(Fotografia: Facebook La Vuelta) |
A confiança de Chris Froome está mesmo em alta. Está a dar uma grande resposta após algumas dúvidas que surgiram no Tour. Dá-se até ao luxo de dizer que não precisava de atacar na etapa deste sábado, mas como se sentia bem, resolveu tentar. O resultado foram mais uns segundos ganhos, pelo menos 17 para alguns dos rivais, com outros a perderem quase 30, como Adam Yates, Tejay van Garderen e David de la Cruz. Já nem Johan Esteban Chaves aguenta o ritmo de Froome, restando um Alberto Contador que poderá tornar-se num aliado do britânico. Porém, uma forma física tão forte numa segunda grande volta, com cerca de um mês para recuperar após o enorme desgaste no Tour, implica trabalho e Froome mudou o seu treino habitual para aparecer com este nível na Vuelta.
Já são conhecidas as mudanças na preparação para a Volta a França. Viu-se pouco de Froome em competição e estranhamente não soma qualquer vitória de etapa. Passou por dificuldades, mas ganhou a Volta a França, sempre o seu objectivo. Pode dizer que não está obcecado em ganhar a Vuelta, mas veio agora assumir que fez um treino diferente e a pensar em estar mais forte na sua segunda grande volta do ano. Mas então qual foi o segredo? "É a primeira vez que pude focar-me na Volta a Espanha. Foi a primeira vez que fiz treino em altitude antes da Vuelta. Estou muito feliz por o ter feito e está a começar a render", explicou, citado pelo Cycling Weekly. Froome realçou que quis aparecer melhor mais tarde na temporada, em vez de começar cedo a grande ritmo e chegar um pouco cansado a Espanha.
Curiosamente, Chris Froome parece apostar numa táctica que este ano abandonou no Tour: entra forte e depois tenta controlar a corrida, por vezes perdendo algum tempo na última semana. Parte da mudança de treino durante o ano foi para estar melhor na recta final em França, o que acabou por ser decisivo. Em Espanha, todos os segundos estão a contar logo desde a primeira etapa. No entanto, nega que esteja preocupado em perder tempo mais a frente na corrida, salientando que se sente bem e, por isso, tem estado ao ataque. Para um homem acusado de estar sempre a olhar para a sua potência, cadência e todos os dados a quem tem acesso durante a corrida, Froome dá indicações de estar a querer mostrar alguma espontaneidade. "Estou a tentar ganhar a corrida e a competir de uma forma que me dê as melhores hipóteses para o fazer. Não tenho medo da terceira semana. Não estou preocupado que a minha forma vá terminar", afirmou. Mas claro, com a longa experiência que tem em grandes voltas, está consciente que tudo pode mudar de um momento para o outro.
Com todos contra Froome, o britânico poderá ter encontrado um aliado inesperado. Contador não gostou quando o líder da Sky não o ajudou num ataque. Porém, este sábado lá foram os dois outra vez, desta feita com o espanhol na roda. Depois de Andorra ter acabado com as hipóteses de Contador ter um final perfeito de carreira, ganhar uma etapa é o objectivo, mas El Pistolero ainda quer o pódio. Tem de recuperar muito dos 3:10 minutos que tem de desvantagem para Froome. O britânico está desconfiado, pois sabe bem que estando bem, Contador é ciclista para ataques de longe que fazem muitos estragos. Há um ano foi assim que Froome perdeu a Vuelta, ainda que para Nairo Quintana, que foi com Contador no ataque de Formigal, a 100 quilómetros da meta. Contudo, mesmo desconfiado, é possível os dois chegarem a um acordo.
Estão neste momento com objectivos diferentes, mas ambos implicam estar na frente, longe de rivais. Sempre que a Sky terminar o trabalho e chegar a altura de Froome entrar em acção, puxar com um Contador pode tornar-se demasiado para Aru, Chaves, os gémeos Yates, Nibali... Olha que dupla!
O primeiro dia de descanso está aí, mas antes há mais uma etapa com uma rampa para mexer com a geral. Puig Llorença tem uma pendente média de 9,1%, com a máxima a chegar aos 21%, sendo esta parte logo nos primeiros metros dos quatro mil da subida.
As fugas tem tido sucesso e Julian Alaphilippe foi o mais recente ciclista a beneficiar disso. O francês da Quick-Step Floors venceu pela primeira vez numa grande e já são três vitórias para a equipa belga na Vuelta. Faltam duas para igualar as alcançadas no Giro e Tour. Nesta oitava etapa há ainda a destacar Nelson Oliveira. O ciclista português da Movistar também integrou o grupo de fugitivos, foi quinto e ficou à porta do top dez na geral, com apenas seis segundos a separá-lo de Ilnur Zakarin. Tem 2:03 minutos de desvantagem para Chris Froome.
Summary - Stage 8 - La Vuelta 2017 por la_vuelta
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