(Fotografia: Twitter Nelson Oliveira) |
Na etapa que chegou a Xorret de Catí pode dizer-se que reagiu muito bem. Integrou a fuga e foi quinto nesse dia, subindo a 11º geral e seis segundos do 10º lugar. Logo no dia seguinte, domingo, caiu para 19º. Se calhar não podemos sonhar ver Nelson Oliveira entre os dez melhores, mas vê-lo bater-se por um top 20 e ganhar outra etapa na Vuelta - fê-lo em 2015 - não é de descartar, até porque nesse aspecto, ele e os colegas têm a responsabilidade de salvar a imagem da até agora irreconhecível da Movistar, a única equipa espanhola no World Tour.
Como contra-relogista já se sabe que tem uma enorme qualidade, somando quatro títulos nacionais e top dez num Mundial, Europeus e Jogos Olímpicos. Como voltista reconhece-se a capacidade de ajudar os seus líderes, tanto em etapas mais planas, como de médida montanha. A alta montanha costuma ficar para outros colegas. Não sendo um trepador puro, tem capacidade para seguir com os melhores em determinadas subidas, principalmente se não forem excessivamente longas.
Com Alejandro Valverde (lesionado) e Nairo Quintana (fez o Giro e Tour) de fora e com a Movistar a ver ciclistas que apontaria a poderem debater-se por um lugar honrosa na geral na Vuelta caírem na classificação, Nelson Oliveira está numa posição inédita. De certa forma, sendo o melhor na classificação e tendo em conta que o segundo aparece a cerca de oito minutos, José Joaquín Rojas (também não é um trepador por excelência), o ciclista português é para já o número um da equipa no que diz respeito à geral.
A Movistar não está na Vuelta para ganhar, até quer aproveitar para dar experiência a jovens ciclistas como Marc Soler e Richard Carapaz. No entanto, sendo uma equipa espanhola a correr em casa, também não quer terminar sem ter um dos seus homens entre os melhores. A grande questão é como irá Nelson Olveira aguentar duas semanas em que a montanha aparece praticamente dia após dia.
Aos 28 anos, o ciclista português poderá estar perante uma experiência que lhe influenciará e muito a sua carreira. Não é que se vá tornar num voltista de referência, mas esta oportunidade e esta responsabilidade podem, se aproveitadas, darem uma nova maturidade, que o vão permitir evoluir muito. O resultado desta experiência poderá aparecer em provas mais talhadas para si.
Ao ver Nelson Oliveira no 11º lugar sonhou-se alto (porque não?!), mas se quisermos ser realistas então há que perceber que estamos perante um ciclista que Rui Costa lamentou ter perdido como companheiro na Lampre-Merida e que Nairo Quintana viu como fiel gregário no Tour de 2016, onde tudo correu praticamente mal, menos o trabalho que Oliveira cumpriu. Isto para dizer que a Movistar tem também uma confiança enorme no corredor de Anadia, tendo por isso mesmo renovado o contrato por dois anos, mesmo depois de uma época menos conseguida, devido a uma grave queda no Paris-Roubaix que o afastou da competição durante muito tempo.
Sonhamos mais baixo, mas ainda se espera que Nelson Oliveira consiga uma classificação muito acima do esperado, mas nada acima das suas capacidades, que vão além de um bom gregário. E claro, com 4:50 minutos de desvantagem para Chris Froome, um ataque inteligente, na altura certa e Oliveira ainda pode ganhar uma etapa. E não, não é sonhar alto.
Quanto as restantes portugueses, Rui Costa (UAE Team Emirates) é 22º, a 6:27 minutos de Froome, Ricardo Vilela (Manzana Postobón) ocupa a 57ª posição a 35:36, Rafael Reis (Caja Rural) está a 1:31:44 horas, o que corresponde ao 151º lugar. José Gonçalves (Katusha-Alpecin) sofreu uma queda e abandonou na sexta etapa. (pode ver aqui as classificações)
Quanto as restantes portugueses, Rui Costa (UAE Team Emirates) é 22º, a 6:27 minutos de Froome, Ricardo Vilela (Manzana Postobón) ocupa a 57ª posição a 35:36, Rafael Reis (Caja Rural) está a 1:31:44 horas, o que corresponde ao 151º lugar. José Gonçalves (Katusha-Alpecin) sofreu uma queda e abandonou na sexta etapa. (pode ver aqui as classificações)
Não há tempo para poupanças a pensar no fim-de-semana
No sábado e domingo teremos pela frente duas potenciais grandes etapas, mas até lá há muitas subidas que podem animar a corrida. Não há muito tempo para poupanças, até porque Chris Froome vai aos poucos afastando-se e começa a chegar a altura para o testar. Ou seja, os rivais é bom que pensem em atacar se realmente querem tentar ganhar uma Vuelta que o britânico começa a dominar, ainda que sem ter distâncias que lhe garantam seja o que for.
Já esta terça-feira, depois de um dia de descanso, volta-se a ter uma subida onde não se finaliza a etapa, proporcionando mais uma louca descida até à meta. Collado Bermejo não é nenhuma dor de cabeça, com uma pendente média 6,5%. Com as fugas a terem tanto sucesso nesta Vuelta, até é possível que a etapa se resolva novamente assim. A questão é se os candidatos vão mexer-se ou vão esperar por dias mais complicados. Este nervosismo do "ataca ou não ataca" é das razões por que se diz que não haverá descanso. Um piscar de olhos no momento errado e alguém pode tentar recuperar uns segundos.
Porém, é bastante provável que seja na quarta-feira (duas primeiras categorias e uma chegada em alto) que os homens da geral se mexam mais. Mas nesta Vuelta as previsões são muito complicadas de se fazer e é assim que se gosta que se desenrolem as corridas!
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