12 de agosto de 2018

W52-FC Porto e Aviludo-Louletano-Uli com razões para celebrar. Efapel falha objectivos

(Fotografia: PODIUM/Paulo Maria)
W52-FC Porto e Aviludo-Louletano-Uli são as duas equipas portuguesas que mais felizes saem da 80ª edição da Volta a Portugal. O Sporting-Tavira acabou por ficar com um pódio, que é sempre positivo, mas faltou uma vitória de etapa e ainda perdeu a classificação colectiva para a grande rival. A Efapel foi das formações de elite que pior esteve, falhando em todas as frentes. Entre as sub-25, a Liberty Seguros-Carglass esteve tão perto de um início de sonho, enquanto a LA Alumínios foi muito activa em mostrar-se. Entre as estrangeiras, houve equipas que nem se viram, houve uma Caja Rural que apostou forte, mas o calor pregou-lhe uma partida, enquanto da Roménia veio um sprinter italiano que bisou. A ordem das equipas em baixo é a da classificação colectiva.

W52-FC Porto: Partiu como super favorita e confirmou esse estatuto. Na terceira etapa Raúl Alarcón vestiu a camisola amarela e desde então que pouco se duvidou que a iria perder. Este ano o espanhol acabou por ser a única aposta para a vitória e sempre que foi chamado a resolver a questão depois do trabalho da equipa, Alarcón não falhou e foi claramente o homem mais forte da Volta a Portugal. Muito se falou que a W52-FC Porto estaria mais fraca, mas só o rendimento mais baixo de António Carvalho acabou por surpreender. Foi um trabalho diferente, de desgaste de todos para preparar o caminho para Alarcón, sem que houvesse um plano B que se mantivesse também perto do topo, como aconteceu com Amaro Antunes em 2017. A equipa chegou e sobrou para os adversários, mesmo com um Rui Vinhas em esforço depois de ter chocado contra um carro de outra formação. Foi um dos heróis da Volta pela dedicação à equipa e ao seu amigo Alarcón. Já João Rodrigues foi uma das revelações, ou talvez se possa dizer que foi uma confirmação de toda a sua qualidade. 23 anos, segunda Volta, e um excelente trabalho em prol do líder. Alarcón ganhou ainda a classificação da montanha e a W52-FC Porto tem mais uma vitória colectiva para juntar ao currículo.

Sporting-Tavira: Foi das equipas que mais tentou fazer frente à W52-FC Porto. Joni Brandão - que há um ano falhou a Volta por motivos de saúde - esteve bem, mas não conseguiu equiparar-se a Alarcón. Merece o reconhecimento por na Serra da Estrela ter sido o único a colocar o líder em sentido. Já na Senhora da Graça não conseguiu estar ao nível necessário para aspirar a algo mais do que o segundo lugar. Perder Mario Gonzalez muito cedo foi um rude golpe, mas também o subrendimento de Rinaldo Nocentini não ajudou. É uma equipa que está mais forte do que em 2017, mas ainda não consegue debater-se com a principal rival. O segundo lugar é positivo, mas não houve vitória de etapa, a classificação colectiva, escapou no último dia (só numa etapa não tinha liderado até este domingo) e Brandão ficou sem a camisola da montanha. Foi uma Volta agridoce para o Sporting-Tavira. Uma palavra para Frederico Figueiredo. O senhor regularidade realizou outra boa Volta, com mais um top dez a demonstrar isso mesmo (foi quinto, a 4:09).

Rádio Popular-Boavista: Daniel Silva havia avisado que poderia não ter o ritmo competitivo necessário para estar sempre com os primeiros e foi João Benta (sexto, a 4:19) quem ficou com a responsabilidade de lutar não só pelo top dez, mas tentar um pódio. Não conseguiu, mas a equipa de José Santos tem razões para se sentir muito satisfeita com a sua Volta. Domingos Gonçalves tentou e tentou e em Boticas conseguiu vencer vestido à campeão nacional e fechou no nono lugar, a 6:36. A formação foi sempre muito activa nas fugas e a de David Rodrigues de 70 quilómetros na etapa da Senhora da Graça, merecia mais do que terminar a 250 metros da meta.

