20 de abril de 2018

Pinot é finalmente um candidato a temer

(Fotografia: Facebook Volta aos Alpes)
Demorou se calhar mais do que os exigentes franceses desejavam, mas Thibaut Pinot está feito num candidato temível para uma grande volta. A única questão para os gauleses, é que é para o Giro que Pinot ameaça aparecer muito bem e decidido a conquistar uma grande vitória, que com o passar do tempo nem sempre se acreditava poder ser mesmo possível. Pinot não demorou nem muito, nem pouco tempo. Demorou o necessário para amadurecer, para evoluir como trepador e principalmente no contra-relógio e a descer (sempre que o terreno inclinava para baixo, era um terror ver este ciclista). E tacticamente. É um ciclista descomplexado, sem receio de tomar as rédeas de uma corrida, como se viu na Volta aos Alpes.

Pinot sofreu uma enorme pressão desde que em 2012 conquistou os adeptos franceses com uma grande vitória de etapa no Tour. Tinha 22 anos e aquelas imagens do director da FDJ, Marc Madiot, quase a roçar o histerismo no incentivo ao jovem Pinot, ainda hoje são marcantes na história da Volta a França. Em 2014 subiu ao último lugar do pódio e os franceses colocaram de vez Pinot como o sucessor de Bernard Hinault, o último a vencer o Tour, em 1985. Porém, a afirmação não chegou à velocidade desejada e entretanto apareceu Romain Bardet (AG2R) que lhe foi tirando protagonismo. Pinot apostou forte em 2016, mas tudo o que podia correr mal, correu e abandonou o Tour. No ano passado foi ao Giro e o ciclista da Groupama-FDJ parece ter encontrado a grande volta onde poderá discutir uma vitória e talvez assim elevar o seu nível para que eventualmente possa assumir-se como candidato no Tour.

Em 2017 venceu uma etapa e discutiu o pódio, que lhe escapou por 37 segundos. Quando se pensava que voltaria a concentrar-se somente no Tour, a decisão foi regressar a Itália e a julgar pelo que fez na Volta aos Alpes, foi uma escolha muito acertada. Não foi só a vitória, mas a forma como se apresentou. Respondeu a ataques, contra-atacou, foi tacticamente inteligente, não se deixando perturbar por uma Sky com Chris Froome, nem por um Miguel Ángel Lopez e Domenico Pozzovivo muito activos e a prometer espectáculo para o Giro.

Têm sido claras as melhorias a descer, desde que não sejam estradas a exigir demasiada técnica e Pinot teve a oportunidade de se testar, já que os adversários até o obrigaram. Chegou ao ponto de se colocar na frente para ser ele a controlar. Eis um ciclista com a confiança necessária para enfrentar uma Volta a Itália que contará com um leque muito interessantes de candidatos e que terá o francês como um dos principais.

Se a nível individual Thibaut Pinot demonstra que aos 27 anos alcançou a sua maturidade, agora falta saber como se irá comportar a Groupama-FDJ. Na Volta aos Alpes, a equipa levou praticamente o bloco com que pretende disputar a maglia rosa a partir de 4 de Maio: Steve Morabito, William Bonnet, Georg Preidler, Sebastien Reichenbach e Jérémy Roy. Ficam por preencher dois lugares e pelo menos um deles é possível que fique para um dos italianos: Davide Cimolai ou Jacopo Guarnieri, que poderão ser importantes nas etapas mais planas, além de poderem disputar os sprints.

O bloco da Astana aparenta estar forte, o da Sky não foi particularmente convincente, mas já se sabe que como esta equipa se comporta em grandes voltas e pode estar a deixar o melhor para o momento certo. Bahrain-Merida, Lotto-Jumbo - olhando para o top dez da Volta aos Alpes - estão longe de ser dos mais fortes, ainda que seja Fabio Aru quem possa estar mais preocupado com a sua UAE Team Emirates. O da Groupama-FDJ é um bloco sólido e com potencial, mas está a faltar alguém que acompanhe Pinot durante mais tempo nos momentos decisivos.

Faltam duas semanas para o arranque do Giro, em Jerusalém, Israel e o tempo escasseia para melhorar muitos mais pormenores. Mas certo é que Pinot está bem, recomenda-se e fica a sensação que ainda há espaço para ir subindo de forma ao longo das três semanas da corrida. É o que se pede a um voltista: capacidade para começar bem e acabar melhor.

Pode ver aqui as classificações finais da Volta aos Alpes, que contou com um ciclista português. Amaro Antunes (CCC Sprandi Polkowice), ainda no processo de recuperar a forma depois da queda na Ruta del Sol, em Fevereiro, abandonou na última etapa.


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