25 de agosto de 2018

Vuelta começou de luto. Domingo e segunda-feira serão dias de homenagem

(Fotografia: Wikimedia Commons/Flickr/www_ukberri_net)
A Volta a Espanha começou de luto. A morte de Javier Otxoa marcou o arranque desta edição, com uma homenagem agendada para este domingo, dia de uma etapa linha, o que permitirá ter todo o pelotão reunido, algo que não era possível este sábado com o contra-relógio individual. Otxoa foi o vencedor de uma etapa no Tour, em 2000 que ainda hoje é muito recordada em Espanha. Menos de um ano depois foi atropelado durante um treino, juntamente com o irmão gémeo, que teve morte imediata. Javier viria a tornar-se num atleta paralímpico. Tinha 43 anos.

Depois do atropelamento, Javier esteve 65 dias em coma. A violência do embate foi tal, que não foi possível reconhecer de imediato quem era Javier e quem era Ricardo. Tinham 26 anos. A recuperação de Javier foi lenta, tendo precisado de reaprender a comer, andar e escrever, por exemplo. Os Otxoa eram ciclistas da Kelme. Javier venceu em 2000 a mais difícil etapa de montanha no Tour em Hautacam, nos Pirenéus. Esteve numa fuga em solitário e conseguiu aguentar um ataque de Lance Armstrong na derradeira subida. O americano ficou a 45 segundos do espanhol, que apareceu entre o nevoeiro e chuva para uma daquelas vitórias que marca a carreira de qualquer ciclista.

Como atleta paralímpico, Otxoa conquistou duas medalhas de ouro e outras tantas de prata nos Jogos de 2004 e 2008 (Atenas e Pequim). Era de Alhaurín de la Torre, na província de Málaga. Antes da segunda etapa será cumprido um minuto de silêncio e na segunda-feira, o ciclista será novamente recordado, pois a etapa termina precisamente na sua terra.

A morte de Otxoa, que sofria de uma doença prolongada, acaba por ter um significado ainda maior, pois não só em Espanha se mantém a luta apelidada de #PorUnaLeyJusta - pretende que os responsáveis por acidentes que afectem ciclistas recebam uma pena adequada à gravidade da situação -, mas também porque neste arranque de Vuelta está presente o irmão de Michele Scarponi, morto há um ano por um condutor que estaria distraído a ver vídeos no telemóvel. Marco Scarponi está a preparar o lançamento de um projecto de consciencialização em Itália em prol da segurança tanto de ciclistas como de condutores.

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