17 de abril de 2018

Como bater Valverde na Flèche Wallonne? "Só podemos esperar que ele esteja a ficar mais lento"

(Fotografia: Facebook Flèche Wallonne)
Para Alejandro Valverde as coisas são simples nesta fase da sua carreira, numa altura a que está a pouco mais de uma semana de celebrar 38 anos (25 de Abril): "Enquanto continuar a ganhar, vou continuar a competir." Tendo em conta que já são nove vitórias este ano (contando com etapas e classificações gerais e montanha), é caso para dizer que a reforma está longe. O que poderá estar bem perto é mais um triunfo na Flèche Wallonne, corrida em que o espanhol da Movistar conta com cinco vitórias, as últimas quatro consecutivas. O Muro de Huy já se confunde com o Muro de Valverde, pois ninguém parece encontrar forma de bater o espanhol nesta corrida das Ardenas.

Que o diga Daniel Martin e Julian Alaphilippe. Das recentes quatro vitórias de Valverde - ele que é o recordista nesta prova -, Martin foi ao pódio em três, falhando 2015 por ter sofrido uma queda. Já o francês foi segundo em 2014 e 2015. São dois ciclistas a quem o percurso da corrida assenta bem, ainda que este ano seja um pouco mais duro, o que pode levar a uma maior selecção quando chegar a decisão no mítico Huy. É preciso ter em conta que além do habitual sobe e desce, o Muro de Huy será ultrapassado duas vezes, antes da derradeira subida até à meta.

Mas afinal, como se pode bater Alejandro Valverde numa corrida que lhe é tão perfeita? "Só podemos esperar que ele esteja a ficar mais lento." Melhor resposta é impossível e veio de Daniel Martin. O irlandês também vê esta Flèche Wallonne com condições ideiais para as suas características e acredita mesmo que a maior dureza o pode beneficiar. Para Martin não há dúvidas que tudo se voltará a decidir naqueles 900 metros finais (1300 se contarmos a fase de 6/7%), com uma pendente média 11,9%, mas que quase chega aos 26 na segunda metade.

Portanto é preciso ter explosão e Julian Alaphilippe já demonstrou que a tem. Só que Valverde tem tido mais... O francês da Quick-Step Floors colocou esta fase das Ardenas como um dos principais objectivos de temporada. Na Amstel Gold Race, no domingo, demonstrou estar forte, mas desgastou-se talvez um pouco cedo de mais. Ainda assim, é a corrida de amanhã que lhe favorece mais, tal como aos dois adversários. E é na corrida de quarta-feira que se concentra este texto, mas este é um trio que no domingo, no monumento Liège-Bastogne-Liège, estará igualmente no topo de candidatos.

Alaphilippe até está a realizar uma temporada bastante interessante, já com três vitórias, as últimas duas na Volta ao País Basco. No entanto, também já sente a pressão de uma Quick-Step Floors que lhe exige mais, depois de quatro anos de amadurecimento. O director, Patrick Levefere, chegou mesmo a criticá-lo quando se afundou na classificação no Paris-Nice, mas o ciclista francês reagiu com as vitórias em Espanha. Ainda assim, é nas Ardenas que joga parte da sua época, antes de se concentrar na Volta a França.

Regressando a Daniel Martin, a pressão também é grande, pois a UAE Team Emirates apostou forte na sua contratação, na de Fabio Aru e Alexander Kristoff, mas só o último rendeu vitórias, duas, as únicas da equipa em 2018. Muito pouco. E Martin tem estado muito discreto. De olhos postos no Tour, a Semana das Ardenas sempre foi um objectivo seu, principalmente as próximas duas corridas. Só um novo pódio pode saber a pouco para o irlandês e para os responsáveis da equipa. Rui Costa estará ao seu lado, mas o Muro de Huy não é bem para o português que tanto sonha, isso sim, com a Liège-Bastogne-Liège. E que importante seria um bom resultado nessa corrida por parte do campeão mundial de 2013.

Se Valverde lidera a lista de candidatos destacado, com Martin e Alaphilippe na perseguição mais perto, Tim Wellens tem estado numa grande forma, com vitórias na Brabantse Pijl e na Ruta del Sol. A Lotto Soudal leva também Tiesj Benoot. O problema é aquele Huy, que parece estar feito à medida de Valverde.

Bauke Mollema (Trek-Segafredo), Rafal Majka (Bora-Hansgrohe), Rigoberto Uran (EF Education First-Drapac p/b Cannondale), Sergio Henao e Michal Kwiatkowski (Sky) estarão presentes, mas talvez quando se olha para a tal explosividade necessária para os metros finais, Romain Bardet (AG2R), Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida), Dylan Theuns (BMC) e porque não Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin) podem ser as maiores ameaças a Valverde. Warren Barguil tem andado tão desaparecido nesta sua primeira temporada na Fortuneo-Samsic, que acaba por se colocar um ponto de interrogação na sua forma. Mas eis a oportunidade perfeita para se mostrar.

Ruben Guerreiro será o outro português em prova e a sua prestação estará dependente do trabalho que lhe for definido na ajuda a Bauke Mollema. Nas senhoras, Daniela Reis volta a estar entre as eleitas da Doltcini-Van Eyck Sport.

Veja aqui a lista de inscritos da Flèche Wallonne, 198,5 quilómetros entre Seraing e Huy. Como curiosidade, além de Valverde, o único antigo vencedor desta corrida em prova será Philippe Gilbert, que ainda procura a primeira vitória em 2018.



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