A Vuelta irá contar com o maior contingente português nas grandes voltas em 2019. Serão cinco divididos por quatro equipas. No Giro, Portugal contou apenas com Amaro Antunes (CCC). No Tour, Rui Costa (UAE Team Emirates) e Nelson Oliveira (Movistar) foram os representantes nacionais. Na Vuelta só o corredor de Anadia repete a presença e é de longe o mais experiente. Para três dos ciclistas é uma estreia não só na Volta a Espanha - que começa este sábado - , mas mesmo numa corrida de três semanas.
© Caja Rural |
Domingos Gonçalves (Caja Rural)
30 anos. Estreia na Vuelta
Nesta sua segunda passagem pela equipa espanhola, Domingos Gonçalves alcançou um dos seus objectivos para a temporada. Foi chamado para a Volta a Espanha e vai finalmente mostrar-se num dos maiores palcos do ciclismo mundial. Contudo, não tem sido uma temporada fácil para o gémeo de Barcelos. A grave queda na Volta à Catalunha afastou-o das corridas durante mais de dois meses e apesar de procurar sempre que pode uma vitória, 2019 está a ser bem diferente de 2018. Na Rádio Popular-Boavista venceu por seis ocasiões, incluindo os dois títulos nacionais e uma etapa na Volta a Portugal. Na Caja Rural a realidade é outra, mas foi o primeiro a dizer que tinha de alcançar bons resultados se não queria que acontecesse o mesmo que no final de 2016, quando a equipa não renovou contrato. Vai à caça de etapas, que o irmão, José, já chegou a estar perto de conquistar. Em forma, Domingos é um ciclista muito forte, que entra nas fugas a pensar que tudo é possível. Se esta for a atitude, é corredor para não passar despercebido. Abandonou na Volta a Portugal devido a indisposição, mas recebeu o voto de confiança de uma equipa que celebra os dez anos como estrutura profissional.
© Movistar |
Nelson Oliveira (Movistar)
30 anos. Quinta presença Vuelta
É um dos homens de confiança da equipa, que durante o Tour renovou contrato por mais dois anos com o ciclista. Gregário por excelência, a vida de Nelson Oliveira não tem sido fácil com as constantes divisões entre mais do que um líder. E esta Vuelta promete não ser muito diferente da Volta a França. Nairo Quintana repete a presença, com a rivalidade interna a ser desta feita com o vencedor do Giro, Richard Carapaz. Há ainda Alejandro Valverde e Marc Soler... Porém, apesar desta instabilidade na Movistar, o ciclista português tem sempre se destacado pelo bom trabalho que realiza e não se espera outra coisa em Espanha. Será ainda mais essencial logo na primeira etapa, no contra-relógio colectivo e a ver vamos se lhe é dada liberdade na 10ª tirada para "ir a fundo" no contra-relógio individual.
© Burgos-BH |
Nuno Bico (Burgos-BH)
25 anos. Estreia na Vuelta
A passagem pela Movistar não correu como esperava e Nuno Bico procurou uma equipa onde pudesse reencontrar a estabilidade emocional, sem a pressão de estar no World Tour. A alegria de competir ressurgiu na Burgos-BH. A época começou de forma tremida, também devido a doença, mas o português acabou por ser bastante regular e importante no apoio aos companheiros. Parte do seu papel nesta sua primeira Vuelta poderá passar precisamente por essa ajuda aos colegas, mas a Burgos-BH precisa urgentemente de resultados, pelo que não será de afastar a possibilidade de tentar entrar em fugas.
© Burgos-BH |
Ricardo Vilela (Burgos-BH)
31 anos. Terceira presença na Vuelta
Ciclista muito experiente e de quem a Burgos-BH espera que apareça nas etapas de montanha. Esteve na Vuelta em 2015, com a Caja Rural e em 2017, com a Manzana Postobón. Vilela tem sido discreto esta época, mas, ainda assim, bastante regular. Nos Nacionais, em Melgaço, mostrou que estava a melhorar a sua forma, pelo que a Vuelta seria o seu principal objectivo. O início de temporada da Burgos-BH foi muito complicada, com uma suspensão devido aos casos de doping. A equipa sofreu mudanças profundas e precisa de estar bem nesta Volta a Espanha, pois a partir de 2020 poderá ter dificuldades em receber o convite para a corrida devido à mudança nos regulamentos de atribuição de wild cards. Se tal acontecer, será um rude golpe para uma estrutura que subiu no ano passado a Profissional Continental, precisamente a pensar em estar na Vuelta. Vilela será dos ciclistas com mais responsabilidade, mas é também dos que melhor sabe lidar com ela.
© Katusha-Alpecin |
Ruben Guerreiro (Katusha-Alpecin)
25 anos. Estreia na Vuelta
Finalmente uma grande volta para Ruben Guerreiro. Há um ano parecia estar a caminho dessa estreia, até que uma queda num treino acabou com a possibilidade. Agora na Katusha-Alpecin, esta estreia acontece numa altura muito complicada para a equipa, ainda sem futuro garantido para 2020. Doença, problemas físicos, a chegada ao World Tour deste ciclista tem sido marcada por muitos problemas que têm prejudicado a sua evolução, mas a troca de formação - estava na Trek-Segafredo - até parece ter resultado nesse aspecto. Tem tendência a começar bem as temporadas e acabar também forte. A equipa e o seu director José Azevedo bem precisam que Ruben mostre o potencial que há muito lhe é reconhecido. A Katusha-Alpecin vai sem aspirações à geral, pelo que a ordem é lutar por etapas.
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