15 de abril de 2018

Valgren a tornar o seu nome num dos grandes da Astana

Valgren no pódio com Kreuziger e Gasparotto
(Fotografia: Facebook Amstel Gold Race)
Faltam grandes nomes? Então está na altura de os criar. Poder-se-ia pensar que a Astana ia levar as mãos à cabeça por em dois anos ter ficado sem as suas duas referências para as grandes voltas: Vincenzo Nibali e Fabio Aru. Alexander Vinokourov ficou furioso por este último não ter renovado e até o ameaçou processar por alegadamente nunca ter dito nada e ter anunciado a saída numa altura em que já era missão impossível arranjar um substituto do seu nível. Porém, e apesar de até se ter reforçado com bons ciclistas, esta foi a oportunidade para os homens da casa se mostrarem e, principalmente, se afirmarem. Se mais à frente se espera por Miguel Ángel López, entretanto Michael Valgren aproveitou para dizer que a Astana pode ser uma equipa ganhadora nas clássicas. Duas grandes vitórias de um ciclista inteligente, com enorme talento para este tipo de corridas, mas também com capacidade para algumas provas de uma semana, além de ser um excelente contra-relogista. E sim, tomou o gosto de ganhar.

Com Peter Sagan e Alejandro Valverde no grupo que ficou na frente para discutir a Amstel Gold Race, não será difícil de adivinhar que muitos estariam a pensar que se houvesse sprint, o eslovaco "limparia" a concorrência, mas o espanhol poderia fazer um ataque letal para finalmente conquistar esta prova, a que lhe falta da semana das Ardenas. Sejamos justos, pelo menos Tim Wellens (Lotto Soudal) e Julian Alaphilippe (Quick-Step Floors) também mereciam algum (muito) crédito. Porém, mais uma vez a Astana jogou bem. Colocou dois homens na frente e Jakob Fuglsang não é um qualquer. Soube valer-se dessa vantagem, mas teve essencialmente um Valgren que atacou no momento certo, que soube "enganar" Roman Kreuziger (Mitchelton-Scott) para passar pela frente quando se aproximava o momento do sprint e Enrico Gasparotto (Bahrain-Merida) se aproximava. Desferiu o golpe final e foi claramente superior. Nove vitórias para uma Astana que no ano passado por esta altura ainda não tinha vencido.

Classe. É um ciclista com muita classe. Estamos a falar de um dinamarquês que venceu duas vezes a Liège-Bastogne-Liège em sub-23 (2012 e 2013), que já tinha sido segundo nesta mesma Amstel Gold Race em 2016, então atrás de Gasparotto - Valgren lá tinha as suas razões para não querer o italiano a discutir o sprint - e este ano conquistou a Omloop Het Nieuwsblad. O quarto lugar na Volta a Flandres também não é nada para ficar em segundo plano. Ganhou no pavé, venceu agora na abertura da Semana das Ardenas e ao contrário de outros ciclistas que tiveram em acção na fase do empedrado, Valgren vai estar também na Flèche Wallonne (quarta-feira) e no monumento Liège-Bastogne-Liège.

O dinamarquês (26 anos) bateu dois dos nomes que marcam o ciclismo actual e ficarão na história. Agora Peter Sagan (foi quarto) sai de cena. Irá recuperar forças e regressar a 15 de Maio na Volta à Califórnia. Já Alejandro Valverde, falhado o objectivo de uma Amstel Gold Race que lhe teima em escapar, vira-se para as suas duas corridas. O Muro de Huy espera pelo espanhol da Movistar para fazer mais um pouco de história na Flèche Wallonne. Vai em cinco vitórias, quatro consecutivas, um recorde, tendo em conta que mais ninguém passou dos três triunfos. Pode não ter ganho este domingo, mas Valverde mostrou-se forte. Muito forte mesmo. Se nas clássicas do pavé eram todos contra a Quick-Step Floors, nas próximas duas corridas - conta com quatro Liège-Bastogne-Liège - serão todos contra Valverde.

Nos 263 quilómetros entre Maastricht entre Berg en Terblijt, Rui Costa esteve bem colocado até à aceleração já nos últimos 20/25 quilómetros, quando o grupo onde estava tentou definitivamente acabar com a fuga. O ciclista da UAE Team Emirates foi 27º a 2:11 minutos, mas deixou boas indicações para a restante Semana das Ardenas, principalmente para a Liège-Bastogne-Liège, uma corrida que tanto ambiciona ganhar e na qual já foi pódio em 2016 (terceiro atrás de Wout Poels e Michael Albasini). Ruben Guerreiro (Trek Segafredo) terminou na 55ª posição a 3:26.

Na corrida feminina, a vencedora foi a campeã do mundo Chantal Blaak (Boels-Dolmans). A holandesa bateu ao sprint a compatriota da Sunweb, Lucinda Brand. Amanda Spratt (Mitchelton-Scott) fechou o pódio. A portuguesa Daniela Reis (Doltcini-Van Eyck Sport) não terminou.

Classificação via ProCyclingStats:


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