3 de agosto de 2017

"Vou tentar estar no meu melhor para mostrar que a vitória não foi por acaso"

A 7 de Agosto, Rui Vinhas fazia os últimos quilómetros rumo a uma vitória
inesperada, conquistada com muita garra
Há um ano o nome Rui Vinhas aparecia em segundo plano. Na W52-FC Porto era de Gustavo Veloso que se falava, o homem que tinha tudo para conquistar a terceira vitória consecutiva na Volta a Portugal. Vinhas tinha a responsabilidade de ajudar o espanhol a alcançar um objectivo que parecia ser difícil não conseguir. Mesmo durante a Volta e já com Vinhas de amarelo, era Veloso que ia demonstrando toda a sua superioridade. Porém, Vinhas aguentou-se entre os melhores, aguentou as constantes dúvidas se teria capacidade para manter a amarela até final, no contra-relógio de Lisboa. Quando percebeu que tinha uma oportunidade única agarrou-a. Um ano depois, Rui Vinhas é o nome que encabeça a lista de ciclistas que vão estar na Volta a Portugal. É procurado para as entrevistas, para as fotografias com os adeptos, tornou-se num ciclista conhecido e, mais importante, reconhecido pelo feito que alcançou.

Apesar de muito se ter falado de Veloso, Vinhas disse que sente que o seu triunfo é valorizado. Preparar esta Volta foi diferente a nível emocional, mas o ciclista da W52-FC Porte garante estar preparado para enfrentar a pressão. "Tenho de a colocar de lado, mas pensa-se sempre no feito alcançado e que dificilmente vai acontecer novamente. Tenho essa noção", salientou ao Volta ao Ciclismo. Além da pressão desportiva, haverá a pressão mediática. "As pessoas vão estar muito à espera do meu resultado. Os jornalistas, no início da Volta, vão estar de olho em mim. Não vou passar tão discretamente como em anos anteriores, tenho consciência disso e tenho de estar à altura do momento", salientou.

Será uma Volta a Portugal diferente. Terá o dorsal número um e Rui Vinhas quer aproveitar todos os segundos. Apesar da vitória em 2016, será novamente um dos gregários de Gustavo Veloso. Porém, a confiança é outra agora que tem aquele troféu da Volta exposto na sua sala, ao lado do Dragão de Ouro e da medalha de vice-campeão nacional. Mesmo tendo de trabalhar para o seu líder, Vinhas não esconde que se tiver autorização para ingressar numa fuga, tentará repetir a conquista. Ganhar uma etapa também seria excelente: "Vou tentar estar no meu melhor para mostrar que a vitória não foi por acaso, que lutei bastante e que consegui estar ao nível dos melhores."


"Temos um líder que é o Gustavo e vamos fazer tudo para ele ganhar. Se surgir algo como no ano passado, então defenderemos, seja ele quem for"

Destes 12 meses, a confiança é algo que Rui Vinhas destaca. Ou seja: "Agora vou para as competições com outra confiança, acredito mais em mim e os resultados começaram a surgir." Essa confiança vem também da parte de Nuno Ribeiro. "Acho que dei garantias ao director [desportivo]. Tenho sido um ciclista que tem estado a disputar corridas e ele tem confiança em mim. Eu esforço-me ao máximo para o não deixar mal", frisou.

Tudo por Veloso

Poderá ter o dorsal um, mas a W52-FC Porto estará unida em redor de Gustavo Veloso, palavra de Rui Vinhas. Apesar de ser uma equipa com outros ciclistas de elevado potencial, o ciclista de 30 anos salientou a importância de respeitar os líderes, recordando que em 2016, Veloso respeitou-o quando vestiu a camisola amarela na terceira etapa, em Macedo de Cavaleiros: "Se calhar, se fosse outro, teria atacado e ele nunca o fez."

"Temos um líder que é o Gustavo e vamos fazer tudo para ele ganhar. Se surgir algo como no ano passado, então defenderemos, seja ele quem for", disse Vinhas, considerando que a equipa terá vários ciclistas para fazer o que fez na edição passada. "O que nós queremos é que a vitória fique na equipa", realçou.

Amaro Antunes, Ricardo Mestre (vencedor da Volta em 2011), Raúl Alárcon, António Carvalho, são ciclistas de qualidade, mas Rui Vinhas acredita que todos trabalharão em prol de Veloso e assim mostrar como são um conjunto sólido. "Muita gente de fora quer desestabilizar-nos, mas nós não podemos cair nisso. A união do grupo tem feito a diferença", afirmou.


"É lamentável um ciclista da categoria do Joni Brandão ficar de fora. Iria ser dos que nos daria muito trabalho"

Os rivais

Recordar todas as experiências que viveu no último ano, após ter vencido a Volta a Portugal, terá de dar lugar à concentração total para enfrentar fortes rivais. "As equipas estão muito mais equilibradas", começou por dizer. Individualmente, Vinhas destacou: "Penso que o Edgar Pinto vai estar em bom plano, o Sérgio Paulinho e o Henrique Casimiro, o João Benta... O Rui Sousa não sei como estará. Há ainda o Nocentini e o Alejandro Marque. O Vicente [García de Mateos] é um candidato assumido. Anda muito bem na montanha e nos contra-relógios. Tenho ficado bastante surpreendido com ele."

No meio de tantos rivais, faltará um. "É lamentável um ciclista da categoria do Joni Brandão ficar de fora. Iria ser dos que nos daria muito trabalho, mas o Marque também é perigoso e defende-se muito bem no contra-relógio."

Quanto ao percurso, Rui Vinhas considera que será mais difícil do que o de 2016. Apesar de não haver chegada à Torre - tal como no ano passado, mas a diferença é que só haverá uma passagem em vez de duas - o ciclista da W52-FC Porto realçou as complicadas chegadas a Santa Lúzia, Santo Tirso, assim como a etapa de Figueira de Castelo Rodrigo, que com o calor poderá tornar as coisas ainda mais difíceis. A subida à Senhora da Graça será este ano a dia de semana e Vinhas acredita que tal poderá significar menos público, mas a dificuldade para os ciclistas continua a mesma.

Percurso complicado, mas que tem tiradas que podem beneficiar o seu líder: "O prólogo tem excelentes condições para ele e as etapas de média montanha favorecem-no bastante." Veloso tem tido um ano discreto, concentrado no objectivo da Volta a Portugal "Ele diz que está muito bem e eu acredito que sim. É um ciclista experiente e quando aponta a um objectivo, raramente falha. Vai ser um dos homens mais fortes da Volta", assegurou.


E tudo começa esta sexta-feira com o prólogo de 5,4 quilómetros em Lisboa (o primeiro ciclista parte às 15:06 - Kevin Lebreton - e o último, Rui Vinhas, às 17:25).




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