(Fotografia: © BettiniPhoto/UAE Team Emirates) |
Desde que chegou ao World Tour em 2009 que Rui Costa participou sempre pelo menos numa grande volta por época. O Tour tornou-se na sua corrida de eleição de três semanas e só no ano passado se estreou no Giro e Vuelta. Esta época, o objectivo passava por estar de novo em França, mas a temporada tem sido muito complicada para o ciclista português, que está em final de contrato com a UAE Team Emirates. Uma lesão afastou-o do Tour e se a Vuelta seria uma possibilidade, a equipa "empurrou" Rui Costa para as clássicas, deixando-o de fora de uma grande volta pela primeira vez desde que está ao mais alto nível.
"A equipa decidiu que farei as clássicas. Tão boas memórias me trazem", limitou-se a referir no Twitter. E de facto esta altura do ano sempre foi uma em que apareceu forte, com especial foco nas clássicas do Canadá. Somou alguns bons resultados, vencendo o Grande Prémio de Montreal em 2011. Ainda assim, não ver Rui Costa na Vuelta não deixa de ser mais uma desilusão numa época muito abaixo do esperado do campeão do mundo de 2013.
Depois do top 10 na Volta a Omã e Abu Dhabi, a queda na segunda etapa no Paris-Nice foi o primeiro sinal que a época não ia ser fácil. As clássicas das Ardenas não correram como desejaria, mas apareceu em grande na Volta à Romandia (quinto lugar na geral). Porém, uma lesão no joelho afastou-o da "sua" Volta à Suíça - venceu três vezes -, mas o Tour estava nos planos. Não recuperou a tempo.
Desde a Romandia que só se viu Rui Costa na Prudential RideLondon-Surrey, Volta à Polónia e nos Europeus, tendo abandonado nesta última corrida. A UAE Team Emirates tem pretensões à geral na Vuelta, com a pressão a recair muito sobre Fabio Aru, depois de um Giro para esquecer. Daniel Martin também estará, mas depois de ter ganho uma tirada no Tour e terminado na oitava posição, não será de afastar que o irlandês vá mais à procura de conquistar etapas e com o pensamento mais na preparação para os Mundiais.
A equipa não leva o mais forte dos blocos, pois além de Rui Costa, também Diego Ulissi e John Darwin Atapuma - que esteve muito abaixo do esperado no Tour -, por exemplo, não entram no oito para a Vuelta. Porém, a UAE Team Emirates procura mais do que nomes de relevo, procura finalmente ter um conjunto que apoie o seu líder, não o deixando só demasiado cedo, um problema que persiste desde os tempos da Lampre-Merida. Fabio Aru e Dan Martin terão a companhia dos italianos Simone Consonni, Valerio Conti, Simone Petilli, Edward Ravasi e dos noruegueses Vegard Stake Laengen e Sven Erik Bystrom.
Quanto a Rui Costa, chegou o momento do tudo por tudo por bons resultados. Os Mundiais de Innsbruck saltam para o topo da lista de prioridades do ciclista português, de 31 anos. Mas antes, precisa-se de algo de nota nas clássicas, que começam já este domingo no GP de Plouay, em França.
Os quatro portugueses na Vuelta
Depois de no Tour não ter havido um representante de Portugal, na Vuelta serão quatro. Nelson Oliveira estará ao lado de Nairo Quintana e Alejandro Valverde na Movistar, depois da desilusão de ter ficado de fora dos eleitos para o Tour. José Gonçalves será o único português no World Tour a fazer duas grandes voltas este ano. Depois do excelente 14º lugar no Giro, o gémeo de Barcelos estará ao lado de Ilnur Zakarin na Katusha-Alpecin, tal como Tiago Machado. José Mendes vestirá as cores as Burgos-BH. A época também não está a ser fácil para o campeão nacional de 2016, com uma queda logo no início da temporada, na Clássica da Arrábida, a estragar-lhe parte dos objectivos.
Ruben Guerreiro tinha no seu calendário a possibilidade de este ano se estrear numa grande volta, precisamente em Espanha, mas 2018 ficou novamente marcado por alguns azares. Entre problemas de saúde e algumas quedas, o jovem ciclista da Trek-Segafredo vê o seu sonho adiado.
O mesmo acontece com Joaquim Silva. Estava entre os pré-seleccionados para a Vuelta da Caja Rural depois de uma primeira temporada no nível Profissional Continental muito regular. Foi à Volta a Portugal com grandes aspirações, mas logo ao segundo dia abandonou devido ao intenso calor. A outra má notícia chegou depois: não ficou entre as escolhas finais da equipa espanhola, que também deixou de fora Rafael Reis, ciclista que teve um ano muito complicado, reaparecendo no seu melhor nos últimos dois meses, com vitórias de etapa no Troféu Joaquim Agostinho e na Volta a Portugal, tendo ainda liderado ambas as corridas. No entanto, já não foi a tempo de estar sequer entre os pré-seleccionados.
De referir ainda Nuno Bico, outro português que, ao estar na Movistar, seria elegível para a Vuelta. Contudo, ao pertencer a uma equipa tão forte, Bico ainda não é opção para estas corridas, continuando o seu caminho de afirmação.
Sem comentários:
Enviar um comentário