(Fotografia: ASO/Pauline Ballet) |
Mesmo com cinco etapas ganhas na Volta a França, passando a ser o alemão com mais vitórias nesta corrida, Marcel Kittel não conseguiu afastar a sensação que estaria prestes a ser ultrapassado na hierarquia de sprinters na Quick-Step Floors por Fernando Gaviria. O colombiano conquistou quatro tiradas no Giro e já parece escasso falar numa estrela em ascensão aos 22 anos. O talento e qualidade estão mais do que confirmados. Com a equipa belga a viver até recentemente numa incerteza quanto à sua continuidade, surgiram notícias que o director, Patrick Levefere, já tinha falado com Gaviria para renovar. Já com Kittel a situação arrastou-se, com o alemão a não gostar da situação.
Aos 29 anos, Kittel continua a mostrar que quando está em grande forma é quase impossível batê-lo. Muitos adversários consideram que a melhor maneira é garantir que não consiga sprintar. Para um ciclista da sua qualidade, perante a ameaça de se ver ultrapassado por Gaviria, o alemão optou por ir para uma equipa onde será um líder indiscutível nos sprints. A Katusha-Alpecin - equipa de Tiago Machado e José Gonçalves - fica claramente a ganhar, mas para que o seu reforço renda, terá de garantir todo um forte apoio ao sprinter. Com Alexander Kristoff a ter deixado de ser homem para as grandes corridas, Kittel dá mais garantias. Será no entanto interessante ver como irá a equipa gerir as pretensões do alemão no Tour com as de Ilnur Zakarin. O russo vai querer rapidamente apostar também na prova francesa, pelo que poderá haver uma divisão de esforços, o que nem sempre tem os resultados desejados.
Claro que há ainda outro lado que os adeptos de ciclismo vão adorar: agora ter-se-á a oportunidade de ver Kittel e Gaviria defrontarem-se na estrada. Elia Viviani vai ocupar o lugar de Kittel, ainda que sem o protagonismo do alemão. O italiano deu o dito por não dito e resolveu quebrar contrato com a Sky. Esta hipótese já tinha sido avançada há umas semanas, mas então o destino seria a UAE Team Emirates e já em Agosto. Viviani disse que tudo era mentira e que iria cumprir o vínculo até final, ou seja 2018. Não demorou muito a mudar de ideias. No próximo ano trocará a equipa britânica pela belga.
Viviani não ficou nada satisfeito por ter sido deixado de fora do Giro100 e claro que onde vai Froome nas grandes voltas, não há espaço para sprinters. Para a Quick-Step Floors Viviani será uma opção para a Volta a Itália, enquanto "promove" Gaviria ao Tour. O italiano não é garantia de vitórias como Kittel, sendo constantemente batido pelos sprinters mais poderosos. Poderá beneficiar do famoso comboio azul a ajudá-lo, mas a contratação é um claro sinal de Lefevere para evitar concorrência dentro da equipa. Não há dúvidas quem será o sprinter número um, mas para Viviani é uma melhoria na sua posição, já que pelo menos passa a ser opção para uma grande volta.
Quanto a Mikel Landa, o anúncio esperado foi feito no domingo. Eusebio Unzué é um homem bem feliz. Já tinha tentado contratar o espanhol quando este ficou sem equipa no fechar de portas da Euskaltel-Euskadi e depois quando acabou o contrato com a Astana. Agora consegue finalmente ir buscá-lo depois de dois anos na Sky que não foram o esperado para Landa.
Quando lhe foi dada a oportunidade para liderar, Landa não conseguiu aproveitar, ou porque teve problemas de saúde, ou porque uma moto se meteu no caminho (ambos os casos em duas edições do Giro). Na última Volta a França ficou a um segundo do pódio. Estava numa grande forma, mas na Sky não há espaço para dúvidas. Se Chris Froome é o líder, é para respeitar até final. Já o tinha sido com Bradley Wiggins e dado os triunfos que a equipa tem somado, é normal que se mantenha fiel ao seu mandamento.
