13 de abril de 2018

Cunego já preparou o seu futuro pós-ciclista e vai continuar na modalidade a ajudar... os japoneses

Último Giro de Cunego foi em 2016, quando liderou a classificação
a montanha durante 13 etapas, mas acabaria por perder para Mikel Nieve
(Fotografia: Giro d'Italia)
É difícil esconder alguma desilusão por não ter a oportunidade de correr uma última Volta a Itália. A organização não deu um convite à Nippo-Vini Fantini-Europa Ovini e Damiano Cunego ficou sem o seu ambicionado adeus, mas vai tentar de ter uma despedida em grande. Não se sabe qual será última prova, contudo, está garantido que marcar presença na Amstel Gold Race dez anos depois de a ter vencido, teria um sabor bem especial fazer algo marcante na corrida que abre a Semana das Ardenas.

Aos 36 anos, Cunego considera que chegou o momento de se afastar e ceder lugar à nova geração, que quer ajudar a evoluir. Longe vão os tempos em que com apenas 22 anos se tornou num dos ídolos em Itália, tendo contribuído para tal vencer o Giro logo na sua segunda participação, em 2004. Nesse ano ganhou ainda três etapas. Somou mais algumas grandes vitórias, como a Amstel Gold Race em 2008, mas Cunego não conseguiu prolongar a senda vencedora e foi aos poucos perdendo preponderância e destaque, sem nunca perder o carinho dos tifosi.

"Vou terminar porque sinto que a modalidade mudou. Há muitos ciclistas novos e novas equipas. Já cumpri o meu tempo. Também estou pronto para fazer outra coisa na vida", salientou Cunego, numa entrevista à Gazzetta Dello Sport. O ciclista disse que "depois de todos este anos" sente que terminar a carreira é o passo certo. "Queria fazer o Giro uma última vez, mas...", desabafou. Pelo segundo ano consecutivo a equipa italo-japonesa ficou sem um convite para a grande volta transalpina e Cunego aponta agora a outras corridas para terminar a carreira da melhor maneira possível. Sem Giro, a Volta aos Alpes, que começa na segunda-feira, será uma prova apetecível para o corredor que a venceu em 2004, 2006 e 2007, quando se chamava Giro del Trentino.


Entretanto, Cunego vai mantendo-se ocupado, além dos treinos. "Quero trabalhar como treinador. Comecei a estudar para uma licenciatura em Ciência do Desporto, mas foi difícil correr e ter tempo para estar com a família. Agora estou pronto para mudar de papéis e ser treinador a tempo inteiro", referiu. E o emprego já estará garantido, com os nipónicos a prepararem-se para contar com a experiência de Cunego: "Vou trabalhar com a Nippo-Vini Fantini-Europa Ovini até pelo menos 2020 e também ajudarei os ciclistas japoneses a prepararem-se para os seus Jogos Olímpicos em 2020 [em Tóquio]."

Quanto à corrida de domingo, o italiano começou por agradecer à organização por ter convidado a equipa para a Amstel Gold Race, permitindo-lhe assim fazer por uma última vez a prova onde alcançou uma das suas maiores vitórias. "Espero fazer o melhor possível. Quando ganhei, o final era mais selectivo. Agora com a meta longe do Cauberg, a luta nas subidas finais é ainda mais intensa. Haverá provavelmente entre 50 a 80 ciclistas na frente, a lutar por uma posição. Eu sou um pouco peso-pluma, mas não tenho medo de lutar por uma posição. Já enfrentei algumas batalhas", explicou. Apesar de querer mostrar-se, Cunego aponta ainda o colega Marco Canola: "Está em forma e é um bom ciclista." 

Em contagem decrescente para a despedida, só falta saber ao certo quando, surge a pergunta natural: qual o melhor e pior momento? "O melhor foi quando vesti a camisola rosa na etapa para Falzes, em 2004. O pior? Algumas pessoas pensam que foi quando terminei em segundo no campeonato do mundo em Varese, mas ainda ganhei a medalha de prata nesse dia. Os piores momentos foram as quedas e as dores, como na Volta a França de 2008", recordou. O tal Mundial foi o de 2008 quando foi batido pelo compatriota Alessandro Ballan, mas parece que não ficaram ressentimentos. E não se pode esquecer que até tem um título mundial, mas em juniores.

Cunego entrou na fase que irá desfrutar ao máximo das suas últimas corridas, mas sempre com o objectivo de ajudar uma equipa a precisar de uma vitória. Ficar de fora do Giro dois anos consecutivos foi um rude golpe para o projecto, que em 2018 continua sem vencer. Além de Cunego e Canola, Ivan Santaromita é outro nome de relevo na Nippo-Vini Fantini-Europa Ovini, que contratou no final de Fevereiro Juan José Lobato. O espanhol estava sem equipa depois de ter sido despedido da Lotto-Jumbo, por ter consumido medicamentos  para dormir não autorizados pela equipa.

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