10 de abril de 2018

Quando chegou ao velódromo de Roubaix o portão já estava fechado

Ciclista furou e foi buscar uma roda ao carro da equipa... que estava a ser rebocado
(Imagem: print screen)
As peripécias num Paris-Roubaix dariam vários livros e certamente, pelo menos, um bom filme. Oficialmente, o último classificado da edição de 2018 foi o italiano da UAE Team Emirates foi Simone Consonni, que cortou a meta a 26.54 minutos do vencedor Peter Sagan, sendo 101º. Porém, houve quem não quisesse abandonar, mesmo que muito provavelmente já não contasse para a classificação, como se veio a confirmar. Foi o caso de Evaldas Siskevicius. Era a quarta vez que estava no monumento francês e para o lituano terminar era ponto de honra. Sobreviveu ao Inferno do Norte, a um furo já não muito longe do fim e ao facto de ter ficado sozinho, com o carro vassoura a receber ordem para seguir para Roubaix, enquanto o ciclista da Delko Marseille Provence KTM ainda pedalava e recusava parar. Quando viu o velódromo, Siskevicius passou rapidamente de pensar "missão cumprida", para ter dificuldades em acreditar no que os seus olhos lhe mostravam: o portão estava fechado.

"Felizmente um comissário foi compreensivo e deixou-me entrar. Assim pude fazer a minha volta e meia na pista", contou o ciclista ao Sporza. Mas pode-se dizer que este foi apenas o insólito final, pois antes já tinha uma história para contar. A menos de 40 quilómetros para a meta, 
Siskevicius (29 anos), ficou com o carro vassoura atrás de si. Nele já iam alguns ciclistas, a precisar urgentemente de um belo duche, e com as bicicletas presas no reboque.

Para o lituano não fazia sentido abandonar quando faltava tão pouco, tendo em conta que já tinha pedalado mais de 230 quilómetros. "Eu nunca desisto, seja na bicicleta, seja noutros aspectos da vida. Não queria desrespeitar a corrida. O Paris-Roubaix é um monumento que devemos honrar", salientou. Siskevicius seguiu e entrou no Carrefour de l’Arbre, sector de cinco estrelas. A 18 quilómetros de terminar a corrida, furou. Receou que era o fim, mas não: "Tive sorte. Estava lá o carro da minha equipa num reboque, mesmo atrás do carro vassoura. Pude ir buscar uma roda", contou. A viatura de apoio da Delko Marseille Provence KTM tinha avariado, o que acabou por calhar mesmo bem para Siskevicius.

E lá seguiu ele, determinado em terminar o Paris-Roubaix e apoiado por algum público que ainda se mantinha nas bermas dos sectores de pavé. Siskevicius admitiu que também esse foi um factor decisivo para chegar ao velódromo. Quando cortou a meta, já Peter Sagan o tinha feito há uma hora, tinha subido ao pódio e a festa na Bora-Hansgrohe estava em alta. Siskevicius teve o momento que ambicionava: terminar. Mesmo que não conte para a classificação, pois chegou fora do tempo limite. Ficou com uma boa história para contar! Em quatro participações no Paris-Roubaix, Siskevicius só terminou em 2016 (80º, a 16:52 de Mathew Hayman), mas se calhar não ficou com tanto para recordar.

No vídeo em baixo vê-se parte da aventura de Siskevicius e como diz um adepto: Chapeau! Grande atitude deste ciclista.

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