11 de agosto de 2017

De excluídos a substitutos de última hora na Volta a Portugal

Para um ciclista de uma equipa nacional estar na Volta a Portugal é o objectivo máximo da temporada. Mesmo com plantéis curtos, há sempre alguém que fica de fora. Este ano Pedro Paulinho já estava a lidar com essa desilusão no Louletano-Hospital de Loulé, enquanto Mario Gonzalez tinha ordens para treinar caso fosse preciso substituir alguém no Sporting-Tavira há última da hora. Não era uma situação confortável para nenhum dos corredores. Porém, a infelicidade de uns acabou por abrir a porta da Volta a Paulinho e Gonzalez, que só pensam em agarrar a oportunidade.

Desde o Troféu Joaquim Agostinho que Pedro Paulinho sabia que iria falhar a Volta a Portugal. Porém, a pouco mais de uma semana do arranque da corrida, o seu colega, Luís Mendonça, sofreu uma agressão durante um treino e fracturou o braço. Paulinho foi chamado de urgência. "Foram duas semanas em que não fiz um treino intensivo para a Volta", admitiu ao Volta ao Ciclismo. Porém, já não é um estreante e essa experiência ajuda a enfrentar uma competição sempre difícil. "Quero provar a mim mesmo e a todos que também mereço o meu lugar aqui", salientou. Acrescentou ter sido complicado lidar com a inicial exclusão e depois ser chamado de forma inesperada. "Mas como ciclistas profissionais temos de lidar com isso", disse.

Agora só pensa em ajudar o seu líder, Vicente García de Mateos, e esperar por uma eventual liberdade para tentar disputar uma etapa. Quanto ao espanhol, que está a 34 segundos do camisola amarela Raúl Alarcón (W52-FC Porto), Paulinho deixa o aviso: "Os adversários têm de ter cuidado com ele. Quando está bem, faz frente aos melhores. Se chegar a Viseu [última etapa] a segundos da amarela, tenho a certeza que será o maior inimigo de alguns ciclistas [fortes no contra-relógio]."

Pela primeira vez os irmãos Paulinho estão juntos na Volta a Portugal, ainda que em equipas diferentes. "Dá uma motivação extra", confessou o mais novo dos irmãos (27 anos). Mas não haverá "enganos" quando tiver de apoiar alguém: "Sei as minhas cores. Darei todo o apoio ao meu irmão fora da estrada, mas na estrada é o Vicente que é o meu colega." Ainda assim referiu como Sérgio Paulinho está motivado, realçando como "não tem de provar nem a ele, nem a ninguém o ciclista que é". Perfeito para Pedro Paulinho seria ganhar uma etapa, ter Vicente de amarela em Viseu e o irmão Sérgio em segundo!

Mario Gonzalez teve de lidar com emoções diferentes. Foi alertado por Vidal Fitas que teria de treinar como se fosse à Volta a Portugal, apesar de saber que só seria escolhido se algo acontecesse a algum dos colegas. A situação clínica de Joni Brandão fez com que houvesse uma dúvida sobre a presença daquele apontado à liderança do Sporting-Tavira. "Não é fácil [manter a motivação], mas o Vidal sabe trabalhar muito bem com os ciclistas. Falava comigo e tentava que eu estivesse concentrado como se fosse à Volta", contou ao Volta ao Ciclismo o espanhol de 25 anos.

A cerca de uma semana do início da Volta, Joni Brandão anunciou que devido a um problema de saúde não estaria presente na corrida. Gonzalez só pensa em ajudar os colegas de equipa, com Rinaldo Nocentini a estar muito bem, sendo segundo, a 24 segundos de Raul Alarcón. "A equipa este ano está mais forte e há que pensar que se pode ganhar ao rival", salientou um confiante Gonzalez.

Recta final de quatro etapas


Santuário de Nossa Senhora da Assunção. A sétima etapa é uma das que preocupa os candidatos. O final em Santo Tirso aparece como uma subida de segunda categoria, mas os pouco mais de seis quilómetros com uma pendente média de 6,2% podem ser ideais para ciclistas como Vicente García de Mateos tentar atacar, ou até para o próprio Raúl Alarcón pensar em aumentar as distâncias.

A etapa da Torre é na segunda-feira, mas com alguns corredores a terem de encurtar diferenças, é de esperar que ciclistas menos fortes no contra-relógio, casos de João Benta, por exemplo (ciclista da Rádio Popular-Boavista está a 1:28 minutos da liderança) e mesmo os homens da Efapel que precisam mesmo de recuperar tempo (Henrique Casimiro está a 1:40 e Sérgio Paulinho a 1:48, este último já mais forte no esforço individual) possam mexer com a corrida ou já este sábado, ou então no domingo, quando o pelotão passar pelo Gamarão, em Arouca.

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