10 de agosto de 2017

Em dia de muito espectáculo venceu o ciclista que tanto gosta de os dar

(Fotografia: Podium/Volta a Portugal)
"Vai Rui! Vai!" Na berma da estrada era audível o apoio a Rui Sousa. Se há ciclista rapidamente reconhecido na Volta a Portugal é este veterano que habituou os portugueses a um ciclismo de ataque, a um ciclismo de espectáculo. É certo que foram muitas as vezes que os ataques não deram em nada. Mas de quando em vez resultam mesmo! Em Fafe o risco compensou. Mais do que risco foi a vontade enorme de vencer num ano em que termina uma carreira de 20 anos.

Em momentos como este a emoção do que o ciclista sabe ser o momento que tanto deseja supera a dor de pernas, supera tudo. A Senhora da Graça tirou-lhe o sonho da geral, mas Fafe deu-lhe a alegria de uma vitória celebrada por todos, até pelos rivais. Talvez ninguém seja mais respeitado que Rui Sousa no pelotão nacional e vê-lo vencer nesta recta final da carreira dá um brilho diferente à Volta a Portugal.

Rui Sousa não conteve as lágrimas após a vitória
(Fotografia: Podium/Volta a Portugal)
Vicente García de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé), Raúl Alarcón (W52-FC Porto e líder da corrida) e Henrique Casimiro (Efapel) foram os primeiros a felicitar Rui Sousa, enquanto João Benta largava a bicicleta para se agarrar ao colega de equipa. Sousa não segurou as lágrimas e o director desportivo, José Santos, também não. Depois de tanto sofrer naqueles quilómetros finais em que o grupo de perseguidores ameaçou aproximar-se, Sousa deu tudo o que tinha e mais um pouco. Objectivo cumprido. Agora Sousa pode despedir-se sabendo que sai em grande.

Esta sexta-feira, dia de descanso da Volta a Portugal, o ciclista da Rádio Popular-Boavista irá dar uma conferência de imprensa na qual deverá confirmar um adeus anunciado já no ano passado e confirmado durante 2017. Os colegas bem querem que ele continue. Será que os apelos voltaram a surtir efeito? 2016 era suposto ter sido o último da carreira, mas depois mudou de ideias perante tantos pedidos da equipa e dos adeptos.

Seja qual for a decisão de Rui Sousa, numa Volta a Portugal em que tanto se fala do domínio da W52-FC Porto, o veterano deu outra cor à corrida. Será um dia recordado por muito tempo e não é só por causa de Sousa. A etapa foi um grande espectáculo de ciclismo. Aquela subida do Viso partiu o pelotão, mas antes os ataques já tinham começado (Rui Sousa esteve na fuga antes de ser alcançado pelo grupo do camisola amarela).

Enquanto Sousa lutava por um momento de glória, Alejandro Marque lutava para continuar como candidato à geral. O espanhol não resistiu ao ritmo da equipa de Raúl Alarcón e quando tentou reentrar foi o próprio camisola amarela que acelerou para garantir que um bom contra-relogista como o homem do Sporting-Tavira ficava de fora. Missão cumprida, Marque está agora a 1:56 minutos. Mas a equipa algarvia ainda tem um Rinaldo Nocentini em grande forma e agora o líder assumido da formação de Vidal Fitas.

Também Vicente García de Mateos esteve novamente em bom nível, repetindo o segundo lugar na etapa, como fez em Viana do Castelo. Já Sérgio Paulinho não deixou as melhores das indicações. Descolou no Viso, tal como Henrique Casimiro. Os dois e Bruno Silva fizeram um autêntico contra-relógio por equipas para se juntar à frente da corrida. Conseguiram, mas na segunda montanha de primeira categoria da corrida, Paulinho cedeu outra vez.

Esta sexta-feira é dia de descanso, antes de se arrancar para os quatro dias de decisão de uma Volta dominada pela W52-FC Porto, mas que ainda não está resolvida devido às curtas diferenças que deixam tudo em aberto tendo em conta que tudo termina com um contra-relógio, em Viseu.

Veja aqui as classificações.

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