29 de agosto de 2018

Vestiu a camisola vermelha e renovou contrato

(Fotografia: © Photo Gomez Sport/La Vuelta)
Ao contrário das outras etapas, o pelotão pareceu que desta vez estava com alguma pressa de terminar a etapa. Talvez tenha ajudado que a fuga tenha tido inicialmente 25 ciclistas, o que pode ter contribuído para um ritmo mais acelerado (41 quilómetros/hora de média). Porém, isso não significou que a Sky tivesse grande vontade de estar a controlar e muito menos a perseguir. Sem surpresa houve uma mudança no dono da camisola vermelha, num dos raros momentos em que se viu a equipa britânica a não querer estar com a camisola de líder. Rudy Molard, da Groupama-FDJ, subiu a uma posição que vai mudar o panorama das próximas etapas a nível táctico.

Na chegada à Sierra de la Alfaguara, na terça-feira, ficou claro que o bloco da Sky está a anos-luz do normal. Só David de la Cruz ficou no grupo da frente na subida final e nem esteve na ajuda a Michal Kwiatkowski. Antes, a equipa limitou-se a guiar o pelotão, sem nunca se preocupar em perseguir a fuga. Não significa que a equipa não queira lutar pela Vuelta, significa apenas que assume que não está tão forte como normalmente se apresenta e prefere guardar forças para uma fase mais decisiva da corrida. Não tendo de controlar, "só" precisa a partir de agora proteger Kwiatkowski e De la Cruz.

Quem quer apostar nas fugas terá ficado triste, pois com a postura da Sky, era provável que mais triunfassem. Porém, com a Groupama-FDJ tudo será diferente. Thibaut Pinot é o líder, ainda que tenha dito estar em Espanha para ganhar etapas. Mas ter Molard no primeiro lugar e inicialmente com 1:01 de vantagem sobre o polaco da Sky, deixa a equipa francesa numa posição inesperada e com uma oportunidade de ouro. Contudo, essa margem já foi reduzida para 41 segundos. O francês foi sancionado com 20 segundos por ter recebido abastecimento após o limite permitido.

Molard é um dos bons homens de trabalho que a Groupama-FDJ tem. O próprio diz que é um gregário e que estar com a camisola vermelha é um bónus, num dia em que teve liberdade. No entanto, a táctica poderá agora passar por tentar jogar um pouco com duas armas, tendo sempre Pinot pronto a assumir o papel que lhe é habitual. A questão prende-se com a condição física de ambos. Pinot falhou a última etapa do Giro devido a uma pneumonia e acabou por ficar fora do Tour. Será que está a 100%? O francês não tem falado muito sobre como a sua condição, mas está a 1:24 de Molard, ou seja, dentro da margem na qual estão quase todos os que estão pela disputa da geral.

Molard é um bom ciclista em provas por etapas e soma alguns pódios em corridas secundárias. Este ano conquistou a sua vitória mais importante ao vencer uma tirada no Paris-Nice. Está a menos de um mês de cumprir 29 anos e para acabar um dia que marcará a sua carreira, além de vestir a camisola vermelha a equipa anunciou a renovação de contrato por mais dois anos como Molard. Eis uma boa dose de motivação em tons de vermelho e de garantia de continuidade na equipa que representa desde 2017, depois de cinco anos na Cofidis.

Falta agora saber se está preparado para tamanha responsabilidade, como é liderar uma grande volta, quando a alta montanha regressar à Vuelta. Na quarta etapa tinha perdido cerca de três minutos para o grupo de Kwiatkowski. Recuperou-os e agora não será apenas um gregário, pelo menos até domingo, quando a etapa de La Covatilla colocar muito provavelmente no seu lugar quem de facto está na disputa pela Vuelta. Se Molard pode ser um outsider inesperado, ficaremos a saber nesse dia.

