8 de agosto de 2018

Etapa exigente mas que não passou de uma marcação cerrada entre candidatos

Rui Vinhas foi um dos destaques do dia. Apesar dos ferimentos,
continua em prova e a liderar o pelotão (Fotografia: PODIUM/Paulo Maria)
Ao ver os ciclistas fazerem uma marcação que mais parecia uma prova de pista, fica-se a pensar se estão com mais receio de perder tempo do que tentar arriscar e ganhar. Foi um momento estranho de uma etapa exigente, mas que acabou por não trazer qualquer novidades na geral. Aproveitou Domingos Gonçalves que anda desde o início da Volta a Portugal à procura de ganhar vestido com a camisola de campeão nacional, ele que tem as duas: de fundo e de contra-relógio.

Joni Brandão, sempre ele, tentou. Raúl Alarcón também esboçou um ataque para ganhar mais tempo. E entre esta luta Sporting-Tavira/W52-FC Porto, Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano-Uli) e Edgar Pinto (Vito-Feirense-BlackJack) estão a quase dois minutos da liderança, pelo que a batalha por um lugar no pódio poderá muito bem começar a pesar nas decisões tácticas. Edgar Pinto tem tido um fiel escudeiro, ainda jovem e que está a aproveitar para dar à equipa uma liderança, pois veste a camisola branca. Xuban Errazkin tentou escapar, João Benta (Rádio Popular-Boavista) perseguiu, mas foi Domingos Gonçalves quem deu um pouco de espectáculo, oferecendo uma etapa que a equipa axadrezada muito procurava.

Acabou por desiludir um pouco a falta de movimentações no ataque à W52-FC Porto, que andou a tentar controlar o andamento, sempre rápido, enquanto a Efapel ajudava na procura por uma etapa. Mas a equipa de Américo Silva está a enfrentar mais uma Volta frustrante. Daniel Mestre não conseguiu entrar na luta pela tirada e Henrique Casimiro sofreu de cãibras. Sofreu ainda mais para não perder tempo, quando já tem mais de três minutos de atraso e tenta agarrar-se a um top dez.

É Joni Brandão que demonstra a maior inconformidade. São 52 segundos. Ninguém se quer atrever a dizer apenas 52 segundos, mas a verdade é que a distância está a deixar Raúl Alarcón em sentido. O próprio admitiu que nada está decidido. É de esperar que os dois não se deixem de marcar até ao fim, com a etapa da Senhora da Graça, no sábado, a começar a ter contornos que será mesmo onde tudo se revolverá, antes do contra-relógio de Fafe.


(Fotografia: PODIUM/Paulo Maria)
Domingos Gonçalves merece o destaque máximo numa etapa bem trabalhada pela equipa de José Santos. Ganhou num estilo tão próprio, com aqueles ataques no momento certo que este gémeo tão bem sabe fazer quando está em forma. E este ano está numa bela forma: já são quatro vitórias. No entanto, terá de o partilhar os holofotes com Rui Vinhas. Com as ligaduras presentes nos braços e pernas, com pontos no sobrolho, ferimentos nas mãos... este ciclista chegou a liderar o pelotão na perseguição a uma fuga de 11 elementos, que incluiu o antigo camisola amarela, Rafael Reis (Caja Rural).

Este esforço, esta atitude de Rui Vinhas está a ser sublinhada pelos adversários. São muitos os que o cumprimentam e elogiam e até José Santos, no seu discurso de vitória, elogiou o ciclista que em 2016 conquistou os adeptos ao vencer a Volta e agora está a dar novamente um enorme exemplo de profissionalismo.

Se os 164,5 quilómetros entre Sernancelhe e Boticas não tiveram influência na geral, apesar das quatro subidas categorizadas, a última de primeira, também não se espera muito dos 165,5 entre Montalegre e Viana do Castelo. Aquela rampa no Monte de Santa Luzia pode proporcionar algum ataque, mas também será dia para uma vitória de etapa ao estilo do que muito se tem visto nesta Volta, com um ataque nos quilómetros finais. 



»»O que ainda podemos esperar da Volta (ou pelo menos desejar)««

»»É assim mesmo Joni!««

1 comentário:

  1. Na minha opinião o Sporting/Tavita conduziu mal esta etapa perdendo uma grande hipótese de meter em sentido a W52-FCPorto.

    Eu acho que o Sporting devia de ter atacado logo no inicio da etapa com o Grigoriev e o Trueba, para que mais tarde na montanha de 4ª categoria atacar com o Nocentini e o Marque que iriam ter ajuda dos outros 2 ciclistas do clube durante alguns quilómetros. Aqui depois existia 2 hipoteses. A 1ª teria a W52-FCPorto para responder a todos estes ataques sabendo nós as limitações em que a equipa se encontra? A 2ª seria caso a W52-FCPorto fizesse perseguição ao Nocentini e ao Marque, ficava Alarcon sujeito a ficar sozinho à entrada da montanha de 1ª categoria. Agora caso a perseguição feita pela W52-FCPorto a Nocentini e Marque não tivesse o resultado desejado mantendo os ciclistas do Sporting em fuga, ficava Alarcon entregue a si próprio para fazer a perseguição aos 2 ciclistas e mesmo que os apanhasse, teria sempre o Frederico Figueiredo e o Joni Brandão para contra atacar um camisola amarela exausto.
    Mas esta é a minha opinião.

    ResponderEliminar