2 de agosto de 2018

"Perdi alguma confiança, mas comecei a acreditar novamente em mim"

Fredrik Ludvigsson (à direita) está feliz na equipa norueguesa
 e admite não saber o que esperar da Volta a Portugal
De jovem promessa a apelar a um contrato no Twitter, depois de um acidente que lhe deixou marcas. 2016 será um ano Fredrik Ludvigsson não esquecerá. Foi um dos ciclistas da então Giant-Alpecin (actual Sunweb) que foi atropelado durante o estágio, antes do arranque de temporada, o mesmo que também deixou um John Degenkolb longe do ciclista que era antes do acidente. A época acabaria por não correr de feição para o sueco e aos 22 anos viu as portas do World Tour fecharem-se. Sem contrato, fez um pedido através da rede social, deixando o seu mail para ser contactado por eventuais interessados. Conseguiu continuar a carreira, mas Ludvigsson ainda não recuperou a confiança. Confessou como chegou a sentir receio de andar de bicicleta. Tem sido uma luta, mas não desiste e espera que a sua sorte possa mudar. Talvez na Volta a Portugal.

Tem agora 24 anos e para trás ficou a rápida ascensão ao topo mundial. Esteve na equipa de desenvolvimento da Giant-Alpecin em 2014, sendo chamado à principal na temporada seguinte. Não conseguiu comprovar as expectativas e aquele acidente não ajudou em nada (uma condutora estava em contra-mão quando atropelou vários ciclistas da equipa). Tem um irmão, Tobias, três anos mais velho, que está agora na Groupama-FDJ. Continuam a treinar juntos e tem sido um apoio importante nesta luta pessoal que Ludvigsson admitiu estar a viver nos últimos três anos. "Tinha medo de andar no pelotão. Perdi alguma confiança, mas comecei a acreditar novamente em mim. Procurei ajuda e espero que possa começar a ter mais sorte", afirmou ao Volta ao Ciclismo. Garantiu que não desiste, apesar de todos os azares que parecem persegui-lo: "Têm sido uns anos muito difíceis. Quedas, acidentes... mas continuo a lutar. Preciso de um pouco de sorte e espero que chegue em breve."

Quem sabe possa ser na Volta a Portugal. Apesar de ser um sueco, habituado a temperaturas mais amenas, demonstrou boa disposição perante as previsões de muito calor, recordando que no seu país até teve de enfrentar 31 graus na semana passada, algo pouco habitual no norte da Europa. Não serviu de estágio, pelo que Ludvigsson não sabe o que esperar de Volta, nem para ele, nem para os companheiros da Coop, equipa norueguesa do escalão Continental. "Ouço coisas doidas sobre esta corrida! Vamos tentar fazer algo bom. Mas não sei... Sabemos que será difícil, mas vamos lutar", assegurou. Um top dez ou top 20, ou então uma etapa. Ludvigsson afirmou que a equipa tem ciclistas de qualidade que podem alcançar resultados positivos.

A conversa decorreu antes de ter de enfrentar o calor intenso do sul do país. Ludvissong só esperava "não ser muito de doidos". Talvez tenha sido, pois no Twitter escreveu que bebeu 25 garrafas. Uma "loucura", disse.

Quando ficou sem contrato na Giant-Alpecin, foi a dinamarquesa Christina Jewelry-Kuma powered by Officine Mattio que lhe deu a oportunidade de prosseguir a sua carreira. Agora está na Coop e não perde a esperança de um dia regressar ao mais alto nível. "Sei que vai ser difícil, mas vou tentar."

Apesar de não saber o que esperar da Volta a Portugal, está contente por ter mais este desafio, referindo que vai enfrentar uns ciclistas portugueses que disse saber "que são muito rápidos nesta corrida". Ludvigsson terminou a primeira etapa integrado no pelotão, depois de ter perdido 12 segundos no prólogo para o camisola amarela, Rafael Reis (Caja Rural). E apesar de não puxar o protagonismo para si, poderá ser um dos ciclistas fortes da equipa para a geral. O sueco tem características para estar nessa luta, esperando então, que a sua sorte finalmente mude.

»»Ciclista do World Tour procura equipa para 2017 e faz apelo (quase desesperado) no Twitter««

»»Calor roubou as atenções e fez a primeira vítima na Volta a Portugal««

Sem comentários:

Enviar um comentário