alturas.

"O Rúben trocou de bicicleta. Ainda esteve perto de reentrar, mas, quando o grupo acelerou, teve nova avaria e perdeu todas as possibilidades, sendo um dos nossos homens que poderia estar mais perto da frente", explicou o seleccionador José Poeira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo. Guerreiro acabaria por abandonar.

Rui Costa, manteve-se no grupo da frente até à última volta, mas não conseguiu intrometer-se nas movimentações que acabaram por ditar o desfecho da corrida. O poveiro foi 26º classificado, a 2:03 minutos. Nelson Oliveira foi 38º, a 8:49, e Ivo Oliveira terminou na 88ª posição, a 32:08.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

Os campeões de Imola

Foram uns Mundiais em versão reduzida, a possível dada a pandemia. A organização Aigle-Martigny, na Suíça, cancelou as provas e a opção foi Imola, em Itália, mas só para a elite.

Além de Julian Alaphilippe, no contra-relógio venceu o ciclista da casa, Filippo Ganna. Entre as mulheres, venceu uma grande senhora, que fez a dobradinha. A holandesa Anna van der Breggen começou por vencer pela primeira vez na carreira o título de contra-relógio (uma das poucas vitórias importantes que lhe faltava no palmarés), concluindo os dias em Imola com o seu segundo título de fundo.

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26 de setembro de 2020

Quem desafia a W52-FC Porto? Volta a Portugal arranca este domingo, mas já com uma má notícia

© João Fonseca Photographer
W52-FC Porto a favorita, Efapel a mais forte adversária, Rádio Popular-Boavista sempre à caça de vitórias, Aviludo-Louletano e Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel à procura de um pódio... A história da Volta a Portugal tem sido idêntica nos últimos anos. A diferença tem sido a aproximação principalmente da Efapel à equipa do Sobrado, que, contudo, domina há sete anos. Porém, a pandemia e o confinamento trocou a volta a todos. Preparação para uma diferente fase do ano, incerteza de quando (e se) haveria corrida, que terá menos dias (nove) e não haverá descanso. Tudo junto poderão ser factores de tornem a apelidada de Edição Especial diferente, para melhor.

Pede-se espectáculo e emoção. Com a enorme vontade de todos em competirem - algo normal quando se fala da Volta a Portugal, mas acrescida por um ano tão complicado, tão atípico -, a expectativa é que se tenha as duas coisas em dose elevada. É verdade que no ano passado estes dois pormenores estiveram mais presentes do que em edições anteriores, sempre muito controladas por uma fortíssima W52-FC Porto.

As forças poderão em 2020 equilibrar mais, até porque a Efapel foi buscar um dos homens que vinha a ser um elemento muito importante na rival: António Carvalho. No entanto, será Joni Brandão o líder, ele que está cansado de segundos lugares e já são três.

Na W52-FC Porto, não haverá dúvidas quanto à liderança, desta feita. Será João Rodrigues, o vencedor de 2019. É uma equipa sempre com cartas para jogar e Amaro Antunes é um ciclista que os adversários sabem que têm de o ter debaixo de olho.

Mas uma palavra para Rui Vinhas, também ele um vencedor da Volta a Portugal. A corrida terminará em Lisboa, a 5 de Outubro, e da última vez que tal aconteceu, Vinhas consumou uma enorme surpresa ao bater o seu colega de equipa Gustavo Veloso. Foi um 2016 para não esquecer.

Colectivamente, estas duas equipas continuam a ser as mais fortes. Porém, será interessante ver como se irá apresentar a Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel. Sem o Sporting como patrocinador, a equipa começou a competir de forma diferente. Mais agressiva e viva nas corridas. O próprio líder, Frederico Figueiredo assumiu a mudança de postura para 2020, numa entrevista dada ao Volta ao Ciclismo em Fevereiro, numa altura em que a pandemia parecia estar bem longe.

Figueiredo conquistou finalmente a sua primeira vitória como profissional e logo no Troféu Joaquim Agostinho, há uma semana. Aparece como outsider, mas contem com ele para procurar um pódio e ganhar etapas. Top dez não lhe faltam, mas aos 29 anos, saboreou a vitória e vai querer mais.

A outra equipa algarvia irá novamente tentar levar o espanhol Vicente García de Mateos ao topo. Pódio já sabe o que é, mas a Aviludo-Louletano sempre sonhou alto, mesmo que não tenha um conjunto que meça forças ao mesmo nível da W52-FC Porto ou a Efapel. Porém, já demonstrou que De Mateos pode intrometer-se na luta.

