(Fotografia: © BettiniPhoto/UAE Team Emirates) |
Em 2018 assinou pela UAE Team Emirates, à procura de um contrato bem mais vantajoso financeiramente e de novos ares depois de seis anos na Astana. Queria regressar ao Giro, mas a equipa estava mais virada em utilizar os seus três grandes reforços no Tour (Aru, Daniel Martin e Alexander Kristoff). Porém, foi feita a sua vontade. Aru vai estar em Itália à procura de confirmar que a vitória na Vuelta não foi um acaso. Ninguém duvida das suas capacidades de voltista, mas estar na luta pela geral até final é algo que simplesmente não tem acontecido.
Fabio Aru chega ao Giro101 sem ter convencido durante a época até ao momento. Mas se do italiano se pode esperar que apareça bem melhor na grande volta, já quem pouco ou nada convence são os seus companheiros. As individualidades estão lá, mas o colectivo não tem funcionado.
Na Volta aos Alpes, Aru demonstrou ainda estar algo "preso" quando era preciso aumentar o ritmo. Apesar do sexto lugar, não conseguiu andar ao ritmo de Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) - o vencedor -, Miguel Ángel López (Astana), Domenico Pozzovivo (Bahrain-Merida) - que completaram o pódio - e Chris Froome (Sky). Todos adversários que irá encontrar no Giro. Não há razões para pânico, com Aru a ter tempo para ir subindo a sua forma. No entanto, o que ficou bem claro foi a falta de capacidade da equipa em proteger o seu líder. Apenas dois desse grupo estarão no Giro com Aru: Valerio Conti e Vegard Stake Laengen. Dos restantes agora chamados, pode-se dizer que na teoria oferecem toda a confiança, mas é difícil não colocar um ponto de interrogação.
Este é um problema que já vem desde os últimos tempos da Lampre-Merida. Que o diga Rui Costa! Os líderes tentem a ficar muito sozinhos, com os companheiros de equipa ou a nem aparecerem ou a irem à procura de resultados próprios. Diego Ulissi, por exemplo, sabe bem o que é ganhar etapas no Giro (seis) e certamente que terá a sua liberdade. Se se dispor a ajudar também Aru, será uma dupla importante, trio se John Darwin Atapuma estiver em momento sim. A este colombiano não lhe falta talento, mas falha sempre algum pormenor nos momentos decisivos. Uma vitória de etapa em grandes voltas já lhe escapou umas quantas vezes. Foi nono no Giro há dois anos e a chegada de Aru e Martin tapou-lhe um caminho que provavelmente pensaria ser dele: ter a oportunidade de ser líder indiscutível numa volta.
Jan Polanc foi uma das sensações no Giro100. Venceu no Etna e terminou à porta do top dez. Aos 25 anos quer afirmar-se e apesar de ter tempo para tal, será difícil colocar de lado o pensamento que poderá repetir e até fazer melhor do que em 2017.
A veterania de Marco Marcato (34 anos) e Manuele Mori (37) terá o seu papel dentro da equipa, principalmente porque os dois ciclistas poderão assumir-se como leais homens de trabalho. Contudo, se a UAE Team Emirates não encontrar forma de colocar os seus melhores corredores a trabalhar para o líder, é Aru quem vai ter muito trabalho em disputar uma corrida, na qual encontrará uma Sky, Groupama-FDJ e Sunweb, por exemplo, 100% dedicadas aos seus números uns.
Fabio Aru precisa de união na sua equipa e também de um pouco de sorte, como o próprio disse antes da Volta aos Alpes. Entre quedas e indisposições, o ciclista tem ficado fora da discussão de momentos importantes. Mas é preciso mais do que sorte e se a UAE Team Emirates não corresponder colectivamente, então ou Aru veste a pele de Alberto Contador de 2015, ou o campeão italiano verá serem reduzidas as possibilidades de discutir o Giro. E Aru já destacou que precisa de ter cerca de 1:30 minutos de vantagem sobre um Tom Dumoulin, por exemplo, quando chegar o contra-relógio de 34,5 quilómetros de Rovereto, na 16ª etapa.
Com a UAE Team Emirates a ameaçar chegar ao Giro com apenas duas vitórias este ano, a pressão sobre Fabio Aru aumenta ainda mais. Resultados precisam-se numa equipa que tanto investiu.
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