11 de agosto de 2018

Uma Volta a Portugal que soube a pouco

Raúl Alarcón fez um V de Vinhas, dedicando a vitória
na Senhora da Graça ao amigo Rui Vinhas
(Fotografia: PODIUM/Paulo Maria)
Ainda não acabou, mas só uma catástrofe tirará a vitória na Volta a Portugal a Raúl Alarcón. Sempre que foi preciso, o espanhol demonstrou que não só estava forte, mas que era o mais forte. Aquela atitude de ataque de Joni Brandão nas Penhas da Saúde deixou sinais positivos para o líder do Sporting-Tavira, mas Alarcón quase nunca viu um ataque seu ter uma resposta que o ameaçasse. As três vitórias de etapa que tem demonstram isso mesmo. Vai para os 17,3 quilómetros finais da corrida com mais de um minuto de vantagem sobre todos, pois Brandão perdeu nove segundos na Senhora da Graça e ficou a 1:01. Não se fazem festas antecipadas, mas as celebrações no Monte Farina eram mais do que a conquista da mítica subida. O discurso de dedicatória aos colegas de equipa e especialmente a Rui Vinhas, não escondem que já se sente que há mais uma Volta ganha.

Pelo segundo ano consecutivo Alarcón não deu hipóteses na Senhora da Graça. Pelo segundo ano consecutivo Alarcón não deu hipóteses na Volta a Portugal. O percurso da competição este ano apresentava-se mais interessante. O calor fez mossa, naturalmente, mas o cancelamento da subida à Torre deixará sempre algum espaço para a dúvida se algo poderia ter sido um pouco diferente. Talvez não... Por aquilo que o espanhol mostrou durante toda a corrida, por todo o controlo que a W52-FC Porto fez, a Volta a Portugal comprovou a teoria inicial que se estaria perante uma prova para ver se alguém se conseguiria aproximar da equipa que é dona e senhora da corrida há seis anos, se se confirmar a vitória de 2018 no contra-relógio de Fafe, neste domingo. Como a classificação está neste momento, ainda há muito a fazer nas restantes equipas de elite portuguesas para conseguirem disputar a corrida que todos mais querem em Portugal.

O director, Nuno Ribeiro, não resistiu em falar de como se tem apontado como a sua equipa está mais fraca. A resposta foi dada na estrada e Alarcón deixou ainda o aviso que a classificação colectiva estará nos planos, pois apenas dois segundos separam a W52-FC Porto do Sporting-Tavira. A equipa algarvia arrisca-se a ficar sem nada, já que Brandão perdeu a camisola da montanha para Alarcón na Senhora da Graça e não tem qualquer vitória de etapa. Marque será a última esperança no contra-relógio para pelo menos este triunfo e assim juntar a um sempre honroso segundo lugar, se Joni Brandão o conseguir segurar.

Até houve uma tentativa do Sporting-Tavira de se mostrar na frente. Impôs ritmo, mas não quebrou ninguém de importante e as duas subidas de primeira categoria no Alto da Barra e no Barreiro não serviram para arriscar nenhum ataque de longe. Na Senhora da Graça, Alejandro Marque atacou, Frederico Figueiredo contra-atacou, mas ficou-se sem perceber qual a intenção, pois a W52-FC Porto não tremeu e acabou por deixar ambos para trás. Brandão ficou isolado no grupo.

Uma palavra para João Rodrigues. Este jovem ciclista está a realizar um trabalho tremendo, naquela que é a sua segunda Volta a Portugal, com apenas 23 anos. A primeira foi em 2015 com o Tavira. Se é capaz de apoiar Alarcón assim agora, este ciclista tem claramente um futuro muito prometedor. O algarvio está no top dez, em oitavo, a 5:40 do companheiro e é o segundo melhor da equipa.

Esta Volta a Portugal soube a pouco porque se gostaria de ter assistido a maior competitividade e maior indefinição, mas esta W52-FC Porto merece um enorme aplauso de pé porque saem ciclistas de qualidade, mas mais vão surgindo e é isso que tem feito a diferença, numa estrutura que felizmente tem contado com uns patrocinadores que permitem a Nuno Ribeiro poder juntar alguns dos melhores corredores do pelotão nacional. Mais do que isso, sabe tirar o melhor rendimento de todos.

O outro Rodrigues

Quem não terá gostado assim tanto do trabalho de João, foi o outro Rodrigues, o David. Faltavam apenas 250 metros para cortar a meta na Senhora da Graça quando o sonho de vencer terminou. Alarcón tinha aproveitado o grande trabalho da equipa, com João Rodrigues a ser o último a entrar ao serviço, para a cerca de 500 metros arrancar e ganhar a etapa. Depois de cerca de 70 quilómetros em fuga solitária, ver a vitória escapar assim é até algo triste. Mas o ciclismo é assim mesmo e David até reagiu da melhor forma: "Para o ano estamos cá outra vez!"

Para a Rádio Popular-Boavista, que ganhou uma etapa por intermédio de Domingos Gonçalves, em Boticas, fica a certeza que tem mais um ciclista para talvez discutir algo mais nas próximas edições, já que tem 27 anos e a sua evolução é notória.

Se a camisola amarela está presa por um contra-relógio sem incidentes por parte de Alarcón, a azul da montanha é dele - como já foi referido -, tal como a verde dos pontos é de Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano-Uli), que vence a classificação pelo segundo ano consecutivo. Falta segurar o lugar no pódio que está preso por 15 segundos, com Edgar Pinto (Vito-Feirense-BlackJack) a recuperar este sábado dois. Mateos ainda não atira a toalha ao chão pelo menos para o segundo lugar, mas terá de recuperar 47 segundos para Joni Brandão.

Tal como Alarcón, também Xuban Errazkin terá de cumprir sem sustos grandes o contra-relógio para assegurar a camisola branca da juventude. O ciclista da Vito-Feirense-BlackJack tem 3:35 minutos de vantagem sobre Oscar Rodriguez, da Euskadi Murias.

Para o contra-relógio de Fafe, que pela primeira vez irá receber o final da Volta a Portugal, o romeno Emil Dima (MSTina-Focus) será o primeiro a partir, às 15:02. O top dez vai para a estrada a partir das 16:42, com Domingos Gonçalves, com dois minutos a separá-los. Ou seja, Raúl Alarcón irá para a estrada às 17:00.

Pode ver aqui as classificações completas.



»»"Aqui uma fuga sai aos 20 quilómetros e é apanhada pouco depois. Isso nunca acontece na Bélgica!"««

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