21 de agosto de 2017

Froome não vai deixar nenhum segundo ao acaso

(Fotografia: Facebook Team Sky)
O Chris Froome da terceira etapa da Vuelta é aquele Froome que já vimos ser um dominador no Tour. A corrida está a começar, mas o britânico aposta forte logo no início, de forma a poder estar numa situação de controlo quando chegar a última semana. Na última Volta a França foi tudo bem mais complicado, mas as indicações deixadas esta segunda-feira por Froome devem estar a deixar os adversários mais nervosos. Depois de mostrar fraquezas em França, chega a Espanha muito forte. Pelo menos neste arranque. Lá que foi uma mensagem de "cuidado, aqui estou eu", lá isso foi.

Não foi só Froome, a própria Sky apareceu ao estilo Tour, algo que nem sempre acontece nas outras grandes voltas. Porém, o destaque do dia não foi apenas para o ataque do britânico na última subida do dia. Foi em grande parte para a forma como foi buscar três segundos de bonificação e como sprintou para pelo menos ficar com um na meta. Froome disse antes da Vuelta começar que não está obcecado por ganhar a corrida, mas três segundos lugares já pesam num ciclista que tem como principal objectivo ficar entre os grandes do Tour com cinco vitórias (falta uma). Contudo, sabe que vencer uma outra corrida de três semanas será perfeito para o consagrar ainda mais como um dos melhores de sempre, algo que no ciclismo actual vai tendo cada vez mais relevância. E claro, poderá ser o primeiro a ganhar Tour/Vuelta no calendário em que ambas as corridas estão agora. Um feito, portanto.

E como a experiência é uma mais valia, Froome sabe bem como ganhar segundos aqui e ali pode fazer a diferença. Repetir erros não é com ele. "Perdi a Vuelta por 13 segundos, por isso, vou lutar por todos os segundos que possa nesta fase", salientou o britânico. Froome referia-se à Volta a Espanha de 2011, quando Juan José Cobo surpreendeu tudo e todos. Nesse ano Froome foi "vítima" da política da Sky de "tudo pelo líder". A decisão de deixar Froome lutar pela vitória em vez de Bradley Wiggins chegou tarde.

Apesar de se mostrar forte, Froome também percebeu que nesta fase inicial da Vuelta Johan Esteban Chaves (Orica-Scott), Romain Bardet (AG2R) e Fabio Aru (Astana) também não estão nada mal e mesmo tendo ficado um pouco para trás na subida, Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) - que acabaria mesmo por vencer a etapa -, David de la Cruz (Quick-Step Floors e futuro colega de Froome) e até Tejay van Garderen (BMC) querem dar luta.

Alberto Contador está fora das contas. Já são 3:10 minutos de desvantagem. Aquela imagem do espanhol da Trek-Segafredo a ficar para trás, de pedalada pesada, derrotado pelas evidências que já não dá, será uma que marcará esta Vuelta. Resta-lhe agora lutar pela aquela etapa que servirá de consagração final.

Froome está de vermelho e naquela posição que tanto adora: a ver os rivais atrás de si na geral. Mas as diferenças estão curtas (entre primeiro e 11ª, Simon Yates) estão 48 segundos a separá-los) e na Vuelta tudo pode mudar numa etapa. Mas é excelente ver que logo na terceira tirada os candidatos estiveram dispostos a mexer com a corrida. Aquele calculismo do Tour não tem lugar em Espanha. Ainda bem!


Esta terça-feira é dia para os poucos sprinters terem uma nova oportunidade. Elas são poucas e Yves Lampaert estragou os objectivos de alguns na segunda etapa. Depois entraremos numa fase de "rompe pernas" até à alta montanha regressar no fim-de-semana.


Summary - Stage 3 - La Vuelta 2017 por la_vuelta


Veja aqui as classificações.

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