A Rádio Popular-Boavista tem "jogado por fora". No entanto, está lá sempre com homens no top dez e a ganhar etapas. Também sabe vencer por equipas, que tem sido um dos objectivos, já que a geral é mais difícil. João Benta e David Rodrigues costumam animar etapas e este ano há ainda Luís Fernandes. O espanhol Alberto Gallego, vencedor na Prova de Abertura Região de Aveiro, não vai passar despercebido.

O Feirense irá à procura de etapas... e a amarela. Rafael Reis irá a fundo no prólogo deste domingo para repetir o que conseguiu em 2018, pela Caja Rural, quando vestiu a amarela durante os três primeiros dias.

A LA Alumínios-LA Sport vai com ambições altas. Em 2019 venceu a classificação da juventude e a equipa tem crescido nesta nova era do projecto, com Hernâni Brôco ao leme. Emanuel Duarte será o destaque e, quem sabe, a olhar para um top dez.

O Miranda-Mortágua tem Joaquim Silva como grande aposta para finalmente dar uma vitória de etapa à equipa e também é ciclista que, em forma, pode alcançar uma boa classificação. Já foi fundamental na W52-FC Porto, passou sem sucesso na Caja Rural. Agora tem uma oportunidade para mostar o seu valor como líder na Volta.

Para o fim fica a Kelly-Simoldes-UDO (novo nome). A equipa de Manuel Correia merece destaque porque chega a Volta como a que mais ganhou em 2020: quatro vitórias, entre elas três títulos nacionais e o triunfo na Clássica da Primavera. Henrique Casimiro é mais um ciclista que procurou libertar-se do papel de gregário, ou de segunda aposta, com a equipa a ter ainda Luís Gomes e um campeão de sub-23 Fábio Costa sempre à espreita de um bom sprint.

As equipas estrangeiras

É sempre uma incógnita saber com que intenção vêm as equipas estrangeiras à Volta. Ganhar etapas, ganhar forma, lutar pela geral... Ao olhar-se para a lista, Ricardo Vilela e José Neves, da Burgos-BH, são dois ciclistas que vamos ver, afinal estão a correr em casa.

Destaque ainda para Delio Fernandez, espanhol que aos 34 anos representa a Nippo Delko One Provence, que tem José Azevedo como director desportivo. O experiente ciclista conhece bem o pelotão português, pois representou o Boavista e a actual W52-FCPorto (então OFM-Quinta da Lixa), entre 2011 e 2015. Já conta com vitórias em três etapas na Volta a Portugal, além da geral no Troféu Joaquim Agostinho, em 2014, tendo sido terceiro na Volta nesse mesmo ano. Diego Rubio (ex-Efapel) será outro regresso, mas pela Burgos-BH.

As cinco equipas estrangeiras são todas do segundo escalão, ProTeam: duas espanholas, duas francesas e uma dos EUA. Na Arkéa Samsic é impossível não destacar Anthony Delaplace, um ciclista com sete presenças na Volta a França. Estará ainda presente a Caja Rural e a americana Rally Cycling, uma equipa jovem e que gosta de animar corridas.

A má notícia

Infelizmente o pelotão irá ser mais curto do que o previsto, isto já tendo em conta que foi cortado em 20%, como medida de precaução devido à pandemia. João Salgado testou positivo à covid-19 e foi excluído, como levou os responsáveis a decidir tirar toda a Equipa Portugal da prova. Uma enorme desilusão para os jovens sub-23 escolhidos, que tão pouco tem competido este ano e que iriam ter uma grande oportunidade para se mostrar na Volta a Portugal.

Prólogo: Fafe – Fafe, 7 quilómetros (CRI)


O pelotão partirá assim com 98 ciclistas para os sete quilómetros de prólogo em Fafe e que, mesmo sendo uma distância curta, já deixará algumas diferenças entre candidatos, mas não se espera que sejam significativas.

David Rodrigues (Rádio Popular-Boavista) será o primeiro a partir às 15:43, mas aqui ficam alguns dos ciclistas a ter em atenção (arrancam com um minuto de diferença). Em baixo pode ver o quadro com a lista de inscritos.