Landa disse que não queria mais ser segunda opção e manteve a sua palavra. Na Sky esta pretensão não iria acontecer, com o ciclista a arriscar mesmo perder para Geraint Thomas mais um lugar na hierarquia na Volta a Itália, por exemplo. Escolheu a Movistar, que tem Nairo Quintana e espera-se que em 2018 continue a ter Alejandro Valverde. O espanhol está a recuperar de uma grave lesão após ter caído no contra-relógio inaugural do Tour.
Onde encaixa Landa? A relação entre Unzué e Quintana já viveu melhores dias e muito se fala da saída do colombiano. O ciclista já disse que não irá acontecer, o agente confirmou, mas não fechou completamente a porta a essa possibilidade. Quintana falhou por completo nos objectivos de 2017. Nem Giro, nem Tour e uma exibição triste em França.
Poder-se-ia ler a contratação de Landa como um líder para o Giro, mas depois de anos a dizer que a Volta a Itália era a sua preferida, ao ficar tão perto do pódio no Tour, o espanhol percebeu que pode lutar pela Volta a França e inclusivamente fazer frente a Froome, algo que Nairo Quintana tem sido incapaz no Tour, tendo-o feito na Vuelta.
Astana e Trek-Segafredo são duas equipas à procura de líderes. A primeira prepara-se provavelmente para perder Fabio Aru, a segunda vai ficar sem Alberto Contador, que vai terminar a carreira após a Vuelta. Convencer Quintana a sair é algo que a formação cazaque estará tentada a fazer e financeiramente não tem problemas em apresentar uma proposta tentadora. A chegada de Landa não deverá ser muito do agrado do colombiano. Tanto lutou para ultrapassar Valverde na hierarquia das grandes voltas e agora volta a ter uma concorrência de luxo. Se Quintana ficar, vai ser muito interessante assistir à gestão competitiva destes dois ciclistas. É impossível imaginar um a trabalhar para o outro.
Valverde nunca ficará melindrado. Apesar de continuar a vencer a um ritmo invejável, o final de carreira nunca estará longe e o espanhol não se importará nada de apostar em corridas em que pode continuar a vencer, como as clássicas ou provas de uma semana. Se conseguir recuperar a forma, um último ataque à Vuelta é possível, sem que tal atropele os interesses de Landa.
Os três ciclistas, Kittel, Viviani e Landa assinaram contrato por dois anos. De referir ainda que a Sky perdeu assim mais dois ciclistas: Ian Boswell (Katusha-Alpecin), Peter Kennaugh (Bora-Hansgrohe) e Mikel Nieve (Orica-Scott) também optaram por mudar de equipa em 2018.
Veja aqui as principais transferências e quem está em final de contrato.
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Aos 29 anos, Kittel continua a mostrar que quando está em grande forma é quase impossível batê-lo. Muitos adversários consideram que a melhor maneira é garantir que não consiga sprintar. Para um ciclista da sua qualidade, perante a ameaça de se ver ultrapassado por Gaviria, o alemão optou por ir para uma equipa onde será um líder indiscutível nos sprints. A Katusha-Alpecin - equipa de Tiago Machado e José Gonçalves - fica claramente a ganhar, mas para que o seu reforço renda, terá de garantir todo um forte apoio ao sprinter. Com Alexander Kristoff a ter deixado de ser homem para as grandes corridas, Kittel dá mais garantias. Será no entanto interessante ver como irá a equipa gerir as pretensões do alemão no Tour com as de Ilnur Zakarin. O russo vai querer rapidamente apostar também na prova francesa, pelo que poderá haver uma divisão de esforços, o que nem sempre tem os resultados desejados.
Claro que há ainda outro lado que os adeptos de ciclismo vão adorar: agora ter-se-á a oportunidade de ver Kittel e Gaviria defrontarem-se na estrada. Elia Viviani vai ocupar o lugar de Kittel, ainda que sem o protagonismo do alemão. O italiano deu o dito por não dito e resolveu quebrar contrato com a Sky. Esta hipótese já tinha sido avançada há umas semanas, mas então o destino seria a UAE Team Emirates e já em Agosto. Viviani disse que tudo era mentira e que iria cumprir o vínculo até final, ou seja 2018. Não demorou muito a mudar de ideias. No próximo ano trocará a equipa britânica pela belga.
