12 de agosto de 2017

Tu és o líder... Não tu é que és...

(Fotografia: Podium/Volta a Portugal)
Sim, fala-se muito da W52-FC Porto, mas o cenário da Volta a Portugal torna impossível que não se o faça. Mas até é mais do que justo começar o texto com a referência a António Barbio, da Efapel, que conquistou a sua primeira vitória e logo na corrida mais importante para as equipas nacionais! E que vitória! Até o ciclista ficou admirado por ter ganho numa chegada em alto. Mas voltaremos a este momento. Aproximam-se as decisões de uma Volta dominada pela W52-FC Porto, sem que tal signifique que tenha a vitória garantida. Mesmo dentro da equipa, continua tudo muito em aberto, Raúl Alarcón mantém a amarela desde a primeira etapa, mas aquele que é o líder assumido da equipa vai segundo a segundo (fruto das bonificações) aproximando-se.

Se já não é fácil tentar bater a equipa azul e branca, só se pode imaginar o que os directores desportivos andarão a pensar para tentar antever a jogada de Nuno Ribeiro. Parece que estão todos à espera da etapa na Torre, segunda-feira. Será que vão esperar pela cartada da W52-FC Porto, ou vão atacar primeiro?

A etapa deste sábado tinha a chegada ao Santuário de Nossa Senhora da Assunção. Os candidatos mantiveram-se tranquilos e só nos últimos metros se mexeram para procurar as bonificações. Veloso levou mais seis e Vicente García de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé) recuperou quatro. Com Amaro Antunes a ficar cortado, ambos subiram um lugar, para quarto e terceiro, respectivamente, com 33 e 30 segundos de diferença para Alarcón.

Nuno Ribeiro, director desportivo da W52-FC Porto, nunca abandonou o discurso que Veloso é o líder da equipa. Alarcón, venceu duas etapas e depois da Senhora da Graça já se foi assumindo como candidato, mas rapidamente regressou às palavras que está a desfrutar da camisola amarela... e que Veloso é o líder. Veloso tem dificuldades em tentar manter-se como segunda figura (compreensível, afinal já ganhou duas Voltas a Portugal), mas sabe que tem de garantir a harmonia na equipa e vai apoiando Alarcón. O discurso não convence e cada vez mais torna-se claro que Veloso pode muito bem deixar-se ficar atrás do colega para depois fazer-se valer das suas qualidades de contra-relogista.

Recorde-se que Veloso já esteve nesta posição em 2016, só que a diferença era bem maior. 2:25 minutos separavam o galego de Rui Vinhas antes do esforço individual, que mesmo não sendo tão forte nesta especialidade, defendeu-se muito bem e conquistou a Volta com 1:25 de vantagem.

Para todos os efeitos, os adversários têm de ver Alarcón como um adversário temível. É que o espanhol pode muito bem ganhar a Volta, pois consegue defender-se no contra-relógio. Perante este factor, Alarcón deverá ser a cartada a ser jogada primeiro pela W52-FC Porto. O desgaste maior será dele, Veloso poderá ser mais protegido. O principal objectivo passará sempre por fazer descolar Rinaldo Nocentini e Vicente García de Mateos. O espanhol terá dificuldades em bater Veloso e mesmo Alarcón no contra-relógio. Já o italiano deverá a estar a provocar alguma (se calhar até bastante) apreensão. Ele bateu os dois atletas da W52-FC Porto no prólogo. Certo que apenas um segundo o separou de Veloso, mas Nocentini está em grande forma.

Nove segundos separam Veloso de Nocentini, com vantagem para o ciclista do Sporting-Tavira. Se as diferenças se mantiverem assim depois da Torre, então será um contra-relógio de emoções muito fortes. Mas ainda há duas etapas em linha antes. Nocentini afirmou que quer fazer algo na Torre, mas não seria de surpreender que se sentir que será difícil bater o poderio da formação azul e branca, então poderá tentar manter-se na luta e jogar tudo na última etapa. Ao contrário de Mateos, Nocentini pode dar-se a esse luxo.


Mas claro, nesta história do "tu és líder... não tu é que és", a vantagem táctica está toda do lado da W52-FC Porto, que conta ainda com dois exemplares homens de trabalho: Amaro Antunes e António Carvalho. O primeiro só tem 34 segundos de diferença para Alarcón, sendo sempre um plano de contingência muito viável. Porém, em circunstâncias normais, irá trabalhar para os colegas. Mateos tem aparecido algo só nas decisões, enquanto Nocentini perdeu Frederico Figueiredo que não conseguiu recuperar no dia de descanso das duas quedas que o deixaram muito mal tratado. No entanto, conta com Alejandro Marque, que também tem o interesse pessoal de pelo menos ficar no top dez.

Barbio e o dia da Efapel

(Fotografia: Podium/Volta a Portugal)
Voltando então a António Barbio. No dia em que se soube que a Efapel vai continuar a patrocinar a equipa por mais três anos, nada melhor do que finalmente ter algo a correr bem para a formação de Américo Silva. Daniel Mestre esteve perto de ganhar, mas não conseguiu, Sérgio Paulinho e Henrique Casimiro estão a dois minutos de Alarcón, o que faz com que a geral seja um objectivo muito complicado. A Efapel precisava de salvar algo e já estava a tentar apostar na classificação por equipas. Porém, a vitória de etapa deverá tranquilizar todos.

Barbio tem 23 anos, mas já teve uma experiência numa equipa italiana. Em 2016 assinou pela Efapel e a evolução tem sido notória. Faltava algo que o levasse a destacar-se e que talvez lhe desse a confiança que poderia fazer mais e melhor. O próprio admitiu que os colegas sempre o motivaram e por isso mesmo dedicou o triunfo a eles.

Paulinho e Casimiro ainda deverão tentar subir um pouco na classificação e porque não atacarem eles e lançar alguma confusão na corrida?...

É verdade que parece ser difícil não ver a W52-FC Porto ganhar, mas também é verdade que apesar de tanto dominar, não está a salvo de assistir a um autêntico golpe de teatro. Pelo menos, há indefinição nesta Volta a Portugal!

Veja aqui a classificação.


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