  • 16:13: Emanuel Duarte (LA Alumínios-LA Sport)
  • 16:52: Amaro Antunes (W52-FC Porto)
  • 17:00: Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel)
  • 17:03: Mauro Finetto (Nippo Delko One Provence)
  • 17:06: Gustavo César Veloso (W52-FC Porto)
  • 17:07: João Benta (Rádio Popular-Boavista)
  • 17:08: Joaquim Silva (Miranda-Mortágua)
  • 17:10: Henrique Casimiro (Kelly-Simoldes-UDO)
  • 17:11: Rafael Reis (Feirense)
  • 17:12: Joni Brandão (Efapel)
  • 17:13: Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano)
  • 17:16: Gavin Mannion (Rally Cycling)
  • 17:19: José Neves (Burgos-BH)
  • 17:20: João Rodrigues (W52-FC Porto)

Lista de inscritos (clique na imagem para ampliar):


25 de setembro de 2020

Ineos Grenadiers reforça-se com juventude e experiência

Montagem: Ineos Grenadiers
No que a reforços diz respeito a Ineos Grenadiers fechou as contratações ao anunciar quatro de uma vez só. Richie Porte, Laurens de Plus e o jovem Thomas Pidcock já eram esperados, mas Dani Martínez foi uma surpresa de última hora. O quarteto junta-se assim a Adam Yates, que ainda antes da Volta a França, já tinha selado o seu futuro para 2021.

Depois de muito sucesso com Chris Froome, sem esquecer Bradley Wiggins, e Geraint Thomas, a Ineos Grenadiers, ex-Sky, começou a contratar vários jovens de enorme potencial. Egan Bernal ganhou o Tour logo no seu segundo ano, mas a equipa começou a dar mostras de estar a perder a força do que agora se percebe terem sido os seus tempos áureos. Em 2020 tudo se desmoronou. Colectivamente a equipa falhou no Tour - e nas corridas anteriores - e Bernal foi uma desilusão. Os adversários já lhe fazem frente, principalmente a Jumbo-Visma, pelo que chegou de uma vez por todas o momento da Ineos Grenadiers seguir um novo caminho e reconstruir a equipa.

A formação britânica não poderia deixar escapar o menino prodígio da Grã-Bretanha, Thomas Pidcock, mas também aposta em ciclistas já com experiência, fortalecendo assim o bloco das grandes voltas. E Richie Porte traz mais do que isso. O australiano, mesmo regressando à equipa para deixar de ser líder, será um gregário com voz de comando para pôr "ordem na casa", numa altura em que Chris Froome se prepara para sair e Geraint Thomas tem tido um discurso pouco (ou nada) unificador.

"Esta época, vimos uma mudança tanto nos níveis de performance individual, como na força colectiva das equipas. Os ciclistas estão melhor preparados e as equipas mais organizadas. A intensidade da competição está a aumentar e está a ficar mais difícil ganhar. Estamos a apreciar este desafio e focados em regressar mais fortes. Os corredores são o coração das equipas e cada uma das novas contratações forma uma parte da evolução da equipa", afirmou Dave Brailsford, o director da Ineos Grenadiers.

Os reforços

Adam Yates (28 anos) era uma pretensão antiga. Tanto ele como o irmão decidiram assinar pela então Orica GreenEDGE (actual Mitchelton-Scott) quando se tornaram profissionais. Apesar de terem a mesma formação de outros britânicos que foram para a Sky nos primeiros tempos do projecto, os gémeos não quiserem ter um papel secundário e foram para a formação australiana. Agora, Adam vai procurar ter protagonismo numa equipa que não só tem Bernal, mas também o compatriota Iván Ramiro Sosa, Eddie Dunbar, Pavel Sivakov e mesmo Tao Geoghegan Hart, todos a ambicionarem serem mais do que gregários.

Contudo, os últimos dois ainda não renovaram, assim como Filippo Ganna, que esta sexta-feira se sagrou campeão do mundo de contra-relógio. Michal Kwiatkowski está entre os da "velha guarda" que também ainda não prolongou o vínculo, mas o polaco já fez saber que a primeira opção passará por continuar.

