4 de agosto de 2018

W52-FC Porto mostra quem manda na Volta a Portugal

(Fotografia: PODIUM/Paulo Maria)
A W52-FC Porto controlou a corrida, atacou-a, fez a perseguição... A demonstração de poderio foi tal, que até faria inveja à Sky! A inicial resposta de quatro candidatos a lutar pela geral acabou frustrada por um Raúl Alarcón simplesmente demasiado forte para a concorrência. Desta feita até demorou um pouco mais. Em 2017 vestiu a amarela ao segundo dia, agora foi no quarto. Mais uma vez, quando resolve tomar conta da corrida, não há ninguém para medir força com uma equipa que fez o que queria desta terceira etapa da Volta a Portugal.

Vai-se tentar resistir à tentação de dizer que a Volta está ganha. Ainda é muito cedo, e há menos de um minuto a separar os adversários que tentaram seguir na roda de Alarcón. Porém, esta exibição chegou pouco depois de se saber que a subida à Torre tinha sido anulada, o que significa que a que era a etapa rainha, não irá ao ponto mais alto de Portugal Continental. Haverá a subida às Penhas Douradas, mas com a distância a ser encurtada e sem a categoria especial da Torre, o panorama da Volta pode mudar.

Há um ano foi lá que Alarcón fechou praticamente as contas, com a subida a par de Amaro Antunes, que venceu, mas com o líder bem ao seu lado. Porém, a etapa da Torre este ano surgia mais cedo e certamente que muitos dos mais puros trepadores tinham-na marcada para tentar elaborar ataques que pudessem abalar a W52-FC Porto. Talvez devido a essa hipótese, Nuno Ribeiro tenha decidido atacar antes, já que Alarcón afirmou que estava nos planos tentar algo na chegada a Oliveira do Hospital. E os planos não foram alterados. E agora que não há Torre, o controlo poderá ser outro, muito mais eficaz. A missão das outras equipas tornou-se muito mais difícil. Esta W52-FC Porto gosta de estar em primeiro e não tem medo de estar na frente. Aliás, não é uma questão de ter ou não medo, é uma questão de simplesmente ser o que faz de melhor.

Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano-Uli) apresentou-se novamente como o rival mais sério. Está a 28 segundos da geral. Se em 2017 a falta de equipa acabou por ser importante quando na Serra da Estrela não conseguiu perseguir Alarcón e Amaro Antunes, desta feita, no um para um, não resistiu ao segundo ataque do agora camisola amarela.

Foi Alarcón que tentou escapar ao pelotão, mas levou com ele, além de De Mateos, Edgar Pinto (Vito-Feirense-BlackJack), Joni Brandão (Sporting-Tavira) e Henrique Casimiro. O ciclista da Efapel até se embrulhou com Alarcón e chegou a cair. O trio que ficou na frente esperou para que os dois regressassem. Isto tudo na subida já perto da meta. As diferenças foram feitas na descida. Joni está a 40 segundos, Casimiro a 43 e Edgar Pinto a 45. Daniel Mestre (Efapel) é o último que está a menos de um minuto (59 segundos), mas não é ciclista para a geral.

O pelotão ficou completamente destruído com o ataque de Alarcón, mas a parte estranha foi ver a própria equipa do espanhol a fazer a perseguição. Alarcón foi ganhando tempo, pelo que só se poderá explicar pela tentativa de apanhar os perseguidores. Certo é que a W52-FC Porto fez o que lhe apeteceu, tendo apenas "descansado" quando a Efapel foi finalizar o trabalho para apanhar o sexteto que esteve inicialmente na frente (chegou a ser um grupo maior, mas foi ficando mais pequeno com o passar dos quilómetros). A Rádio Popular-Boavista foi a única das seis equipas portuguesas com pretensão à geral a não ter ninguém na frente, mas também não assumiu a perseguição com Alarcón e os quatro rivais escaparam.

Numa corrida tão marcada pelo calor, Alarcón deu algum espectáculo. A W52-FC Porto antecipou-se a todos e deixa agora os adversários a terem de pensar em estratégias para derrubar um bloco que parece estar inabalável. É altura de assumir riscos.

Houve mais mudanças de camisolas. Rafael Reis (Caja Rural) perdeu a amarela, enquanto César Martingil (Liberty Seguros-Carglass) cedeu a branca da juventude ao espanhol da Euskadi-Murias, Oscar Rodriguez. De Mateos tirou a verde dos pontos ao companheiro Luís Mendonça, enquanto a W52-FC Porto desalojou o Sporting-Tavira da liderança colectiva. Só Mario Vogt (Sapura Cycling) conseguiu manter a sua, a azul da montanha.

Pode ver aqui as classificações.

O calor mexe com a Volta

Mais uma etapa com os 40 graus a ser o número que mais se fala. E ao quarto dia de temperaturas altas e com a chegada da montanha - foram cinco contagens, incluindo uma segunda na Serra da Lousã -, alguns ciclistas não conseguiram resistir a este teste infernal. Na etapa entre Sertã e Oliveira do Hospital (177,8 quilómetros) abandonaram seis corredores, incluindo Mario Gonzalez (Sporting-Tavira) - que falta poderá fazer o espanhol à equipa - e António Barbio, vencedor de uma etapa em 2017. É também uma perda de vulto para o Miranda-Mortágua, já que partiu com aspiração de fazer um bom lugar na geral. A equipa ficou apenas com cinco ciclistas, pois Pedro Teixeira também não terminou a etapa.

É precisamente por causa do calor, com as previsões a não serem nada simpáticas, principalmente para quem anda no interior do país, que a organização optou por anular a subida à Torre neste domingo. O percurso passará antes pelas Penhas Douradas (primeira categoria) retomando o previsto em Manteigas rumo ao difícil final nas Penhas da Saúde. Serão menos 27,1 quilómetros, ou seja, 143,3, que começam na Guarda. Será que haverá uma resposta imediata à movimentação de hoje da W52-FC Porto?


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