8 de agosto de 2017

Alarcón ou Amaro? A W52-FC Porto só teve de escolher

(Fotografia: Podium/Volta a Portugal)
A diferença é demasiada. Como bater esta W52-FC Porto? Neste momento parece não haver resposta. Foi um trabalho perfeito da equipa na preparação ao ataque à Senhora da Graça e já no Monte Farinha foi só fazer a escolha que se tornava óbvia: Raúl Alarcón está perfeito, Amaro Antunes perfeito está, mas o primeiro tem a camisola amarela e é claramente a partir de agora o líder da equipa e também mais claro o líder na Volta a Portugal. A Senhora da Graça ao quinto dia pode não decidir nada, mas deixa todos no seu lugar.

Bravo Hélder Ferreira (Louletano-Hospital de Loulé) que tentou manter-se numa fuga condenada ao insucesso, brava a Rádio Popular-Boavista que tentou mexer na corrida, brava a Efapel que tentou fazer frente à W52-FC Porto no controlo da etapa. Mas a bravura não chegou para bater uma equipa que é uma máquina oleada, que é uma formação de outro nível e que quando diz "quem manda aqui sou eu", manda mesmo. Alarcón faz este ano a vez de Rui Vinhas. Gustavo Veloso começa a Volta como líder e vê de novo um colega assumir-se como o candidato principal.

Faltou o encanto do público numa Senhora da Graça disputada em dia de semana e não ao fim-de-semana, como é tradição. Decisão que não foi feliz para o percurso, mas valeu que na estrada houve espectáculo, mesmo que na berma fossem muito menos aqueles que assistiram. Filipe Cardoso (Rádio Popular-Boavista) salientou precisamente esses dois aspectos, ele que tentou ganhar novamente e depois ajudar Rui Sousa e João Benta. Foi o mais combativo, mas o dia não correu de feição para a equipa. Cardoso disse que era necessário alguém mexer na corrida para evitar que todos fossem ao ritmo da W52-FC Porto. Haja alguém que tome esse risco. Não surtiu o efeito e resta dizer que agradece quem assistiu, caso isso possa servir de prémio de consolação.

Alarcón deixou uma mensagem fortíssima para quem quiser tirar-lhe a amarela, mas se já assume um discurso que a liderança da equipa é dele, ainda assim tem experiência suficiente para saber que faltam demasiadas etapas, demasiadas subidas para preparar o champanhe. A diferença é maior (25 segundos), contudo, não é decisiva.

Rinaldo Nocentini subiu ao segundo lugar que era do colega do Sporting-Tavira, Alejandro Marque. Aos 39 anos, o italiano mostra que está de facto muito mais preparado para disputar a Volta a Portugal, comparativamente com a sua estreia em 2016. Marque ainda está por ali, mas de seis segundos passou para 35.

E voltamos à W52-FC Porto. Amaro Antunes um gregário de luxo e pronto a chegar-se à frente se algo acontecer a Alárcon. Ficou a sensação que poderia muito bem ter lutado pela etapa. Porém, as ordens de equipa são para respeitar e o plano era que fosse o espanhol a ganhar tempo. De recordar que estão em jogo bonificações: 10 segundos para o vencedor da etapa, seis para o segundo e quatro para o terceiro.

Os derrotados

Sérgio Paulinho perdeu mais de um minuto. O líder da Efapel mantém-se no top dez, mas foi um sinal negativo aquele que deixou na Senhora da Graça. Ainda há muita Volta pela frente e tempo para recuperar, mas Paulinho fica agora proibido de falhar. Mesmo sendo um bom contra-relogista, terá de tentar recuperar algum do tempo perdido.

Rui Sousa esteve ainda pior. Foram mais de dois minutos e em ano de despedida, disse já adeus ao sonho de disputar a Volta a Portugal. O próprio sabia que era muito difícil, mas aos 41 anos já nada tinha a perder. O seu estilo é sempre de alguém que não baixa os braços. Perde-se um homem para a geral, mas Rui Sousa deixou de imediato a garantia que ainda quer dar espectáculo e certamente que fará tudo por uma etapa.

Candidatos confirmados

Além dos ciclistas da W52-FC Porto e do Sporting-Tavira há que destacar Vicente García de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé) e João Benta (Rádio Popular-Boavista). Foram os outros dois ciclistas que conseguiram seguir na frente, perdendo apenas quatro segundos nos derradeiros metros. A equipa algarvia tem assim a garantia que o seu líder está de facto em condições de disputar pelo menos o pódio, mas atenção àquelas chegadas em subidas curtas mas íngremes. Mateos gosta desses finais. Quanto a Benta, perdeu algum tempo na primeira etapa, mas demonstra estar em forma e também ele tem características para atacar.

É certo que esta W52-FC Porto parece ser indestrutível, mas no ciclismo é melhor não festejar cedo de mais. Contudo, é preciso encontra o antídoto para tamanho domínio para a derrotar. Alarcón é líder, é forte, mas as diferenças que fez são ainda curtas. A Senhora da Graça ajudou a colocar os candidatos nos seus lugares, mas as decisões ainda estão por chegar e isso dá à Volta a Portugal um bom ponto de interesse.





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