2 de agosto de 2018

Calor roubou as atenções e fez a primeira vítima na Volta a Portugal

(Fotografia: PODIUM/Paulo Maria)
Calor! Muito calor! Durante os últimos dias ouviram-se vezes sem conta as recomendações para as temperaturas altas que estão a afectar o país, depois de um Verão que estava a ser tão tímido, mas tão bom para o ciclismo. Uma dessas recomendações é de não fazer actividade física na rua. Ora, a Volta a Portugal não pára. Não pelo calor. Não é uma situação inédita em 80 edições e ao falar-se com vários dos ciclistas que se preparavam para partir para a primeira etapa, era quase desconcertante ver como todos falavam com naturalidade no que os esperavam. Desconcertante para quem vê de fora e que procura todas as sombras para atenuar os efeitos de um sol a ferver, pois para estes ciclistas de barba rija, foi apenas mais um dia de trabalho.

Foi preciso atravessar todo o Alentejo, desde Alcácer do Sal, até à meta em Albufeira, naquele que foi o regresso do Algarve à Volta, dez anos depois. O que vale é que a praia não estava longe no final da etapa! Com um dia assim, era quase difícil pensar apenas no ciclismo, pois a maior preocupação foi sempre com o estado de saúde dos 131 atletas. Um não resistiu e logo um candidato: Joaquim Silva, da Caja Rural.

Mesmo com o termómetro a variar apenas entre 40 graus e 40 e qualquer coisa, ainda assim, a etapa cumpriu os habituais requisitos. Houve uma fuga, o pelotão tentou andar um pouco mais descansado enquanto foi possível, até que foi necessário acelerar, apanhar um trio atrevido e confirmar as previsões de chegada ao sprint. Mas tem de se voltar ao calor. Joaquim Silva foi vítima disso mesmo. A equipa falou em desidratação, o colega, Rafael Reis, explicou que terá sofrido ainda uma paragem de digestão. Sofreu de problemas gástricos, não conseguia alimentar-se e de nada valeu a ajuda daquele que até vestia (e vai continuar a vestir) a camisola amarela, mas que não deixou o companheiro até este meter o pé no chão.

Joaquim Silva não resistiu. Abandonou. Perde a Caja Rural que ficou sem o seu líder para a geral, mas perde também a Volta a Portugal. Joaquim Silva tinha tudo para ser um dos animadores nas etapas de montanha. Agora há que recuperar e pensar na Vuelta. Os restantes ciclistas resistiram como puderam. O alemão Mario Vogt assumiu o protagonismo quando ficou sozinho na fuga. Até teve mais de cinco minutos de vantagem. O ciclista da Sapura Cycling lá foi ficando na frente à espera que o pelotão chegasse, aproveitando o protagonismo televisivo e para ser o líder da classificação da montanha.

Foi, sem surpresa, apanhado. Foi então que Rui Rodrigues (Aviludo-Louletano-Uli), Pierpaolo Ficara (Amore & Vita-Prodir) e Jesse Ewart (Sapura Cycling) conseguiram isolar-se na frente, depois de várias tentativas de ciclistas para ganhar vantagem ao pelotão. O trio preocupou o suficiente para fazer a W52-FC Porto tirar a Caja Rural da perseguição, com a Efapel a ficar atenta.

(Fotografia: PODIUM/Paulo Maria)
Nos últimos dez quilómetros dos 191,8, uma queda que afectou vários ciclistas, incluindo o regressado Joni Brandão (Sporting-Tavira). O sprint teve um João Matias (Vito-Feirense-BlackJack) a arrancar cedo de mais. Que susto apanhou quando quase caiu a grande velocidade! Outros portugueses tentaram a vitória. Luís Mendonça (Aviludo-Louletano-Uli) não escondeu a frustração de ter ficado tão perto, com César Martingil (Liberty Seguros-Carglass) a ser desta feita terceiro, depois do segundo lugar no prólogo. O vencedor foi o italiano Riccardo Stacchiotti, da equipa romena MSTina Focus. Foi claramente o mais forte e vestiu a camisola verde dos pontos. É a segunda vitória de Stacchiotti em Portugal, pois tinha ganho uma etapa no Grande Prémio de Portugal Nacional 2. Martingil manteve a liderança na juventude e Rafael Reis chegou no pelotão, mantendo assim amarela, uma vez que nesta edição da Volta a Portugal não há bonificações.

Pode ver aqui as classificações completas.

Segunda etapa: Beja-Portalegre, 203,6 quilómetros

Espera-se que seja uma etapa um pouco à imagem da desta quinta-feira. Será a mais longa da Volta e sim, o calor promete roubar novamente parte das atenções.



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