Aviludo-Louletano-Uli: Chegou à Volta com uma enorme ambição e pode não ter estado na luta pela vitória como pretendia, mas Vicente García de Mateos confirmou tudo o que tinha mostrado há um ano. Foi novamente terceiro e ficou outra vez com a camisola verde dos pontos. Juntou três vitórias de etapas. Por estes resultados, a equipa algarvia pode dizer que foi a segunda com mais sucesso nesta Volta a Portugal. Luís Fernandes esteve bem no apoio a Mateos, mas de Oscar Hernandez e David de la Fuente esperava-se um pouco mais. Na montanha Mateos os seus ataques foram muitas vezes de pólvora seca, mas depois de a incerteza sobre a sua presença devido a irregularidades no passaporte biológico, o espanhol demonstrou que não ficou afectado por uma suspensão levantada já perto do início da Volta.

Vito-Feirense-BlackJack: Edgar Pinto ficou à porta do pódio, o que deve provocar alguma frustração. Ainda assim, esteve na disputa por um lugar cimeiro, algo que há um ano uma queda grave logo no início da Volta lhe tirou a oportunidade. A vitória de etapa também não chegou, nem por Pinto, nem por João Matias, que este ano esteve mais discreto (mas sempre importante no trabalho colectivo) porque apostou mais na sua especialidade. Porém, os sprints estiveram por conta de um italiano de uma equipa romena. Mas a formação de Joaquim Andrade tem razões para sorrir, pois Xuban Errazkin tem compensado a aposta nele com bons resultados e terminou como vencedor da juventude. Além disso, foi durante a primeira metade da Volta um ciclista importante no apoio a Edgar Pinto. Quebrou no final, mas nada que manchasse a sua grande exibição no geral.

Efapel: Falhou em todos os objectivos. Sérgio Paulinho começou a perder tempo muito cedo e Henrique Casimiro não conseguiu estar com os melhores. O 10º lugar, a 6:69 minutos é pouco. Segurar o top dez tornou-se num dos planos, com a vitória de etapa a ser o objectivo principal. A equipa apareceu muitas vezes na frente para anular fugas e noutros dias colocou homens nelas. Daniel Mestre era o principal corredor designado para conquistar um triunfo que lhe insistiu em escapar apesar do muito trabalho realizado por ele e pelos companheiros. A Volta foi uma desilusão para a Efapel.

Israel Cycling Academy: Há um ano Krists Neilands foi uma das figuras da Volta, ao conquistar a classificação da juventude. A equipa israelita limitou-se desta vez a tentar colocar um ou outro ciclista em fugas, com o australiano Nathan Earle a procurar um bom lugar na geral (foi 15º), mas não se viu tanto como se desejaria de uma formação do segundo escalão mundial - esteve no Giro, com Guy Niv a lá estar nas cinco primeiras etapas -, que aproveitou a Volta para dar alguma rodagem aos seus corredores.

Euskadi Basque Country-Murias: Sem pretensão à geral e a pensar que tem uma Vuelta para enfrentar, a equipa que este ano é Profissional Continental, esteve muito idêntica ao que já fez por cá. A vitória de etapa chegou por Enrique Sanz e Oscar Rodriguez chegou a ser líder da juventude. Foi uma equipa q.b..

Caja Rural: Começou em grande com a vitória de Rafael Reis no prólogo e com a camisola amarela que vestiu nos três dias seguintes. Porém, logo na primeira etapa perdeu Joaquim Silva, que estava na Volta com grandes ambições. O calor atirou o português para fora da prova e a Caja Rural não teve outra solução se não ir apostando em fugas, mas sem sucesso.


