(Fotografia: © Polartec-Kometa) |
Ganhar não é tudo o que conta para a carreira de um ciclista. Muitos são aqueles que parecem passar despercebidos, mas o reconhecimento também chega a quem faz do trabalho em prol dos outros a sua especialidade. É precisamente isso que Daniel Viegas destaca nas suas declarações, agora que foi premiado com um contrato para a equipa Continental da Polartec-Kometa, também conhecida como a formação que tem Alberto Contador como padrinho, através da sua fundação. O ciclista português está a cumprir a segunda temporada na estrutura de sub-23, nunca escondendo a ambição de onde queria chegar. É mais um passo, mais uma valorização numa equipa que vai ganhando importância, sendo a que funciona como de desenvolvimento de talentos para a Trek-Segafredo, que já conta com um português: Ruben Guerreiro.
"Estou muito feliz por chegar à equipa profissional. É uma forma de mostrar que também se pode atingir o profissionalismo através de muito trabalho, sem ganhar corridas. Trabalhei para os meus colegas de equipa nas categorias amadoras e agora tenho a certeza que não vou no próximo ano estar a ganhar corridas. Sei bem o que terei de fazer. Mas quero fazer o meu melhor. Se tiver de ganhar, tenho de estar no meu melhor. Se tiver de trabalhar, quero estar no meu melhor nessa função. Faça o que faça, não interessa: quero ser o melhor no que faço."
As palavras são de alguém ambicioso, mas também com uma enorme percepção da realidade que o espera, como sempre demonstrou este jovem Daniel Viegas. Ainda Março, quando falou com o Volta ao Ciclismo, disse: "Há muito trabalho a fazer e muitos anos para conseguir chegar ao topo." Para este ciclista que dominou as camadas jovens numa parceria temível com João Almeida, quando ambos representava o Clube de Ciclismo da Bairrada, é mais um passo rumo ao sonho de chegar ao topo. Seja em que função seja.
Viegas vai ser o primeiro ciclista estrangeiro a subir à equipa principal na Polartec-Kometa. O director que tem trabalhado com o português de 20 anos salientou: "Ele era um dos melhores juniores no seu país. Desde o primeiro momento que uma das coisas que mais nos impressionou foi a sua forma de correr, a sua inteligência, a forma como trabalhava com a equipa." Rafa Diáz Justo acrescentou que há muito potencial no ciclista. "Pensamos que ele vai fazer coisas mais bonitas do que no escalão amador. Dani é provavelmente um dos melhores gregários no escalão amador espanhol", referiu.
João Almeida foi mais rápido a dar o salto, estando actualmente a mostrar todo o seu potencial na Hagens Berman Axeon, somando grandes resultados, como a vitória na Liège-Bastogne-Liège em sub-23. Viegas tem outras características. Contudo, com a Polartec-Kometa a realizar um trabalho de formação que quer precisamente que se possa vir equiparar à estrutura americana de Axel Merckx, o ciclista português está também ele num bom caminho para atingir um nível elevado, numa modalidade tão exigente. Viegas descreve-se como uma bom rolador, a precisar de continuar a trabalhar para melhorar na montanha, mas, como já se percebeu, trabalho não é algo que o intimida.
Ambos tomaram o risco de ainda muito novos irem para o estrangeiro, não passando pelas equipas sub-23 portuguesas. São dois exemplos de sucesso que se espera estar apenas no início de excelentes carreiras. Daniel Viegas e João Almeida são dois dos jovens de grande talento de uma geração portuguesa que demonstra cada vez mais não só ter valor, mas também de estar a ser capaz de singrar.
De realçar que logo no seu primeiro ano como equipa Continental, a Polartec-Kometa conseguiu colocar um dos seus jovens ciclistas na Trek-Segafredo. O italiano Matteo Moschetti (21 anos) já assinou para 2019 e 2020, estando desde 1 de Agosto a estagiar na formação do World Tour. O luxemburguês Michel Ries (20 anos) poderá seguir o mesmo caminho, já que também foi chamado para o estágio de meio ano.
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