Último Giro de Cunego foi em 2016, quando liderou a classificação
a montanha durante 13 etapas, mas acabaria por perder para Mikel Nieve (Fotografia: Giro d'Italia) |
Aos 36 anos, Cunego considera que chegou o momento de se afastar e ceder lugar à nova geração, que quer ajudar a evoluir. Longe vão os tempos em que com apenas 22 anos se tornou num dos ídolos em Itália, tendo contribuído para tal vencer o Giro logo na sua segunda participação, em 2004. Nesse ano ganhou ainda três etapas. Somou mais algumas grandes vitórias, como a Amstel Gold Race em 2008, mas Cunego não conseguiu prolongar a senda vencedora e foi aos poucos perdendo preponderância e destaque, sem nunca perder o carinho dos tifosi.
"Vou terminar porque sinto que a modalidade mudou. Há muitos ciclistas novos e novas equipas. Já cumpri o meu tempo. Também estou pronto para fazer outra coisa na vida", salientou Cunego, numa entrevista à Gazzetta Dello Sport. O ciclista disse que "depois de todos este anos" sente que terminar a carreira é o passo certo. "Queria fazer o Giro uma última vez, mas...", desabafou. Pelo segundo ano consecutivo a equipa italo-japonesa ficou sem um convite para a grande volta transalpina e Cunego aponta agora a outras corridas para terminar a carreira da melhor maneira possível. Sem Giro, a Volta aos Alpes, que começa na segunda-feira, será uma prova apetecível para o corredor que a venceu em 2004, 2006 e 2007, quando se chamava Giro del Trentino.
Entretanto, Cunego vai mantendo-se ocupado, além dos treinos. "Quero trabalhar como treinador. Comecei a estudar para uma licenciatura em Ciência do Desporto, mas foi difícil correr e ter tempo para estar com a família. Agora estou pronto para mudar de papéis e ser treinador a tempo inteiro", referiu. E o emprego já estará garantido, com os nipónicos a prepararem-se para contar com a experiência de Cunego: "Vou trabalhar com a Nippo-Vini Fantini-Europa Ovini até pelo menos 2020 e também ajudarei os ciclistas japoneses a prepararem-se para os seus Jogos Olímpicos em 2020 [em Tóquio]."
Quanto à corrida de domingo, o italiano começou por agradecer à organização por ter convidado a equipa para a Amstel Gold Race, permitindo-lhe assim fazer por uma última vez a prova onde alcançou uma das suas maiores vitórias. "Espero fazer o melhor possível. Quando ganhei, o final era mais selectivo. Agora com a meta longe do Cauberg, a luta nas subidas finais é ainda mais intensa. Haverá provavelmente entre 50 a 80 ciclistas na frente, a lutar por uma posição. Eu sou um pouco peso-pluma, mas não tenho medo de lutar por uma posição. Já enfrentei algumas batalhas", explicou. Apesar de querer mostrar-se, Cunego aponta ainda o colega Marco Canola: "Está em forma e é um bom ciclista."
Em contagem decrescente para a despedida, só falta saber ao certo quando, surge a pergunta natural: qual o melhor e pior momento? "O melhor foi quando vesti a camisola rosa na etapa para Falzes, em 2004. O pior? Algumas pessoas pensam que foi quando terminei em segundo no campeonato do mundo em Varese, mas ainda ganhei a medalha de prata nesse dia. Os piores momentos foram as quedas e as dores, como na Volta a França de 2008", recordou. O tal Mundial foi o de 2008 quando foi batido pelo compatriota Alessandro Ballan, mas parece que não ficaram ressentimentos. E não se pode esquecer que até tem um título mundial, mas em juniores.
Cunego entrou na fase que irá desfrutar ao máximo das suas últimas corridas, mas sempre com o objectivo de ajudar uma equipa a precisar de uma vitória. Ficar de fora do Giro dois anos consecutivos foi um rude golpe para o projecto, que em 2018 continua sem vencer. Além de Cunego e Canola, Ivan Santaromita é outro nome de relevo na Nippo-Vini Fantini-Europa Ovini, que contratou no final de Fevereiro Juan José Lobato. O espanhol estava sem equipa depois de ter sido despedido da Lotto-Jumbo, por ter consumido medicamentos para dormir não autorizados pela equipa.
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