Differdange-Losch: Exibição muito discreta da equipa luxemburguesa, que pouco ou nada se mostrou. Os ciclistas aproveitaram para ganhar outro tipo de experiência.

Team Coop: Apesar de ser formada por ciclistas nórdicos, resistiu ao calor e tentou mostrar-se na corrida. Entrou em fugas e o norueguês Krister Hagen não escondeu a frustração quando em Boticas foi segundo, atrás de um Domingos Gonçalves que tinha ganho vantagem na última subida. Sem encantar, tentou pelo menos mostrar-se competitiva.

LA Alumínios: Muito se viu os seus ciclistas a tentar escapar ao pelotão e a conseguir entrar mesmo em fugas, sempre a tentar mostrar-se na frente e, claro, dar tempo de antena ao patrocinador. Apesar da muita juventude de uma equipa 100% portuguesa, o director desportivo Hernâni Brôco viu os seus ciclistas responderem positivamente a um difícil desafio e só um não terminou a Volta: Paulo Silva.

Liberty Seguros-Carglass: Dois segundos apenas separaram a equipa sub-25 de uma estreia de sonho na Volta a Portugal. César Martingil quase ganhou o prólogo e vestiu a amarela, mas Rafael Reis não deixou. Martingil foi uma das figuras iniciais da corrida, vestindo a camisola da juventude e disputando um dos sprints, até que uma queda lhe estragou a corrida. Acabaria por abandonar. Tal como as outras duas equipas sub-25, o grande objectivo passou por dar uma experiência mais competitiva aos jovens ciclistas, que se estrearam na Volta. Equipa tentou entrar em fugas e estar o mais activa possível. Corrida positiva para a Liberty Seguros-Carglass.

Sapura Cycling: Esteve muito activa na primeira parte da Volta, com Mario Vogt a vestir a camisola da montanha, até que as mais difíceis surgiram no percurso. Presença habitual nas fugas, perdeu fôlego após o dia de descanso, mas foi das equipas estrangeiras que mais se viu na corrida.

Miranda-Mortágua: Outra equipa só com ciclistas portugueses e que sofreu uma grande desilusão quando António Barbio se tornou uma das vítimas do calor intenso. Perdeu também Pedro Teixeira na mesma terceira etapa e com cinco corredores não é fácil estar numa corrida como a Volta a Portugal. Francisco Campos espreitou os sprints, enquanto Gonçalo Carvalho aproveitou para ir confirmando as suas qualidades, com um terceiro lugar na classificação da juventude.

Amore & Vita-Prodir: A presença desta equipa com licença albanesa resume-se a Pierpaolo Ficara que foi dos ciclistas que mais quilómetros acumulou em fugas. Mas nada mais fez e terminou apenas com três corredores.

WB Aqua Protec Veranclassic: A formação belga não escondeu que a presença em Portugal foi a pensar mais em oferecer uma experiência diferente aos seus ciclistas pouco habituados a corridas tão extensas. Por isso, pouco se viu de uma das quatro equipas do escalão Profissional Continental.

Team Ecuador: Deu para esquecer que estava na corrida. Não se viu nada dos seus ciclistas. O equatoriano Cristian Pita era a maior esperança, mas abandonou logo na terceira etapa.

MSTina-Focus: A equipa romena sai de Portugal muito satisfeita. Riccardo Stacchiotti venceu duas etapas, não dando hipótese ao sprint. O mesmo ciclista já tinha ganho uma tirada no Grande Prémio Nacional 2. Pouco mais se viu da MSTina-Focus como demonstra o último lugar na classificação colectiva, mas a missão ficou mais do que cumprida com as exibições do ciclista italiano.

Pode ver aqui as classificações finais. 

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»»"Aqui uma fuga sai aos 20 quilómetros e é apanhada pouco depois. Isso nunca acontece na Bélgica!"««

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