14 de agosto de 2017

A Volta de Alarcón e de um senhor Amaro Antunes

(Fotografia: Podium/Volta a Portugal)
Ninguém podia dizer que não estava avisado. Tanto Raúl Alarcón, como Gustavo Veloso tinham alertado que a etapa da Torre seria para atacar e tentar alargar uma diferenças demasiado curtas para levar para um contra-relógio, no qual ficariam abertos à possibilidade de uma surpresa. Mas nem abrindo o livro da táctica as restantes equipas portuguesas têm capacidade para fazer frente a uma W52-FC Porto muito acima de tudo e de todos. Foi um golpe perfeito, que não ficou em causa com uma inesperada quebra de Veloso logo nos primeiros quilómetros na subida à Torre.

Sporting-Tavira e Louletano-Hospital de Loulé não chegaram para um Ricardo Mestre, Amaro Antunes e Raúl Alarcón. Ninguém quis ajudar e por mais críticas que possam existir, não o tinham de fazer. Não ganhavam nada com esse esforço e principalmente a Efapel não esquece como no domingo tanto trabalhou sozinha e depois perdeu a etapa para Vicente García de Mateos, da equipa de Loulé. Mas o destaque tem de ir todo para uma exibição de luxo primeiro de Ricardo Mestre e depois de Amaro Antunes, com Raúl Alarcón sempre a ajudar.

Numa Volta a Portugal a ser tão disputada ao segundo, com tanta luta pelas bonificações, numa etapa foi impressionante como a diferença cresceu. Não era inesperado que a vantagem aumentasse para Alarcón, mas deixar os adversários a mais de cinco minutos quando nem 20 segundos os separavam... É um poderio tremendo que aumenta um domínio que, a confirmar-se esta conquista, chega agora aos cinco anos! Só uma catástrofe tirará a amarela ao espanhol e se por acaso ela acontecer, está logo ali um Amaro Antunes (a 31 segundos) satisfeito com o segundo lugar, mas que esta terça-feira em Viseu, merece estar ao lado de Alarcón naquele lugar mais alto do pódio.

O ciclista algarvio realizou uma Volta a Portugal brilhante. Ele é um dos grandes responsáveis pela vitória. Trabalhou de forma exemplar, deu sempre garantias, fosse a Alarcón ou a Veloso. Poderíamos dizer que merecia ser ele o vencedor, mas também não seria justo para um Alarcón igualmente excelente. O espanhol venceu duas etapas, incluindo a da Senhora da Graça e não mostrou fraquezas. Perante a incerteza de Veloso, -que foi subindo de forma, mas no Viso, por exemplo, teve um momento menos bom -, Alarcón mostrou que estava mais do que preparado para levar a amarela até final, depois e a conquistar logo na primeira etapa (após o prólogo). Veloso cortou a meta a 42:24 minutos dos companheiros de equipa. Foi o completo baixar de braços e acabou acompanhado por Rui Vinhas, com quem em 2016 disputou a Volta no contra-relógio final.

Alarcón vence com justiça, Amaro é segundo, mas o algarvio leva ainda o título de rei da montanha. João Matias (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack) cedo cedeu numa etapa que nada tinha a ver com as suas características. Muito lutou este ciclista na Volta por uma classificação que não esperaria liderar, mas no final, Amaro, esse sim um trepador nato, ficou com a camisola azul.

Perante o que aconteceu na 79ª edição da Volta a Portugal, resta render-nos a uma W52-FC Porto que cada vez mais faz com que cresça o desejo de a ver bater-se a outro nível. E quanto às restantes equipas nacionais, é esperar que o crescimento que se tem verificado nestes dois últimos anos (lento, mas está a acontecer), possa levar a um maior equilíbrio em breve. Fizeram o que podiam a pensar nos seus objectivos, sabendo que era difícil que esses passarem por uma vitória na Volta.

Falta um contra-relógio. 20,1 quilómetros. Este ano a festa da consagração será em Viseu. É certo que um furo, uma queda, um imprevisto pode sempre acontecer, mas são mais de cinco minutos de diferença para o terceiro classificado. Aliás, será este último lugar do pódio um dos principais pontos de interesse da derradeira etapa. Oito segundos separam Vicente García de Mateos de Rinaldo Nocentini. O Louletano-Hospital de Loulé ganhou uma etapa ao contrário do Sporting-Tavira, pelo que será de calcular o enorme desejo de pelo menos ter um ciclista no pódio final. Claro que ainda haverá um Alejandro Marque que poderá ser o mais forte no esforço individual.



Para terminar, uma palavra para Krists Neilands. Este sub-23, campeão nacional da Letónia, revelou uma enorme perseverança, compensada com a vitória na classificação da juventude. São quase 16 minutos de vantagem para Luís Gomes (Rádio Popular-Boavista)! O ciclista da Israel Cycling Team foi o único que aguentou o ritmo do trio da W52-FC Porto e só a 15 quilómetros é que perdeu contacto. Perdeu 1:28 minutos, pouco comparando com os considerados candidatos, e entrou no top dez.

Veja aqui as classificações.

»»A Volta disputada segundo a segundo««

»»Tu és o líder... Não tu é que és...««

1 comentário:

  1. Já o tenho dito aqui, o Amaro "está a pedir" outros voos e se o FCPorto não for capaz de dar o salto para a Pro continental então seguramente para o ano veremos o algarvio como homem de mão de um líder...
    Numa Sunweb por exemplo...

    ResponderEliminar