15 de agosto de 2017

Olhó brinde, o Sporting, o Porto e... aquele... o camisola amarela!

(Fotografia: Podium/Volta a Portugal)
Dia de Volta a Portugal em Viseu. Final de corrida com vencedor anunciado, mas ainda à espera da confirmação que só o contra-relógio daria. Ambiente bem diferente de Lisboa, que recebeu a consagração nos últimos anos. Por Viseu não se ouve ninguém perguntar em diferentes línguas "o que se passa aqui". Por Viseu aparecem adeptos equipados e outros à procura de "equipamentos" dos patrocinadores. Brindes, portanto. Ainda não são duas da tarde e a última etapa só arranca daqui a uma hora. Uns, poucos, guardam lugar junto às grades para ver os ciclistas passar. Outros, muitos, já fazem fila para conseguir os brindes. Mas é só às duas que as tendas abrem. Pela avenida passeiam adeptos que fazem parecer que por ali vai haver um Sporting-Porto, ou vice-versa. Não há volta a dar. O clubismo também há no ciclismo, mas com numa versão de menor rivalidade. De repente salta à vista uma camisola amarela fluorescente. Adepto da Efapel. Passa outro equipado à Boavista, mas mais há interessados em comprar camisolas de ambas as equipas.

Não há que tentar esconder. O clubismo futebolísticos faz-se sentir quando há representantes no ciclismo, pelo que muito se ouvia "onde está o Sporting" ou "onde está o Porto". Separados por muitos metros, junto ao autocarro da W52-FC Porto todos querem ver os ciclistas que dominaram a Volta a Portugal. "Olha ali... aquele... o camisola amarela", diz um pai a uma filha de olhos muito abertos. É Raúl Alarcón, o vencedor, mas que parece perder no conhecimento do nome para Rui Vinhas, vencedor da Volta em 2016. Nada para se preocupar. Todos o congratulam e o ciclista sorri, um sorriso rasgado, ainda antes do contra-relógio.

Junto aos autocarros das equipas portugueses encontram-se grupos bem identificados nos apoio a Rui Sousa, João Matias e Ricardo Mestre, por exemplo. No entanto, a curiosidade leva algumas pessoas perto das equipas estrangeiras. A curiosidade e a busca pelos bidões. É o último dia da Volta e há equipas de mãos largas, mas já há quem não tenha mãos para segurar os que conseguiu. Neste aspecto a Efapel é uma possível campeã. Em meia hora é de perder a conta os que ofereceu sempre que alguém pediu. "Ó mãe, tem água!" Sim, estava calor e o bidão vinha com um bónus que uma criança estranhou. Por esta altura já o contra-relógio aproximava-se do fim e a zona da partida e principalmente da meta, já contam com mais espectadores. Muitos assistem, outros continuam pacientemente nas filas dos brindes e vão-se afastando de sacos cheios.

O dia é o mais da época importante para as equipas nacionais. Diz-se que o ciclismo vê-se na televisão. Mas há que acrescentar que se vive na estrada e com o público perto dos ciclistas. É assim que deve ser uma corrida que se quer que seja para o povo...

Em Viseu, a "Feira da Volta", divide a atenção com a prova. É a festa que se faz além do ciclismo. Quem escolheu o autocarro da W52-FC Porto assistiu ao momento em que Vinhas quis pintar o cabelo de amarelo a Nuno Ribeiro, que mostrou dotes de sprinter a correr. Às 18 a avenida começa a ficar limpa, permanecendo as cores azuis e brancas. Afinal por ali a festa está no início. Alarcón venceu a Volta, Gustavo Veloso a etapa, num total de seis para a equipa, mais a camisola da montanha e a classificação por equipas, além do top dez de António Carvalho.

E houve ainda mais uns brindes por ali, uns posters da equipa que não deu hipótese a Vicente García de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé) - segurou o terceiro lugar -, a Rinaldo Nocentini (Sporting-Tavira) e a outros que sonhavam com uma vitória que a equipa do Sobrado não deixou que ninguém lá chegasse perto.

A Volta chega ao fim escrita a azul e branco, com uns tons de verde (Sporting-Tavira) e encarnado (Louletano-Hospital de Loulé), mas com uma história contada por uma W52-FC Porto muito superior à concorrência. Uma história de domínio que teve o seu grande momento, daqueles que ficam mesmo marcados como inesquecíveis, a etapa da Torre e como Ricardo Mestre, Amaro Antunes e Raúl Alarcón destroçaram todos os adversários. Para quem gosta de ciclismo, não há brinde melhor que um espectáculo assim. Pode saber a pouco, mas, lá está, é inesquecível.


Sem comentários:

Enviar um comentário