23 de agosto de 2018

"Foi uma desilusão abandonar, mas sabia que o trabalho estava feito"

Manuel Correia com o ciclista que quase ganhou uma etapa para a sua equipa
e ficou perto de vestir a camisola amarela na Volta a Portugal
César Martingil foi uma das figuras da Volta a Portugal. Quando se questionava como iriam comportar-se as equipas sub-25, o jovem esteve perto de dar à Liberty Seguros-Carglass uma estreia de sonho na competição mais apetecível para as equipas nacionais. Vestir a camisola amarela não foi algo que tivesse pensado, mas por momentos, chegou a acreditar ser possível, quando durante cerca de uma hora esteve sentado no "trono" do prólogo de Setúbal. Passou a acreditar de tal forma que foi atrás dela no sprint do dia seguinte. Uma queda estragou a sua primeira Volta, mas saiu com a sensação de dever cumprido e só espera poder estar novamente na corrida em 2019.

Aos 23 anos, Martingil tem divido a sua carreira entre a estrada e a pista. Com a subida da equipa ao escalão Continental, como sub-25, Martingil chegou ao desejado profissionalismo e logo na equipa na qual tem evoluído nos últimos anos. É um ciclista que faz por criar e agarrar oportunidades e não gosta nada de competir apenas para cumprir calendário. Não se atemoriza e foi esse Martingil que se viu na Volta.

O ciclista não irá esquecer aquele prólogo: "No início não [acreditava na vitória]. Havia dez corredores que sabia que podiam bater o meu tempo. Mas eles iam chegando e não batiam. Estar ali uma hora sentado... para o fim comecei a pensar que a amarela poderia chegar, mas sabia que faltava o Reis e ele é uma das maiores referências." Rafael Reis acabou por ser um "desmancha prazeres" para Martingil e para a Liberty Seguros-Carglass. Dois segundos separaram o ciclista e equipa de uma estreia inimaginável.

"Os patrocinadores não estavam interessados, mas agora já falaram com o chefe para o ano"

Em Albufeira foi terceiro no sprint e já envergava a camisola branca da juventude. Essa sim, uma que sabia que poderia ter, pelo menos nos primeiros dias. Na segunda etapa veio a queda que lhe ditaria um abandono precoce. "No início tinham dito que eram uns arranhões, mas há noite as dores começaram a agravar-se. Comecei a ter mais dores na mão e no outro dia foi um sofrimento terminar a etapa. Na da Serra da Estrela... fazer o paralelo com uma mão... Descolava em qualquer ponto do paralelo", recordou ao Volta ao Ciclismo. Optou por abandonar, até porque a temporada ainda está longe de terminar: "Era o melhor. Poderia cair e agravar a situação e não correr o resto da época."

A queda estragou-lhe a Volta, mas não tornou a sua presença negativa. Foi curta, mas muito positiva. "Foi uma desilusão abandonar, mas sabia que o trabalho estava feito, apesar de haver mais uma ou outra etapa para mim", salientou, demonstrando como estava determinado em entrar na discussão das etapas ao sprint. E numa altura da época em que se começa a fazer o balanço até para também pensar em 2019, a exibição de Martingil e da Liberty Seguros-Carglass, principalmente naqueles primeiros dias, podem ter sido determinantes para garantir a continuidade do projecto.

Com a indefinição quanto à continuidade do apoio da companhia de seguros, os responsáveis da equipa têm tentado procurar soluções. Martingil não esconde que as prestações da equipa na Volta podem ter sido muito importantes. "Os patrocinadores não estavam interessados, mas agora já falaram com o chefe [Manuel Correia] para o ano", referiu o ciclista, realçando como o futuro da estrutura tem estado tremido.

Para Martingil, e sobre a participação das equipas sub-25 na Volta, além de Rafael Reis e da Caja Rural, que foi o líder da Volta nos primeiros dias, a Liberty Seguros-Carglass foi a segunda melhor equipa no arranque da corrida. O ciclista acrescentou, referindo-se à juventude das três formações nesta situação (além da sua equipa, a LA Alumínios e o Miranda-Mortágua): "Somos mais novos, mas não é por aí. A capacidade é igual."

A Volta a Portugal foi mais um passo na evolução do ciclista, como o próprio destacou, mas agora está concentrado em terminar bem a temporada. Venceu o Circuito do Bombarral e admitindo que gosta destas corridas de final de Verão, vai participar em mais, antes de se virar para a pista, onde irá concluir a época, esperando ser chamado para alguma Taça do Mundo.


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