Entre os reforços hoje anunciados, Thomas Pidcock era um nome há algum tempo relacionado com a estrutura britânica. Tem apenas 21 anos, mas é visto como um autêntico prodígio. Rei do ciclocrosse nas camadas jovens, a passagem para a estrada também foi feita com sucesso, tendo, por exemplo, ganho o Paris-Roubaix de juniores em 2019 e este ano já venceu o Giro para o seu escalão. Evoluiu na extinta Team Wiggins, mas foi adiando um passo maior, principalmente porque sempre quis garantir que poderia continuar a competir no ciclocrosse. Na Ineos Grenadiers será altura de se concentrar mais na estrada e juntar-se ao grupo de jovens talentos, espalhados por várias equipas, que já está a tomar conta do World Tour.

Quando em 2019 assinou pela Jumbo-Visma deixando a Quick-Step Floors, Laurens de Plus foi à procura de maior destaque nas grandes voltas. Parecia estar a caminho de se tornar um homem importante para o bloco de Primoz Roglic, não sendo segredo que queria mais, eventualmente. Acabou desaparecer aos poucos da equipa, ainda mais este ano, quando cedo foi noticiado que estaria a caminho da Ineos Grenadiers. Tem apenas 25 anos, margem para progredir e percebe-se porque foi contratado. Em forma, este ciclista é um incansável trabalhador e com potencial para tentar ganhar, quando e se lhe forem dadas oportunidades.

Daniel Martínez será curioso ver como encaixa. O recente vencedor do Critérium du Dauphiné e de uma etapa no Tour já tinha conquistado estatuto na EF Pro Cycling com quem ainda tinha contrato, mas resolveu mudar-se mais cedo. Percebe-se que a Ineos Grenadiers lhe dará outras condições nas provas por etapas, mas a concorrência interna também será grande, ainda mais se Sivakov, renovar. Aos 24 anos falta-lhe maior estabilidade nas grandes voltas para lutar por top dez (acontece sempre algo para perder tempo), mas já se percebeu que Martínez tem o que é preciso para ser mais um colombiano de sucesso. A equipa americana vai sentir a perda deste ciclista.

Se os dois primeiros assinaram até 2023, tanto Martínez como Richie Porte só rubricaram acordo para 2021. No caso do australiano é compreensível. Aos 35 anos, Porte tinha assumido que este seria o seu último ano como líder, ainda que quisesse despedir-se em grande da Trek-Segafredo. Conseguiu finalmente um pódio numa grande volta e que merecida foi aquela presença no terceiro lugar da Volta a França, nos Campos Elísios.

Falta ainda a vitória numa etapa, mas já é uma alívio para este ciclista ter alcançado este feito, pois quando deixou a Sky em 2015, depois de quatro temporadas, para não estar dependente das escolhas de Chris Froome, o repto era ser um líder ganhador. Quedas, perda de tempo em etapas de vento, furos... aconteceu de tudo a Porte, mesmo quando se apresentou em grande forma, tanto na BMC, como na Trek-Segafredo.

Ainda se falou da possibilidade de assinar pela Israel Start-Up Nation, para retomar a parceria com Froome, com Porte a ter sido um gregário de luxo. Porém, o australiano vai assumir um papel de ajuda na reconstrução da agora Ineos Grenadiers.

Juntamente com Luke Rowe (30 anos) será certamente um capitão, ficando agora a dúvida onde entrará Geraint Thomas (34) nesta reconstrução. Para o galês seria importante ganhar a Volta a Itália se quer ter uma palavra a dizer em 2021 (último ano do seu contrato), numa altura em que já pouco o vão ouvindo.

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Filippo Ganna, a confirmação

No dia em que a Ineos Grenadiers anunciou quatro reforços para 2021, Filippo Ganna confirmou com um título mundial de elite que é um dos melhores no contra-relógio. Foi uma exibição de enorme nível, com desde o primeiro quilómetro a perceber-se que Itália preparava-se para um dia muito especial. Ganna ainda não renovou contrato, mas tornou-se agora um ciclista ainda mais apetecível. Afinal quem não quer um campeão do mundo nas suas fileiras?

Pela primeira vez, Itália conquista em título mundial de contra-relógio em elite e logo nuns Mundiais que, inesperadamente, acabaram por se realizar naquele país, depois da organização suíça de Aigle-Martigny ter cancelado devido à pandemia. Nos 31,7 quilómetros de Imola, Ganna foi dono e senhor da estrada, com o bicampeão Rohan Dennis a ficar a 39 segundos (quinto lugar). O título muda de país, mas fica na Ineos Grenadiers... se Ganna renovar (publicamente ainda não foi anunciado qualquer acordo).

