23 de abril de 2018

Dois alertas e a morte de Goolaerts levam ciclista a terminar a carreira

(Fotografia: © WB Aqua Protect Veranclassic)
Clinicamente Grégory Habeaux tinha sido dado como apto para competir ao mais alto nível, apesar de em Novembro ter sofrido uma taquicardia que o levou ao hospital. Depois de vários exames, nada foi detectado. Porém, já durante esta temporada, o ciclista belga sentia que não estava a conseguir treinar como deveria e tinha dificuldades nas corridas. A 11 de Março, no Paris-Troyes, percebeu que não dava mais, que não tinha capacidade para acompanhar o ritmo elevado de uma corrida. Três dias antes, Michael Goolaerts (23 anos) tinha morrido após sofrer um ataque cardíaco durante o Paris-Roubaix. Casado, com dois filhos de oito e cinco anos, Habeaux considerou que era o momento para terminar a carreira.

"Não tinha pensado nisto [retirar-se], não estava preparado, mas depois de dois alertas não quero continuar a correr riscos. Não me arrependo da minha decisão, ainda mais depois do que aconteceu ao Michael [Goolaerts]", afirmou Habeaux, citado pelo jornal belga Dernière Heure. "Não podes fazer um desporto como este ao mais alto nível tendo receio", acrescentou. Habeaux tem 35 anos e recebeu o apoio da família e da equipa, que não o deixou sair. Recentemente esteve na Volta à Croácia continuando a partilhar a sua experiência com os companheiros da WB Aqua Protect Veranclassic
, mesmo que agora não esteja no pelotão.

Não conseguir tirar rendimento dos treinos e acabar por abandonar todas as quatro corridas que realizou esta temporada, a sua 14ª como profissional, foi o alerta final que o levou à decisão de terminar a carreira, mas o primeiro tinha acontecido em Novembro. Mais do que um alerta, foi um susto para o belga. "Eu estava a conduzir e, de repente, fiquei com dores no peito e no braço. O meu coração estava a bater muito rápido. Entrei em pânico. Chamei a ambulância e finalmente fui transportado para o hospital, pois apresentava sintomas de um enfarte", contou o agora ex-ciclista.

Habeaux foi submetido a vários exames, mas não foram detectados problemas. Nesta altura, também veio à memória a intervenção cirúrgica realizada há cinco anos para corrigir uma extrassístole ventricular, uma arritmia pontual. Então, realizou também vários exames e foi dado como apto para prosseguir a carreira como ciclista.

"Tinha más sensações, as pernas doíam-me muito, não conseguia elevar as pulsações, não consigo passar das 160, as minhas pernas inchavam rapidamente, o oxigénio nunca era o suficiente...", contou Habeaux sobre estes últimos meses desde o incidente de Novembro. O belga confessou que se sente frustrado, pois acabou por não ser uma decisão que pensava tomar já. O objectivo era cumprir mais esta temporada e depois sim, pensar se tinha ou não chegado o momento de colocar um ponto final.

Do seu director desportivo chegaram palavras de apoio para quem de um dia para o outro viu a sua vida mudar. "O Greg deu uma enorme contribuição à equipa como um capitão da estrada. Ele passou a sua experiência como ciclista profissional aos nossos jovens corredores e vai continuar a fazê-lo. Vamos continuar a apoiá-lo nesta sua repentina mudança na carreira desportiva. Demos-lhe tempo para encontrar o seu caminho na equipa", salientou Christophe Brandt.

No arranque da temporada de 2017, o belga Gianni Meersman também terminou a carreira, aos 31 anos, devido a problemas cardíacos. Meses antes, tinha ganho duas etapas na Volta a Espanha. Já Ramunas Navardauskas e Lars Boom foram submetidos a intervenções cirúrgicas, mas ambos regressaram à competição. Representam actualmente a Bahrain-Merida e a Lotto-Jumbo, respectivamente.

Grégory Habeaux era um especialista em clássicas, tendo feito quase toda a sua carreira em equipas belgas.

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