Viviani não ficou nada satisfeito por ter sido deixado de fora do Giro100 e claro que onde vai Froome nas grandes voltas, não há espaço para sprinters. Para a Quick-Step Floors Viviani será uma opção para a Volta a Itália, enquanto "promove" Gaviria ao Tour. O italiano não é garantia de vitórias como Kittel, sendo constantemente batido pelos sprinters mais poderosos. Poderá beneficiar do famoso comboio azul a ajudá-lo, mas a contratação é um claro sinal de Lefevere para evitar concorrência dentro da equipa. Não há dúvidas quem será o sprinter número um, mas para Viviani é uma melhoria na sua posição, já que pelo menos passa a ser opção para uma grande volta.
Quanto a Mikel Landa, o anúncio esperado foi feito no domingo. Eusebio Unzué é um homem bem feliz. Já tinha tentado contratar o espanhol quando este ficou sem equipa no fechar de portas da Euskaltel-Euskadi e depois quando acabou o contrato com a Astana. Agora consegue finalmente ir buscá-lo depois de dois anos na Sky que não foram o esperado para Landa.
Quando lhe foi dada a oportunidade para liderar, Landa não conseguiu aproveitar, ou porque teve problemas de saúde, ou porque uma moto se meteu no caminho (ambos os casos em duas edições do Giro). Na última Volta a França ficou a um segundo do pódio. Estava numa grande forma, mas na Sky não há espaço para dúvidas. Se Chris Froome é o líder, é para respeitar até final. Já o tinha sido com Bradley Wiggins e dado os triunfos que a equipa tem somado, é normal que se mantenha fiel ao seu mandamento.
Landa disse que não queria mais ser segunda opção e manteve a sua palavra. Na Sky esta pretensão não iria acontecer, com o ciclista a arriscar mesmo perder para Geraint Thomas mais um lugar na hierarquia na Volta a Itália, por exemplo. Escolheu a Movistar, que tem Nairo Quintana e espera-se que em 2018 continue a ter Alejandro Valverde. O espanhol está a recuperar de uma grave lesão após ter caído no contra-relógio inaugural do Tour.
Onde encaixa Landa? A relação entre Unzué e Quintana já viveu melhores dias e muito se fala da saída do colombiano. O ciclista já disse que não irá acontecer, o agente confirmou, mas não fechou completamente a porta a essa possibilidade. Quintana falhou por completo nos objectivos de 2017. Nem Giro, nem Tour e uma exibição triste em França.
Poder-se-ia ler a contratação de Landa como um líder para o Giro, mas depois de anos a dizer que a Volta a Itália era a sua preferida, ao ficar tão perto do pódio no Tour, o espanhol percebeu que pode lutar pela Volta a França e inclusivamente fazer frente a Froome, algo que Nairo Quintana tem sido incapaz no Tour, tendo-o feito na Vuelta.
Astana e Trek-Segafredo são duas equipas à procura de líderes. A primeira prepara-se provavelmente para perder Fabio Aru, a segunda vai ficar sem Alberto Contador, que vai terminar a carreira após a Vuelta. Convencer Quintana a sair é algo que a formação cazaque estará tentada a fazer e financeiramente não tem problemas em apresentar uma proposta tentadora. A chegada de Landa não deverá ser muito do agrado do colombiano. Tanto lutou para ultrapassar Valverde na hierarquia das grandes voltas e agora volta a ter uma concorrência de luxo. Se Quintana ficar, vai ser muito interessante assistir à gestão competitiva destes dois ciclistas. É impossível imaginar um a trabalhar para o outro.
Valverde nunca ficará melindrado. Apesar de continuar a vencer a um ritmo invejável, o final de carreira nunca estará longe e o espanhol não se importará nada de apostar em corridas em que pode continuar a vencer, como as clássicas ou provas de uma semana. Se conseguir recuperar a forma, um último ataque à Vuelta é possível, sem que tal atropele os interesses de Landa.
Os três ciclistas, Kittel, Viviani e Landa assinaram contrato por dois anos. De referir ainda que a Sky perdeu assim mais dois ciclistas: Ian Boswell (Katusha-Alpecin), Peter Kennaugh (Bora-Hansgrohe) e Mikel Nieve (Orica-Scott) também optaram por mudar de equipa em 2018.
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