20 de agosto de 2017

Dizem que não são favoritos, mas cuidado com eles

Da Movistar podem sair nomes de sucesso para um futuro próximo...
Ou já nesta Vuelta... (Fotografia: Facebook Movistar)
Numa corrida temos sempre os favoritos e os chamados outsiders. Não se os colocam como os grandes candidatos, mas como há sempre aquele momento em que um ciclista se consagra entre a elite mundial, então existe aquela lista de nomes de corredores a seguir. As surpresas acontecem, como aliás ficou hoje demonstrado com Yves Lampaert. Porém, com a Vuelta a entrar na alta montanha logo na terceira etapa, entram em acção ciclistas que têm muito para mostrar e, quem sabe, intrometer-se na luta dos chamados favoritos.

A começar pela Movistar. Sem Nairo Quintana e Alejandro Valverde, a equipa está colocada num segundo plano bem estranho tendo em conta o potencial e do facto de ser espanhola e a única do país do World Tour. A Movistar até pode explorar esta alegada menor atenção que poderá receber. Sem um líder definido (os números dos dorsais estão por ordem alfabética dos apelidos), Carlos Betancur tem a responsabilidade de uma vez por todas demonstrar que é um ciclista para se contar para as três semanas. O ano tem sido positivo e se estiver em forma e de volta aos bons momentos, este colombiano tem tudo para ficar num top dez. Há muita curiosidade para ver o equatoriano Richard Carapaz, mas por Espanha o que se quer mesmo saber é se Rubén Fernández (26) e o Marc Soler (23) são mesmo a nova geração de grandes ciclistas do país.

O primeiro até foi líder por um dia há um ano, enquanto o catalão confirmou em 2016 e 2017 que é um talento enorme pronto a despontar. Se calhar mais cedo do que esperava - Valverde era suposto estar na Vuelta não tivesse sofrido a grave queda no Tour -, Soler tem a oportunidade para ainda muito novo ganhar o respeito de grandes nomes. O melhor é que nem tem pressão para o fazer, pois se não acontecer já, há tempo para o ver lado a lado com os melhores. Situação de corrida perfeita para Soler. Fernández e o catalão são dois dos rostos de uma nova geração que quer deixar garantias que apesar da "velha" estar a desaparecer de cena, Espanha tem valores prontinhos a seguir as pisadas de Alberto Contador, Joaquim Rodríguez...

Há outro espanhol com uma enorme vontade de se mostrar outra vez na Vuelta. David de la Cruz (Quick-Step Floors) está de malas feitas para a Sky, mas se quer tentar ganhar eventualmente espaço para ser mais do que um gregário - o que em situação normal será difícil pelo menos em 2018 -, o espanhol (28 anos) tem de fazer algo especial. Há um ano ganhou uma etapa e andou de vermelho. É um animador de etapas por excelência e junta a essa característica resultados. Um top dez está completamente ao seu alcance se estiver bem. Foi sétimo em 2016.

Mais um espanhol: Jaime Rosón. Este ano confirmou todo o seu potencial e aos 24 anos está a caminho da Movistar. Tem alguns aspectos a evoluir, principalmente a nível táctico e o contra-relógio, mas vai para uma equipa perfeita para aprender. Um top dez seria algo fenomenal, mas o ciclista da Caja Rural deverá ser mais visto a tentar ganhar uma etapa. Tem tempo para apontar os objectivos a uma classificação geral. Agora é altura de se mostrar e que melhor montra do que uma Vuelta com um percurso a pedir ciclistas irreverentes como Rosón, sem medo de enfrentar os melhores, como aconteceu na Croácia quando mediu forças com Vincenzo Nibali.

Deixemos os espanhóis, ainda que fiquemos pela língua. Finalmente voltamos a ver Miguel Ángel López. Quando há um ano conquistou a Volta a Suíça o colombiano de 23 anos inspirou um sem número de textos a falar sobre ele e o seu potencial. Na Volta a Espanha caiu e abandonou logo na sexta etapa, deixando muitos desiludidos por não se poder vê-lo numa grande volta. Recuperou a tempo de ganhar a Milano-Torino, mas no final do ano caiu durante um treino e partiu uma perna. Só em Junho voltou a competir. É uma incógnita como se vai apresentar, mas se a sorte quiser algo com ele, então eis um ciclista a seguir com muita (mesmo muita) atenção. Apesar de ter Fabio Aru na equipa, por López passa o futuro próximo da Astana que poderá perder o italiano. Tem as características dos grandes trepadores colombianos e o contra-relógio não é tão mau como tantas vezes acontece com ciclistas deste país no início de carreira. Uma etapa, um top dez... com López tudo pode acontecer... se estiver bem.

A UAE Team Emirates está a tentar reforçar-se com grandes nomes que até podem parecer "tapar" um pouco Jan Polanc. Dan Martin está confirmado e Aru pode estar a caminho (se não for desviado para a Trek-Segafredo). Porém, com 25 anos, o esloveno tem ainda margem de progressão para evoluir como ciclista e também no seu estatuto na equipa (ou noutra). As suas qualidades de trepador não eram desconhecidas, mas a sua qualidade para medir forças com ciclistas de nível mais elevado foram confirmadas na Volta a Itália. Venceu uma etapa e foi top 20 noutras cinco e os resultados não foram nada maus noutras tiradas com montanha. Louis Meintjes está na Vuelta, mas o sul-africano fez o Tour pelo que a ver vamos se não sofre de algum desgaste. Ainda assim é o principal candidato a top dez da equipa. Rui Costa é também outro ciclista a ter em conta, mas o português poderá pensar, talvez, mais em etapas. Polanc não se importaria de repetir a exibição que fez no Etna, mas não é de afastar que caso Meintjes não esteja bem, será Polanc que procurará um top dez que esteve tão perto de atingir no Giro (11º).

Por falar em Rui Costa, nesta segunda-feira andará perto de casa, ou seja, por subidas que bem conhece. A etapa deste domingo foi plana, mas bem animada. No entanto, espera-se muito mais espectáculo já na terceira etapa, que marcará a entrada da corrida em Espanha, seguindo para Andorra. Claro que é ainda muito cedo e as forças não são para se esgotar já. Estamos a falar da Vuelta, são raras as etapas chatas!


Quanto a este sábado, ainda por França, a Quick-Step Floors abriu a sua contagem por intermédio de Yves Lampaert. Primeira vitória do belga numa grande volta e em grande estilo. A equipa acelerou já perto do final na tentativa de aproveitar o vento e provocar cortes no pelotão. É especialista neste processo. O trabalho era para Matteo Trentin, mas Lampaert ganhou alguma vantagem, o colega incentivou-o e este ano já são 42 vitórias, incluindo cinco no Giro, outras tantas no Tour.

De referir que esta foi uma estranha etapa - Nîmes-Gruissan (203,4 quilómetros) -, pois não houve uma fuga. Coisa rara e que deixou o pelotão ainda mais nervoso. A tentar aproveitar o vento lateral, assistiram-se a algumas tentativas de partir o pelotão, só no final é que resultou de facto, o suficiente para Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) e Johan Esteban Chaves (Orica-Scott) ganharem três segundos a Froome, que ainda assim deixou outros adversários a cinco, casos de Alberto Contador, Simon Yates e Ilnur Zakarin.


Summary - Stage 2 - La Vuelta 2017 por la_vuelta


Veja aqui a classificação.



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