Ganna ficou algo incrédulo com a vitória. Emoções do momento, porque o italiano era um dos grandes favoritos, depois de no ano passado ter sido terceiro. O percurso plano e não muito longo, encaixava perfeitamente nas suas características. Wout van Aert era um dos seus maiores adversários, mas desta feita o belga teve de se contentar com a medalha de prata, fazendo mais 26 segundos que os 35:54 minutos de Ganna.

O italiano terminou com uma velocidade média de 52,89 quilómetros/hora, num traçado que teve o vento a dificultar durante uma parte (as rajadas aproximaram-se dos 40 quilómetros/hora), mas a ajudar quando esteve de costas.

A fechar o pódio esteve o campeão europeu Stefan Küng, com o suíço a precisar de mais 29 segundos do que o italiano para completar a distância. Geraint Thomas foi quarto, a 37 segundos, sendo que o britânico fica com uma história para contar. Quando lhe foi entregue a bicicleta, minutos antes de partir, faltava o ciclo-computador.

Ainda lhe foi dado um alternativo, mas não encaixava e Thomas fez o contra-relógio sem qualquer indicação de velocidade, potência, tempo ou sequer quilómetros, como o próprio contou. O pódio ficou a oito segundos, em mais um bom resultado de um ciclista que está a subir de forma, rumo à Volta a Itália que arranca daqui a uma semana.

Quanto a Ganna, aos 24 anos cumpre na estrada o que já prometia na pista. Conquistou vários títulos entre europeus e mundiais, com destaque para os de perseguição individual. Dois deles à custa de Ivo Oliveira. Em 2016 foi campeão europeu de sub-23 batendo o português, repetindo o feito em 2018 nos Mundiais de elite.

Na estrada, a sua evolução tem sido feita com calma e também não deixou por completo a pista. Já conta com dois títulos nacionais de contra-relógio e algumas outras vitórias, como aconteceu recentemente no Tirreno-Adriatico. Novamente no contra-relógio. Mas em 2016 venceu o Paris-Roubaix para juniores.

No World Tour, começou em 2015 como estagiário da então Lampre-Merida e em 2017 assinou pela UAE Team Emirates, herdeira da estrutura italiana. Porém, está desde 2019 na Ineos e o título mundial poderá ser a projecção que lhe estava a faltar.

Os portugueses

O seleccionador José Poeira bem tinha avisado que o contra-relógio de Imola favorecia ciclistas mais possantes. No entanto, apesar de ser curto e com pouca dificuldade para as características de Nelson Oliveira, o ciclista português ficou à porta do top dez, algo que já alcançou em quatro ocasiões. 99 centésimos, foi essa a diferença! Foi Tom Dumoulin que "tirou" essa hipótese a Nelson Oliveira, apesar do holandês quase ter caído à entrada do autódromo Enzo e Dino Ferrari, onde a prova terminou.

Oliveira foi 11º, a 1:15 minutos de Ganna, enquanto o outro Oliveira, Ivo, participou pela primeira vez num Mundial como ciclista de elite. Fechou em 34º, a 3:23 do vencedor.

"O Nelson não começou com o ritmo que lhe conhecemos. Os primeiros 7/8 quilómetros foram responsáveis por o resultado não ser ainda melhor. Na fase final andou muito bem. Foi pena o contra-relógio ser tão curto", explicou José Poeira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo. Quanto a Ivo Oliveira: "Gostei da prova que fez. Não foi perfeita, mas foi muito bem conseguida. Não sendo perfeita foi uma boa corrida, sobretudo se tivermos em conta que foi a estreia num Mundial de elite."

Este sábado realiza-se a prova feminina de fundo, recordando-se que a holandesa Anna van der Breggen conquistou o título de contra-relógio. No domingo, é a vez dos homens competirem no circuito, que após nove voltas terá 258,2 quilómetros de extensão, com cinco mil de acumulado, dada apenas a duas subidas. As senhoras farão 143 quilómetros, com 2800 de acumulado.

A Equipa Portugal terá em prova novamente os dois Oliveira, assim como Rui Costa (campeão do mundo em 2013) e Rúben Guerreiro.

Classificação do conta-relógio, via ProCyclingStats.

