25 de agosto de 2018

Dennis vestiu mais uma camisola de liderança que quase foi de Nelson Oliveira

(Fotografia: La Vuelta)
Lá esteve Nelson Oliveira mais uma vez sentado no "trono" dado a quem tem o tempo mais rápido num contra-relógio. Nada de novo para o ciclista português. Por momentos pensou-se que não só venceria uma etapa na Vuelta - teria sido a sua segunda -, mas seria ainda o primeiro líder da grande volta. Mas Michal Kwiatkowski foi o "desmancha prazer", contudo, os favoritos confirmaram depois as suas credenciais. Rohan Dennis já tinha liderado o Giro, é agora primeiro na Vuelta, algo que já tinha feito em 2017. O australiano também já tem uma camisola amarela do Tour. Kwiatkowski ficou a seis segundos, Victor Campanaerts, campeão europeu da especialidade, ficou a sete e Oliveira acabou em quarto, a 17.

Um excelente início de Volta a Espanha do tetra campeão nacional da especialidade e que há um ano ficou à porta do pódio nos Mundiais. Nelson Oliveira ficou desiludido ao não entrar no grupo de eleitos para o Tour, com o Paris-Roubaix a mais uma vez a estragar-lhe parte da temporada, após uma queda. Esta foi a resposta perfeita de Nelson Oliveira, numa Vuelta em que a Movistar está para ganhar, depois de ter falhado com o tridente Nairo Quintana/Mikel Landa/Alejandro Valverde em França.

Quintana até foi um dos destaques do dia, ficando a 24 segundos de Kwiatkowski, a 12 de Wilco Kelderman (Sunweb) e a menos de dez dos irmãos Izagirre (Bahrain-Merida). E empatou com Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin), por exemplo. O colombiano dá um sinal importante, numa corrida em que está sob pressão depois de dois Tours em que não conseguiu estar na luta pela vitória na geral e de ter ficado em segundo no Giro de 2017.

Nos técnicos oito quilómetros de Málaga, que Dennis cumpriu em 9:39 minutos, Richie Porte (BMC) confirmou que não está a 100%. Ainda não recuperou a forma depois da queda na nona etapa do Tour e a gastroenterite que o afectou antes da Vuelta também não ajudou. Considerando Kwiatkowski o primeiro da lista de candidatos, o australiano perdeu 45 segundos. Pior fez Louis Meintjes (Dimension Data), começa logo com um défice de 51 segundos.

Nelson Oliveira não terá aspirações a vestir a camisola vermelha e talvez no contra-relógio da última semana se o possa voltar a ver na luta por uma etapa. Certo, é que pensando nos Mundiais, este é o Oliveira que se quer ver em Innsbruck. Fez uma excelente exibição num contra-relógio que nem sequer o beneficiava. Gosta deles mais longos e com mais dificuldades. O sinal está dado.

Quanto aos restantes portugueses em prova, Tiago Machado foi 87º a 47 segundos de Dennis e o companheiro da Katusha-Alpecin, José Gonçalves, perdeu 1:18 minutos, sendo 170º. José Mendes (Burgos-BH) fez mais 1:04 minutos, ocupando a 134ª posição.

Pode ver aqui as classificações completas.

Quem é o líder da Sky?

Sim, a questão volta-se a colocar. Agora é entre Michal Kwiatkowski e David de la Cruz. O espanhol ficou com o dorsal um da equipa e tem falado como líder. O polaco vem do Tour, mas começou muito forte e tem na Vuelta a oportunidade desejada de mostrar que pode ser o próximo voltista da Sky. Ainda é cedo para se entrar em disputas e especulações, mas a montanha chega rápido nesta corrida e pode ser que não se demore muito a perceber como irá funcionar a formação britânica que pode fazer o pleno de vitórias em grandes voltas neste ano. Seria ainda a quinta vitória consecutiva. A etapa de domingo tem um final que Kwiatkowski até poderá gostar para se afirmar um pouco mais frente ao espanhol.

De la Cruz, que esteve no Giro, mas preparou a época a pensar na Vuelta (um dos poucos a fazê-lo), ficou a 39 segundos do companheiro de equipa. Nada que não se recupere na montanha, mas teria sido importante mostrar-se mais forte logo no início. Talvez por isso, o espanhol não tenha escondido a desilusão no final do dia.

Kwiatkowski é um nome possível para a subida de terceira categoria, mas é o de Alejandro Valverde que mais salta à vista. Tal como Rohan Dennis tinha este contra-relógio com o seu nome escrito para ganhar, este domingo é o espanhol que tem um final ao seu jeito. Será a subir (terceira categoria), ainda que não demasiado íngreme. Quem tem capacidade de explosão neste tipo de subidas, tem esta etapa na mira. Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) não pode ser excluído, ele que faz bem este finais, tal como Matteo Trentin (Mitchelton-Scott) ou Tiesj Benoot (Lotto Soudal). A questão de Sagan é se já estará recuperado das mazelas da queda já perto do fim do Tour.

Serão 163,5 quilómetros entre Marbelha e Caminito del Rey, com uma segunda categoria logo a abrir e três terceiras pelo caminho. Poderá haver uma selecção nos últimos quilómetros, mas não entre os candidatos, a não ser que alguém não esteja de facto bem neste início de Vuelta.



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