19 de agosto de 2018

Marcel Kittel quer perceber porque não consegue vencer como antes

(Fotografia: Katusha-Alpercin)
Marcel Kittel bem tenta encontrar uma corrida em que consiga concretizar o desejo de dar a volta a uma época que está a ser completamente para esquecer. Parecia ter sido no Tirreno-Adriatico, mas foi sol de pouca dura. Quis brilhar na Volta à Califórnia, contudo foi ofuscado por Fernando Gaviria. Apontou para a Volta a França um regresso em grande e acabou por ser uma sombra do Kittel de 2017, que venceu cinco etapas. Foi excluído na 11ª etapa ao chegar fora do tempo limite, sem qualquer resultado de nota. Nova tentativa na Binck Bank Tour. Zero triunfos e mais uma prova não terminada.

A Katusha-Alpecin faz tudo para manter a confiança no ciclista em que muito investiu para trazer mais vitórias à equipa, mas estas resumem-se a duas etapas no Tirreno-Adriatico, em Março. Muito pouco. Procuram-se respostas para o sub-rendimento daquele que é um dos melhores sprinters do mundo, mas que nada tem a ver com o Kittel de outras temporadas, excepto a que esteve doente.

"Apesar de mais uma vez ser criticado, estou à procura das razões que estão a levar a isto [falta de vitórias]. Está a ser uma época incrivelmente difícil até ao momento e tinha esperança de dar a volta às coisas aqui [na Binck Banck Tour] com a equipa", escreveu o ciclista na sua conta de Instragram. "Não tenho a certeza porque estou em dificuldades neste momento. Estou a trabalhar muito para que as coisas funcionem, mas parece que acabam sempre com algum revés desde Abril", acrescentou.

Kittel disse ainda que a "fórmula mágica" sempre foi "alinhar o corpo e a mente para ter sucesso". "Acho que é o que estou a falhar neste momento." Para o sprinter de 30 anos chegou a altura de começar novamente do zero a pensar na Volta à Alemanha, que começa na quinta-feira. Kittel não escondeu que ficou extremamente desapontado por ter abandonado mais uma corrida, mas para um dos ciclistas mais caros do pelotão, o rendimento muito abaixo do esperado é razão de preocupação para José Azevedo, director da Katusha-Alpecin.

A equipa tem estado nos últimos dois anos numa fase de reestruturação, deixando para trás a sua influência maioritariamente russa. Enquanto por um lado aposta em Ilnur Zakarin para as grandes voltas, a contratação de Marcel Kittel pretendia aumentar o número de vitórias. Em 2017, a equipa somou 17, nove por intermédio de um Alexander Kristoff que perante a dificuldade de lutar nas mais importantes competições, acabou por ver aberta a porta de saída. Por outro lado, Kittel tinha recuperado a sua melhor versão, com 14 vitórias, cinco só no Tour.

Desde que se tornou num sprinter de eleição, Kittel só teve um ano pior. Em 2015, um problema de saúde afectou-o durante quase todo o ano, limitando as sua exibições. Só venceu uma etapa na Volta à Polónia.

O receio de perder protagonismo para Fernando Gaviria na Quick-Step Floors levou Kittel a procurar uma nova equipa no final da temporada passada, mas, por agora, é apenas mais um exemplo de quem sai da formação belga tem dificuldades em repetir as melhores performances. Por esta altura da temporada em 2017, a Katusha-Alpecin somava precisamente as 17 vitórias com que terminaria a época. Este ano são apenas quatro.

É certo que Kittel perdeu um dos seus principais homens de preparação dos sprints, Marco Haller foi atropelado em Abril durante um treino e tem estado a recuperar desde então, mas a sua ausência não explica por si só a falta de rendimento de Kittel.

As duas principais apostas alemães da equipa, que desde o ano passado tem um patrocinador desse país, estão a ser uma desilusão. Tony Martin, mais um ciclista que veio da Quick-Step Floors (então Etixx-QuickStep), também não rendeu o esperado. Teve exibições importantes no trabalho para outros, mas não demonstrou a forma de outrora nos. Quanto a vitórias, são apenas três em dois anos, duas das quais nos Nacionais, na sua especialidade: o contra-relógio.

Martin está em final de contrato e foi noticiado a sua potencial transferência para a Lotto Jumbo, Já Kittel ainda tem mais um. Depois do falhanço na Volta a França, chegou-se a falar da possibilidade de sair já no final de 2018, algo que a Katusha-Alpecin não estará a pensar. A equipa acredita que o sprinter ainda pode regressar às grandes vitórias e, mesmo numa fase má, continua a ser um ciclista importante a nível de marketing, ainda mais tendo em conta o patrocinador alemão,Alpecin, uma marca de champôs.

Uma das figuras da Katusha-Alpecin neste ano tem sido o português José Gonçalves. O ciclista de Barcelos foi um dos que ajudou nas duas vitórias de Kittel e depois foi ao Giro surpreender com exibições de muito nível na montanha, que lhe valeram um brilhante 14º lugar na geral.

Quanto à Binck Bank Tour, a vitória foi para o esloveno Matej Mohoric (Bahrain-Merida), com cinco segundos de vantagem sobre Michael Matthews (Sunweb) - venceu a última etapa - e 20 sobre Tim Wellens (Lotto Soudal). O português Nuno Bico (Movistar) terminou na 78º posição, a 31:13 minutos.

Na outra corrida do dia, Elia Viviani demonstra estar a ser o oposto de Marcel Kittel. Desde que assinou pela Quick-Step Floors não pára de ganhar. O triunfo na EuroEyes Cyclassics Hamburg, na Alemanha, foi o 16º em 2018. Nunca o italiano ganhou tantas vezes! José Gonçalves foi 70º, a 47 segundos do vencedor.

Na Volta à Noruega a vitória foi para russo Sergei Chernetski (Astana). Nas senhoras, a vencedora foi a campeã da Europa Marianne Vos (WaowDeals Pro Cycling).


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