17 de agosto de 2018

"Demos uma chapada de luva branca a toda a gente, mesmo às equipas profissionais"

Hugo Nunes foi um dos vários jovens que se estreou na Volta a Portugal, muito devido às equipas sub-25 que este ano têm a licença Continental. Para o ciclista foi o concretizar de um sonho, mas é rápido em pensar antes no futuro, como esta experiência o influenciou, como ainda tem objectivos para conquistar em 2018, com os olhos postos no prémio maior: chegar ao mais alto nível do ciclismo mundial.

Com corredores jovens e a maioria inexperiente numa compeitção tão exigente como a Volta a Portugal, havia dúvidas sobre como iriam aguentar o desafio que lhes era apresentado. No final, Hugo Nunes não hesitou em dizer: "Demos uma chapada de luva branca a toda a gente, mesmo às equipas profissionais. As equipas chamadas sub-25 mostraram que merecem estar no nível em que já estão, no profissionalismo." O corredor, de 21 anos, reforçou a ideia: "Alcançámos bons resultados. O Miranda-Mortágua, tal como a Liberty Seguros-Carglass e a LA Alumínios, estivemos sempre presentes e muito activos e mostrámos que merecemos estar cá, no profissionalismo. As estruturas das equipas sub-25 estão ao nível ou melhor do que as estruturas profissionais em Portugal."

Satisfeito com a sua prestação e do Miranda-Mortágua, Hugo Nunes garantiu que os objectivos foram cumpridos, mesmo quando tiveram de mudar um pouco os planos com o abandono precoce de António Barbio. "Foi um momento menos bom. Era o nosso líder, mas passou um bocado mal. No entanto, demos a volta por cima", afirmou ao Volta ao Ciclismo. A equipa perdeu ainda na terceira etapa Pedro Teixeira, mas o restante quinteto foi até ao fim, tentando surgir em fugas, com Francisco Campos a lutar nos sprints e com Gonçalo Carvalho a fechar em terceiro na classificação da juventude.

"Foi uma experiência incrível, muito motivadora, mas também muito dura"

Hugo Nunes foi oitavo, a 34:16 minutos de Xuban Errazkin (Vito-Feirense-BlackJack) nesta luta dos mais jovens, terminando em 41º na geral, a 44:09 minutos de Raúl Alarcón (W52-FC Porto). "Evolui bastante a nível físico e psicológico como ciclista nesta Volta. Para as próximas corridas terei muito mais experiência para alcançar outros objectivos. Estou com mais maturidade", explicou, em forma de balanço sobre a sua Volta a Portugal. Realçou que não partiu com expectativas elevadas: "Não ia discutir uma Volta! Mas cumpri com os objectivos da equipa e ajudei os meus colegas a alcançar os deles. Estou satisfeito com a minha prestação."

Ao partir em Setúbal para a sua primeira Volta a Portugal, Hugo Nunes cumpriu um dos seus sonhos. "Houve muitas emoções. Para mim era tudo novo. O público foi incrível! O que já via na televisão era incrível, por dentro é ainda mais", contou. "Foi uma experiência incrível, muito motivadora, mas também muito dura. Era um sonho fazer uma Volta a Portugal. Espero fazer muitas mais e conseguir o melhor resultado possível nas próximas vezes", acrescentou.

Mas não haverá tempo para descanso depois de um ponto alto da época. O Miranda-Mortágua tem ainda objectivos a cumprir até final da temporada. António Barbio lidera a Taça de Portugal e este sábado a equipa corre em casa, na terceira de cinco etapas desta competição, o Grande Prémio de Mortágua. "É preciso estar muito bem e ganhar em casa será muito bom para todos os patrocinadores e para a família Mortágua", realçou. Hugo Nunes é segundo na Taça de sub-23 e Francisco Campos, terceiro, ambos com 125 pontos, a cinco do líder André Carvalho (Liberty Seguros-Carglass). Porém, Nunes considera que o mais importante é garantir a vitória em elites: "Se tiver de ajudar o Barbio, farei tudo por ele. Se vier a de sub-23, ainda melhor."

"É o meu último ano de sub-23 e quero evoluir ao máximo e quem sabe ir para outro nível do ciclismo"

O jovem ciclista não esconde onde mais ambiciona agora estar na luta por uma vitória: na Volta a Portugal do Futuro, que se realiza entre 5 e 9 de Setembro. "A nível pessoal é o objectivo principal. É o meu último ano de sub-23 e quero evoluir ao máximo e quem sabe ir para outro nível do ciclismo", referiu, concluindo com o desabafo de querer chegar onde todo ciclista deseja: "É o sonho de qualquer um chegar longe, ao World Tour."

Hugo Nunes tem aparecido regularmente entre os melhores jovens nas corridas em que participa, tanto em Portugal, como no estrangeiro, sendo também um dos atletas que o seleccionador José Poeira tem chamado. Além da qualidade como desportista, este trepador por excelência, demonstra uma forte mentalidade para concretizar os seus sonhos, que não deixou dúvidas que passam por continuar a subir de nível, depois de este ano ter tido a oportunidade de ascender ao escalão Continental com o Miranda-Mortágua. Teve acesso a corridas como a Volta ao Algarve e a Volta a Portugal e foi a Madrid ser segundo na juventude. Agora quer ainda mais e melhor.

»»"O que fiz nesta Volta foi reconhecido pela W52-FC Porto"««

»»"Aqui uma fuga sai aos 20 quilómetros e é apanhada pouco depois. Isso nunca acontece na Bélgica!"««

Sem comentários:

Enviar um comentário