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24 de setembro de 2020

Nelson e Ivo Oliveira na luta contra o relógio em Imola

Nelson e Ivo Oliveira estão de olhos postos num bom resultado em Imola. O percurso pode não ser o mais indicado para as características, principalmente do primeiro. Porém, é um ciclista que sabe bem o que é terminar no top dez e não viajou para Itália para não continuar à procura da medalha que já andou tão perto de conseguir. Já Ivo faz a sua estreia entre a elite, mas não deixa de ser um ciclista a ter em atenção, até porque o percurso assenta-lhe melhor. O vento vai ser um factor importante na prova desta sexta-feira.

O traçado de 31,7 quilómetros é praticamente plano, com apenas 200 metros de acumulado. Para Nelson Oliveira falta um pouco mais de dificuldade, ou pelos menos, maior quilometragem, como explica o seleccionador José Poeira: "Mesmo plano, se fosse uma prova mais extensa, o Nelson poderia fazer a diferença, porque consegue continuar a render quando alguns corredores começam a perder capacidades. Sendo tão curto, terá de aquecer bem e arrancar logo a dar o máximo. Para o Ivo, que fará o primeiro mundial de contra-relógio entre a elite, a distância está mais enquadrada com as suas características pessoais."

Nelson Oliveira, 31 anos, fechou top dez 2014, 2017, 2018 e 2019, Em 2009, em sub-23 conquistou a medalha de prata e é um dos especialistas desta vertente. Ivo Oliveira também se vai tornando num. O ciclista de 24 anos, que tanto venceu na pista, este ano sagrou-se campeão nacional de contra-relógio de elite, depois de já o ter sido em sub-23.

"O traçado é quase sempre a rolar, como se vê no gráfico. Mas o factor principal será o vento. À hora do contra-relógio prevê-se vento de 40 km/hora, o que é muito. A primeira parte será com vento de frente e a segunda com vento de costas. É o meu primeiro mundial de elite. Fiz uma boa Volta ao Luxemburgo. Chego bem preparado e no contra-relógio vai ser só carregar nos pedais", salientou Ivo Oliveira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

Pode não ser o percurso mais indicado para os representantes de Portugal, mas José Poeira deixa uma garantia: "T
emos a responsabilidade de honrar o país e vamos bater-nos pelo melhor resultado possível." Explica que o traçado "favorece os ciclistas mais pesados e possantes", mas a Equipa Portugal tem alcançado bons resultados em Mundiais e a ambição é sempre alta.

De recordar que, no domingo, Nelson e Ivo voltam à acção na prova de fundo, juntamente com Rui Costa e Rúben Guerreiro.

Horários

O contra-relógio de Imola começa às 13:30 (hora de Lisboa, mais uma em Imola), com o sírio Ahmad Wais a ser o primeiro a sair para a estrada. Rohan Dennis será o último 14:54, com o australiano a perseguir o seu terceiro título consecutivo. O campeão de 2017, Tom Dumoulin, também estará presente.

Filippo Ganna é outro ciclista a ter em atenção, com o italiano à procura de melhorar o terceiro lugar de 2019, ele que este ano se sagrou campeão do seu país pela segunda vez e foi ainda o melhor na especialidade no Tirreno-Adriatico. E claro, vai ser impossível não se ter atenção ao que irá fazer Wout van Aert, o ciclista que ganha e que ainda é um gregário de luxo. É um forte candidato à vitória final. Atenção ainda ao dinamarquês Mikkel Bjerg. Em sub-23 venceu três títulos mundiais nesta vertente.

Aqui fica a lista com os horários de partida (hora de Lisboa) dos principais nomes:
  • 13:43.30 Maciej Bodnar (Polónia)
  • 13:45.00 Ivo Oliveira (Portugal)
  • 13:48.00 Brandon McNulty(EUA)
  • 13:52.30 Jos van Emden (Países Baixos)
  • 13:54.00 Edoardo Affini (Itália)
  • 13:55.30 Luke Durbridge (Austrália)
  • 14:10.30 Mikkel Bjerg (Dinamarca)
  • 14:12.00 Hugo Houle (Canadá)
  • 14:21.00 Jasha Sütterlin (Alemanha)
  • 14:24.00 Geraint Thomas (Grã-Bretanha)
  • 14:25.30 Matthias Brändle (Áustria)
  • 14:27.00 Ryan Mullen (Irlanda)
  • 14:34.30 Tobias Ludvigsson (Suécia)
  • 14:36.00 Pello Bilbao (Espanha)
  • 14:37.30 Victor Campenaerts (Bélgica)
  • 14:39.00 Nelson Oliveira (Portugal)
  • 14:40.30 Kasper Asgreen (Dinamarca)
  • 14:42.00 Lawson Craddock (EUA)
  • 14:43.30 Patrick Bevin (Nova Zelândia)
  • 14:45.00 Alex Dowsett (Grã-Bretanha)
  • 14:46.30 Rémi Cavagna (França)
  • 14:48.00 Wout van Aert (Bélgica)
  • 14:49.30 Stefan Küng (Suíça)
  • 14:51.00 Tom Dumoulin (Países Baixos)
  • 14:52.30 Filippo Ganna (Itália)
  • 14:54.00 Rohan Dennis (Austrália)
O título que faltava

