31 de julho de 2018

Ambição e convicção. Adversários querem fazer a W52-FC Porto suar

(Fotografia: © PODIUM/Paulo Maria)
O calor não quis faltar à Volta a Portugal, mas a W52-FC Porto vai suar também pela concorrência que irá enfrentar. Pelo menos é isso que alguns dos adversários pretendem fazer e assim ameaçar um domínio que dura há cinco anos e cujas expectativas até apontam para que continue. Não há dúvidas que Nuno Ribeiro tem um plantel que permite poder substituir alguém sem perder rendimento, mas o Sporting-Tavira surge este ano mais forte, ainda que não esteja só no desafio de tentar acabar com uma hegemonia que parece intocável.

A sensação que seja qual for a acção nas etapas, no final ganha a W52-FC Porto é enorme. Apesar de quase todas as equipas nacionais já terem celebrado vitórias, é a do Sobrado que tem uma lista impressionante de troféus. São dez triunfos, só para referir etapas ou classificações gerais. Se juntarmos os restantes prémios em disputa, então o número sobe para 27 (pode ver aqui as vitórias das equipas Continentais portuguesas). E só para que ninguém tivesse dúvidas do poderio antes da Volta, a W52-FC Porto ganhou em Julho o Troféu Joaquim Agostinho (por José Neves, que não foi chamado para a Volta) e o Grande Prémio de Portugal Nacional 2. Neste último foi Raúl Alarcón a passar uma mensagem importante.

O espanhol vem de um ano complicado, com uma queda em Abril a limitar-lhe uma fase da época na qual esteve muito forte em 2017. Parte como o natural favorito, afinal é o campeão em título. Porém, a grande questão não deixa de ser com quem é que a W52-FC Porto irá atacar a corrida. Gustavo Veloso ainda procura aquele ambicionado terceiro triunfo, enquanto António Carvalho está à espreita de uma oportunidade. Ricardo Mestre e Rui Vinhas podem ser vistos mais como gregários, mas sabem o que é ganhar a Volta e César Fonte está a ter uma época de grande nível. João Rodrigues é o nome que para já não surge como possível ameaça. Mas Rui Vinhas também não o era em 2016!

Um pormenor a ter em conta é que haverá menos um ciclista por equipa. Serão sete e não oito. Viu-se como nas grandes voltas, reduzir de nove para oito pouco ou nada incomodou a Sky. Respeitando as devidas diferenças, a ver vamos se menos um ciclista poderá fazer alguma diferença na Volta a Portugal. Será mais difícil de controlar? É esse um dos aspectos que um Sporting-Tavira ou Aviludo-Louletano-Uli poderão explorar.

Joni Brandão está de regresso depois de um problema de saúde o ter afastado da última edição. Pode-se mesmo dizer que é um reforço de luxo. Na formação de Loulé, a situação de Vicente Garcia de Mateos parece que não fez tremer a confiança. O espanhol esteve suspenso devido a questões com o passaporte biológico, mas o Tribunal Arbitral do Desporto levantou-lhe a sanção. Mateos foi terceiro há um ano e quer agora ganhar. Ao seu lado terá um Luís Mendonça que tem sido uma das sensações de 2018. Venceu a Volta ao Alentejo e chega à "Grandíssima" com uma enorme vontade de se mostrar, depois de há um ano ter sido afastado ao ser agredido por um condutor, durante um treino.

Daniel Silva regressou à Rádio Popular-Boavista para se juntar a João Benta. Ambos olharão para a geral, enquanto o campeão nacional de contra-relógio e estrada, Domingos Gonçalves, vai à caça de etapas. A Efapel também joga com duas cartas: Sérgio Paulinho e Henrique Casimiro, enquanto pode-se esperar muito trabalho para ajudar Daniel Mestre a ganhar uma etapa que lhe escapou em 2017. Quanto à Vito-Feirense-BlackJack, Edgar Pinto espera que os azares o tenham deixado de vez e João Matias quer uma etapa, depois de há um ano ter sido uma revelação. Andou vários dias de camisola azul, ainda que a montanha não seja a sua especialidade.

E irá alguém fazer abanar a W52-FC Porto? A ambição está lá e a qualidade de muitos ciclistas também. Há quem não esconda alguma convicção que tal poderá mesmo acontecer. Ficaremos à espera, pois todo o espectáculo é bem-vindo.

Não vamos esquecer as três equipas Continentais sub-25, que têm muitos jovens estreantes e que vão ter um papel importante na corrida. Será um teste de fogo para todos, pelo que o principal objectivo é que ganhem experiência e, se possível, colocar alguém na luta pela classificação da juventude, Claro que entrar em fugas estará na mira, pois nunca se sabe se uma etapa poderá entrar nos planos. A Liberty Seguros-Carglass, Miranda-Mortágua e LA Alumínios trazem à Volta a Portugal algo que escasseou em 2017: jovens talentos portugueses. Faziam falta mais e aí estão eles, numa corrida que certamente não esquecerão.

O mundo em Portugal

Verificou-se algumas alterações quanto às equipas estrangeiras inicialmente previstas aquando da apresentação do percurso, há um mês. A espanhola Burgos-BH de José Mendes, a australiana St George e a belga Tarteletto Isorex não estarão presentes, mas temos a inclusão de uma formação malaia, a Sapura Cycling. Do escalão Profissional Continental teremos a Caja Rural, com Joaquim Silva (atenção a este antigo ciclista da W52-FC Porto) e Rafael Reis (também ele ex-azul e branco), que irá apostar forte no contra-relógio desta quarta-feira em Setúbal, não estivesse ele praticamente a correr em casa (é de Palmela). Juntam-se ainda a Israel Cycling Academy - que não trouxe o vencedor da juventude de 2017, o letão Krists Neilands -, a belga WB Aqua Protec Veranclassic e a espanhola Euskadi Basque Country Murias.

Do escalão Continental, além da equipa da Sapura Cycling, teremos da Albânia a Amore & Vita-Prodir, a Team Ecuador (não terá certamente problemas com o calor previsto para os próximos dias), a norueguesa Team Coop - que conta com um ciclista que já passou pela então Giant-Alpecin, Fredrik Ludvigsson -, a romena MSTina Focus - que tem Frederico Zurlo, antigo companheiro de Rui Costa na UAE Team Emirates - e a luxemburguesa Differdange Losch.

E para começar...

Para decidir o primeiro camisola amarela, os 131 ciclistas terão de cumprir 1,8 quilómetros em Setúbal. Vai saber a pouco, mas não faltam quilómetros para percorrer nos dias seguintes. É a estreia da cidade sadina a receber o início da Volta e além de Rafael Reis, Domingos Gonçalves estará desejoso de vestir uma camisola que há um ano o francês Damien Gaudin lhe tirou por apenas dois segundos. Porém, este é um contra-relógio que não é só para os especialistas. É muito explosivo, nada técnico, pelo que poderá haver alguma surpresa no primeiro vencedor.

Na quinta-feira teremos a segunda etapa mais longa: 191,8 quilómetros entre Alcácer do Sal e Albufeira, no regresso do Algarve à Grandíssima. Depois segue-se a mais longa: 195,3 entre Beja e Portalegre. E domingo é dia de subir à Torre e depois ainda ter de enfrentar a subida das Penhas da Saúde, que de fácil nada tem. Grande etapa em perspectiva.

Gonçalo Leaça (LA Alumínios) será o primeiro a sair para o contra-relógio às 15:18 e Raúl Alarcón fechará o prólogo ao partir às 17:28.


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