21 de abril de 2018

Benoot critica diferentes decisões para ciclistas que usam ciclovias nas corridas

Tiesj Benoot criticou as recentes decisões dos comissários que tanto castigam um ciclista que passa numa ciclovia durante uma corrida, como deixam outro sem sanção. Os casos em causa envolvem Luke Rowe, na Volta a Flandres, e Peter Sagan, na Amstel Gold Race. O ciclista belga, da Lotto Soudal, não gostou de ver o primeiro ser retirado da competição, enquanto o eslovaco foi até final e não sofreu qualquer castigo. Deixa mesmo entender que há diferentes pesos e medidas dependendo de quem se trata.

"A UCI tem de ser consistente. Se diz que não é permitido e os melhores ciclistas fazem, então tens de os tirar da corrida. Só assim se marca uma posição", afirmou Benoot ao Sporza. "O Rowe ganhou menos vantagem [comparativamente com o Sagan]. Ele teve de sair [da estrada] senão caía. Ele não deveria ter sido retirado da corrida", considerou o belga. A decisão de expulsar o britânico causou alguma surpresa e levou a algumas críticas na altura. O próprio ciclista não concordou, mas foi o primeiro a tentar não criar muita polémica.

As imagens televisivas deixaram de imediato a sensação de que o ciclista viria depois a explicar, ou seja, que ao ver-se na ciclovia e, por consequência, no meio de algum público, Rowe travou e tentou regressar à estrada da forma mais segura possível. O britânico da Sky referiu que dada a luta pela colocação, acabou por ser forçado a ir para a ciclovia, de forma a evitar uma queda. Por causa disso, entrou no Kwaremont na parte de trás do grupo. Ou seja, não tirou qualquer vantagem. Ainda assim, foi obrigado a "encostar" pelos comissários.

Quanto a Sagan, o eslovaco aproveitou para cortar caminho numa curva e assim recolocar-se mais à frente no pelotão. Havia uma diferença: na Volta a Flandres o vídeo-árbitro estava em acção, na Amstel Gold Race não. Ainda assim, as imagens televisivas mostraram claramente o que o líder da Bora-Hansgrohe fez e para Benoot também está em causa quem comete a infracção. "Há dois anos houve pela primeira vez muita discussão sobre as ciclovias. Na Omlopp Het Nieuwsblad, o grupo que liderava, com o Sagan, Avermaet e Vanmacke, andou na ciclovia, mas tinha sido repetido cinco vezes que era proibido. Não foi permitido aos perseguidores seguir o mesmo exemplo e tiveram de andar no pavé. Foi onde perderam a corrida", recordou Benoot.

Este é um assunto que continua a ser muito sensível, com as organizações das corridas de pavé a considerarem que é difícil aplicar as regras da UCI em provas com características tão especiais como estas. Uma das soluções tem sido colocar barreiras, mas há certo locais em que simplesmente não é possível. Ainda recentemente na Kuurne-Brussels-Kuurne, o caminho de pavé ficou completamente vazio, enquanto o pelotão seguiu em fila indiana pela ciclovia na lateral. O director da corrida limitou-se a dizer: "O que posso fazer? Desqualificá-los a todos?"

Os casos que originaram as declarações de Benoot são diferentes e demonstraram como as regras não são aplicadas de forma uniforme, ainda que a decisão que afectou Rowe foi vista como exagerada e não só por Benoot.

Por outro lado, e como exemplo que demonstra que as desqualificações em massa não se podem evitar só porque são muitos a desrespeitar as regras, na recente Scheldeprijs foi deixada uma mensagem muito clara. 35 ciclistas foram imediatamente excluídos da corrida, depois de desrespeitarem a sinalização de uma passagem de nível e entre eles estavam alguns dos grandes nomes do pelotão, como Dylan Groenewegen (Lotto-Jumbo), Arnaud Démare (Groupama-FDJ) e Tony Martin (Katusha-Alpecin). E aqui não havia vídeo-árbitro, mas ninguém escapou. Este foi um assunto que ganhou relevo depois de no Paris-Roubaix, em 2015, alguns ciclistas não terem parado quando a cancela fechou. Houve quem passasse segundos antes do comboio surgir. As sanções endureceram desde então. Além da exclusão, os 35 ciclistas pagaram 100 francos suíços de multa (cerca de 83 euros).


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