6 de agosto de 2017

"Não fico feliz com um pódio, estou aqui para ganhar"

Há dois anos não se esperaria estar a falar de um Vicente García de Mateos candidato a vencer a Volta a Portugal. No entanto, em 2016 foi oitavo e tornou-se claro que o espanhol estava a preparar-se para atacar algo mais. Preparou-se como nunca e está feito num trepador com uma confiança de quem somou vitórias que o fazem acreditar ser possível estar ao nível dos favoritos. Ou melhor, ser um dos favoritos. E não tem receio de mostrar toda essa confiança, assegurando que só tem um objectivo para a Volta: conquistá-la.

"Não fico feliz com um pódio, estou aqui para ganhar", salientou ao Volta ao Ciclismo o espanhol do Louletano-Hospital de Loulé, acrescentando: "Claro que um pódio para a equipa seria uma vitória, mas estamos aqui para ganhar." Mateos acredita que está em condições de enfrentar as subidas muito complicadas que vão aparecer nesta Volta a Portugal, explicando que fez uma preparação diferente a pensar no desafio que quer vencer. Os resultados apareceram com a vitória na Clássica Aldeias do Xisto e no Grande Prémio Abimota. "Ganhar dá sempre confiança e ainda mais quando se ganha sabendo-se que não se está a 100% e que ainda há margem para melhorar", disse.

De sprinter a trepador não foi uma mudança assim tão grande, pois afinal Vicente García de Mateos já tinha mostrado essa capacidade quando corria em Espanha: "O que aconteceu foi que quando vim para Portugal, o Jorge Piedade [director desportivo] não me pedia isso. Pedia que lutasse nos sprints e eu tentei melhorar esse aspecto. Quando tive liberdade mostrei que podia subir e estar com os melhores... E aqui estamos."

Vem aí a Senhora da Graça, na terça-feira, naquele que será o primeiro grande teste aos candidatos. Mateos afirma que é natural estar preocupado com as etapas mais duras, mas são as consideradas menos complicadas que o deixam mais apreensivo. "Um furo ou outro qualquer percalço que pode custar tempo... Essas etapas preocupam-me muito e há que estar muito atento." E este domingo foi a prova que num dia supostamente mais calmo, tudo pode mudar, neste caso com uma queda que deixou a maioria dos candidatos para trás. Como foi nos últimos três quilómetros, não houve problemas a nível de tempo.

Com a W52-FC Porto a mostrar todo o seu poderio, Mateos não se deixa intimidar e acredita que os seus colegas vão dar-lhe o apoio necessário. "A equipa está muito forte e mostrou isso mesmo no Abimota. Eles confiam em mim e eu neles", frisou. No entanto, o ciclista espanhol de 28 anos perdeu um elemento que durante a temporada se revelou importante. Luís Mendonça foi agredido durante um treino cerca de uma semana antes da Volta começar. Ficou com o braço partido e acabou substituído por Pedro Paulinho: "Foi muito triste perder o Luís desta forma. Pensávamos que ia ser um homem para nas chegadas perigosas me ajudar muito. É lamentável que não possa estar aqui."

Vicente García de Mateos é o nono classificado a 29 segundos de Raúl Alárcon, depois de três dias de corrida. A segunda etapa, que ligou Reguengos de Monsaraz (o regresso ao Alentejo do pelotão na Volta a Portugal) a Castelo Branco, foi a mais longa (214,7 quilómetros) e acabou por ficar marcada por duas quedas já dentro dos três quilómetros finais. A primeira afectou Rui Vinhas e Ricardo Mestre, da W52-FC Porto, com João Benta (Rádio Popular-Boavista) a também ir ao chão. Porém, foi a segunda que deixou maiores preocupações, principalmente para Edgar Pinto. O líder da LA Alumínios-Metalusa-BlackJack fez um corte na testa e ficou mal-tratado nas costelas. Foi transportado para o hospital e ainda não há confirmação se irá ou não continuar em prova.

Quanto ao vencedor, Samuel Caldeira aumentou a conta para a W52-FC Porto. Em três dias, duas vitórias para a equipa de Nuno Ribeiro. Raúl Alárcon continua de amarelo e é também líder na classificação por pontos.


O dia ficou ainda marcado pelo muito calor, mas a etapa desta segunda-feira também preocupa as equipas nesse aspecto. Serão 162,1 quilómetros que começam em Figueira de Castelo Rodrigo, com a meta à espera dos ciclistas em Bragança.

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