A Groupama-FDJ irá controlar as etapas de forma bem diferente da Sky, irá perseguir, irá tentar defender a camisola vermelha. Será o regresso à normalidade no pelotão, numa corrida que ganha outra indefinição não estando a Sky na liderança. Mesmo a postura de outras equipas poderá ser a partir de agora diferente.

A vez da EF Education First-Drapac p/b Cannondale suspirar de alívio

(Fotografia: EF Education First-Drapac p/b Cannondale)
Um dia depois da Dimension Data ter quebrado um enguiço de mais de um ano sem vitórias no World Tour, foi a vez da formação americana fazer o mesmo. Simon Clarke fechou com chave de ouro uma etapa em que a fuga triunfou. O último triunfo em corridas do principal calendário havia sido na Volta a França, quando Rigoberto Uran venceu a nona etapa, no dia 9 de Julho. de 2017.

Foi apenas a quinta vitória da temporada para a EF Education First-Drapac p/b Cannondale, que sofreu uma enorme desilusão quando Rigoberto Uran abandonou o Tour, depois de há um ano ter sido segundo. O colombiano está na Vuelta para ganhar, mas a vitória de Clarke retira alguma pressão de uma equipa a precisar desesperadamente de uma grande conquista. O australiano bateu ao sprint Bauke Mollema (Trek-Segafredo) e Alessandro de Marchi (BMC), um trio que se formou na frente à medida que o grande grupo de fugitivos se foi desfazend. Rudy Molard, o novo líder, cortou a meta oito segundos depois. O pelotão chegou a 4:55 de Clarke.

Para o australiano há um sentimento ainda mais especial por vencer na Vuelta. Foi nesta grande volta que se estreou em corridas de três semanas em 2012 e ganhou uma etapa, então ao serviço da Orica GreenEDGE, actual Mitchelton-Scott. Clarke só pensa agora em regressar à sua função de estar ao lado de Uran, pois se a questão de um triunfo de etapa está resolvido, a equipa quer colocar o seu líder pelo menos no pódio em Madrid.

Nelson Oliveira (Movistar), Tiago Machado e José Gonçalves (Katusha-Alpecin) terminaram np pelotão. José Mendes (Burgos-BH) perdeu 6:11 minutos para Clarke.

Pode ver aqui as classificações completas. Atenção à geral, que no momento em que o texto é publicado ainda não está corrigida. São 41 segundos entre Molard e Kwiatkowski e não 1:01, devido à sanção que o francês sofreu.

Depois de fazer uma sondagem no Twitter se deveria ou não entrar pelo quarto dia consecutivo na fuga, Luis Ángel Maté "descansou", mas o ciclista da Cofidis continua como líder da montanha. Michal Kwiatkowski (Sky) vai vestir a camisola verde dos pontos que estava a "emprestar" a Alejandro Valverde (Movistar) enquanto foi líder da geral. O espanhol vai envergar a  do prémio do combinado e a Astana é primeira por equipas.

O regresso dos sprinters

A etapa entre Granada e Roquetas de Mar (188,7 quilómetros) teve uma segunda categoria já perto do final que retiraria a oportunidade aos sprinters. Porém, a fuga também foi quem triunfou, até porque a Quick-Step Floors a não quis fazer a perseguição sozinha, quando a etapa de hoje é bem melhor para o seu chefe-de-fila. Esta quinta-feira será bem diferente. É uma etapa para os sprinters, que tem duas terceiras categorias para ultrapassar, um terreno pouco plano, mas na Vuelta é assim. A equipa belga terá desta feita a ajuda da Groupama-FDJ para controlar a fuga, com Elia Viviani a espreitar a sua segunda vitória na corrida, mas com Peter Sagan (Bora-Hansgrohe), Nacer Bouhanni (Cofidis) e Giacomo Nizzolo (Trek-Segafredo - foi segundo há dois dias), por exemplo, a querem tentar impor-se ao sprinter que mais ganha este ano.

Serão 155,7 quilómetros entre Huércal-Overa e San Javier, Mar Menor.



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