27 de agosto de 2018

Viviani o melhor sprinter? De 2018, certamente

(Fotografia: La Vuelta)
Missão cumprida. Uma oportunidade, uma vitória. Elia Viviani não desperdiçou uma das poucas etapas que os sprinters podem tentar aparecer numa Vuelta maioritariamente montanhosa. Aliás, o italiano e restantes adversários, ainda tiveram de enfrentar dificuldades, incluindo uma primeira categoria logo nos primeiros quilómetros. Foi saber sofrer e recuperar o máximo de forças possível para gastar num sprint em que Viviani foi simplesmente forte de mais para qualquer concorrência. Peter Sagan até pode não estar no seu melhor, mas o que Viviani fez hoje em Alhaurín de la Torre, o domínio que demonstrou, não é novo nesta época. Tem sido um ano fantástico de um sprinter que tinha mesmo muito mais para dar do que a Sky estava a permitir.

Quando a Quick-Step Floors anunciou a contratação do ciclista de 29 anos, o que significou a quebra de contrato com a equipa britânica - só terminava em Dezembro de 2018 -, logo se pensou que o seu papel seria para ser o sprinter nas corridas em que Fernando Gaviria não estaria. Marcel Kittel teve receio de ficar em segundo plano para o argentino e preferiu sair depois de uma época de sucesso (14 vitórias, cinco no Tour), Viviani não se preocupou com estatuto. Segundo plano? Quem não gostaria de estar na posição do italiano nesta fase da temporada: 16 vitórias, 17 se se contar com um contra-relógio por equipas. Fernando Gaviria soma nove!

Na Sky viu-se constantemente relegado a uma luta pelos sprints sem ajuda de companheiros, ou com muito pouca. É um ciclista que até sabe explorar o trabalho de outros para se colocar bem no pelotão, mas ter uma Quick-Step Floors dedicada a ele, fez toda a diferença. A sua melhor temporada tinha sido a de 2017, com 10 vitórias. Mas mais do que os números, este ano ganha muito e em grandes corridas, com destaque para Giro e agora a Vuelta (o Tour ficou para Gaviria - duas etapas). Com o triunfo em Alhaurín de la Torre são cinco etapas em grandes voltas (mais a camisola dos pontos em Itália), com Viviani a fazer a sua estreia a vencer na corrida espanhola, naquela que é a sua segunda participação (a primeira foi em 2012, ao serviço da Liquigas-Cannondale). E há que não esquecer que é o campeão italiano.

"Não sei se sou o melhor sprinter. Não posso ser eu a avaliar isso, mas sou o que mais ganha este ano", afirmou Viviani após a vitória na terceira etapa da Vuelta, 178,2 quilómetros que começaram em Mijas. O italiano não entra em discussões se é ou não um dos melhores do mundo. É certamente um sprinter de enorme qualidade e que este ano está claramente entre os melhores. As vitórias colocam-no mesmo como o melhor. Um sprinter de "segundo plano" de luxo numa equipa na qual os ciclistas têm tendência a mostrar a sua melhor versão e quando saem, muito se debatem para a recuperar (que o diga Kittel).

Fez-se a comparação com o companheiro Gaviria, mas o segundo sprinter que mais ganha este ano é Dylan Groenewegen. O holandês da Lotto-Jumbo soma 12 triunfos (dois no Tour e dois na Volta ao Algarve, por exemplo). Os outros principais sprinters do pelotão têm metade ou menos das vitórias de Viviani: Arnaud Démare (Groupama-FDJ) nove, André Greipel (Lotto-Soudal) seis, Christophe Laporte (Cofidis) seis, Nacer Bouhanni (Cofidis) cinco, Alexander Kristoff (UAE Team Emirates) cinco, Caleb Ewan (Mitchelton-Scott) três, Marcel Kittel (Katusha-Alpecin) duas, Mark Cavendish (Dimension Data) apenas uma. Peter Sagan pode não ser o chamado sprinter puro, mas não deixa de ser dos melhores da actualidade. Tem oito triunfos, que inclui um monumento, o Paris-Roubaix, e três etapas no Tour.

A contagem de Viviani continua, tal como a da Quick-Step Floors: 58 vitórias e ganhou novamente nas três grandes voltas. Aconteça o que acontecer a Viviani no futuro, mantenha ou não este ritmo impressionante de triunfos, esta sensacional temporada ninguém lhe tira, no ano em que comprovou que podia ser muito mais ao que estava reduzido.

A luta pela geral começa agora

Se uma subida de terceira categoria em Caminito del Rey conseguiu fazer alguns estragos, principalmente eliminando Richie Porte (BMC) e deixando também Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) longe da discussão muito cedo na corrida, então o que poderá fazer uma chegada em alto de primeira categoria na quarta etapa?

Com uma Vuelta com potencial para ser muito aberta, sem um Chris Froome como favorito crónico e com muitos e bons candidatos, então, mesmo sendo tão cedo na corrida, há que aproveitar oportunidades para, pelo menos, começar a testar adversários e potencialmente criar-lhes desde já problemas se não estiverem bem nestes primeiros dias.

Serão 161,4 quilómetros entre Vélez-Málaga e Alfacar, Sierra de la Alfaguara. A primeira dificuldade, também uma primeira categoria, começa aos 51 quilómetros e vai até aos 67, mas a maior acção deverá ficar guardada para os 12 finais. É uma daquelas etapas na qual ninguém ganha uma grande volta. É apenas a quarta. Mas alguém poderá perdê-la. Michal Kwiatkowski (Sky) prometeu que irá defender a sua camisola vermelha de líder, ultrapassada que está a desilusão de dois segundos lugares nas duas primeiras tiradas. Tem 14 segundos de vantagem sobre Alejandro Valverde (Movistar) e 25 sobre Wilco Kelderman (Sunweb). O polaco lidera também nos pontos, com Luis Ángel Maté, espanhol da Cofidis, a vestir a camisola da montanha. A Sky é primeira na classificação por equipas. De recordar que na Vuelta não há uma camisola para o melhor jovem.

Os quatro portugueses em prova, Nelson Oliveira (Movistar), José Mendes (Burgos-BH), Tiago Machado e José Gonçalves (Katusha-Alpecin) terminaram a terceira etapa integrados no pelotão. Pode ver aqui as classificações completas.



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