O contra-relógio feminino abriu hoje os Mundiais em versão reduzida, de Imola, cidade que substituiu Aigle-Martigny depois dos organizadores suíços terem cancelado devido às restrições impostas no país com a pandemia. Itália irá receber apenas os contra-relógios e provas de fundo de elite e esta quinta-feira Anna van der Breggen conquistou uma das poucas grandes vitórias que lhe faltava.

A ciclista dos Países Baixos foi a mais forte nos 31,7 quilómetros em 40:20 minutos, com a suíça Marlen Reusser a ficar a 15 segundos do primeiro lugar e a compatriota de Van der Breggen, Ellen van Dijk, a fechar o pódio, a 31 segundos.

A campeã de 2019, a americana Chloe Dygert, sofreu um acidente aparatoso. Perdeu o controlo da bicicleta numa descida, embateu numa barreira, caindo para o lado contrário. Foi transportada para o hospital, com a federação a avançar que a atleta estava consciente. Aquando da publicação deste texto, não haviam sido divulgados mais pormenores sobre o estado de saúde de Dygert.

Classificação completa, via ProCyclingStats.


23 de setembro de 2020

O mundo amarelo de Tadej Pogacar

Tadej Pogacar ainda está nos primeiros dias como vencedor da Volta a França e já admite que a sua vida ficou "virada do avesso" desde o contra-relógio de sábado, em La Planche de Belles Filles. O mundo amarelo do ciclista começou quando acordou no domingo, com as marcas ligadas à UAE Team Emirates a não falharam no momento de celebrar o feito do jovem que esta segunda-feira celebrou 22 anos. 

Equipamento da cabeça aos pés, bicicleta, bidão, até a máscara, nada faltou em amarelo, como se pode ver nas fotografias. Tudo para guardar e mais tarde recordar. A bicicleta da Colnago teve de ser substituída rapidamente, pois Pogacar admitiu numa entrevista ao L'Equipe que na sexta-feira à noite tinha visto os mecânicos a prepararem uma toda branca, para o ciclista utilizar na derradeira etapa e assim assinalar a conquista da classificação da juventude. Sábado tudo mudou, com Pogacar a vencer não só a camisola branca, como a das bolinhas vermelhas da montanha e, claro, a amarela.

Da noite para o dia, tudo mudou, incluindo a vida do esloveno, que ainda está só a começar a experimentar todas as responsabilidades que advêm de um vencedor da Volta a França. "Penso que o segredo do meu sucesso é que comecei sem acreditar em algum momento que poderia ganhar. Era um espírito livre. Nem sequer tinha um ciclo-computador", contou o ciclista ao jornal francês. "O contra-relógio virou a minha vida do avesso e tudo ainda está do avesso", afirmou.

Pogacar não esquece Primoz Roglic, o seu compatriota e rival durante o Tour. Realçou como considerou que o ciclista da Jumbo-Visma reagiu bem à derrota, lamentando que não tenha ganho. Afirmou mesmo que Roglic foi o melhor durante todo o Tour, mas que teve um mau dia no contra-relógio, para o qual havia partido com 57 segundos de vantagem e acabou a 59 de distância de Pogacar. "Tenho pena por ele, mas o desporto é assim. Queremos ganhar, damos tudo e, infelizmente, ele perdeu a camisola e sou eu que a tenho, apesar de ele ser um dos melhores ciclistas dos últimos três anos", afirmou.

Há três anos, Pogacar nem no World Tour estava - representava uma equipa Continental de Liubliana -, mas já ganhava o Tour de l'Avenir e tinha a UAE Team Emirates a garantir a sua contratação para 2019. E nunca é de mais recordar: a primeira vitória como ciclista do World Tour foi na Volta ao Algarve, primeiro no Alto da Fóia e depois conquistando a geral.

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