8 de maio de 2019

Vuelta sem surpresas nos convites no último ano "descansado" para as equipas espanholas

Domingos Gonçalves espreita a oportunidade de se estrear numa grande volta
(Facebook: Caja Rural)
Convites distribuídos sem surpresas, num último ano em que as equipas espanholas Profissionais Continentais têm entrada praticamente garantida na "sua" corrida. A Vuelta já completou o pelotão para próxima edição (de 24 de Agosto a 15 de Setembro) e se havia grande volta que não se esperava surpresas, era esta. No entanto, em 2020 tudo será diferente.

Com a subida da Burgos-BH e da Euskadi-Murias ao segundo escalão na temporada passada, a organização não quis deixar as duas equipas fora da maior corrida do país, juntado-as assim à Caja Rural como wildcards da Vuelta. Era a forma de tornar os projectos sustentáveis, num país com tradição no ciclismo, mas apenas com a Movistar ao mais alto nível, no World Tour e só com a Caja Rural como Profissional Continental até ao final de 2017.

Este ano, só a Burgos-BH tremeu um pouco quanto ao convite, dado os casos de doping que levaram a equipa a auto-suspender-se no arranque da temporada, ainda antes da sanção oficial da UCI. Tremeu, mas não caiu, o que deixará três portugueses à espreita de uma chamada para a Vuelta: Ricardo Vilela, José Neves e Nuno Bico. Ao trio junta-se Domingos Gonçalves, que poderá ir pela Caja Rural. O campeão nacional de estrada e contra-relógio encontra-se a recuperar das lesões que resultaram da violenta queda na Volta à Catalunha. Só Vilela sabe o que é fazer grandes voltas, precisamente duas Vueltas.

O problema das equipas espanholas são as regras que serão implementadas a partir de 2020. A UCI pretende que duas Profissionais Continentais passem a qualificar-se directamente para as grandes voltas através do ranking das equipas. Isto caso mantenha 18 equipas World Tour, pois pondera aumentar para 20, dado os 23 pedidos de licença para o próximo ano, o que poderia levar ao anulamento desta qualificação via ranking.

Se se mantiver o plano inicial da UCI, nesta fase da época, nenhuma das três espanholas está sequer perto dos dois primeiros lugares. As organizações das grandes voltas ficarão com dois convites para atribuir, o que significará que uma equipa de Espanha ficará irremediavelmente de fora. Não é difícil imaginar como a formação que for excluída terá mais dificuldades em segurar ou encontrar patrocinadores novos que estejam dispostos a pagar, sem terem garantido a exposição mediática de uma Vuelta.

E há que não esquecer que Alberto Contador quer ver a sua Kometa também como Profissional Continental já na próxima temporada, o que poderá significar quatro equipas espanholas para apenas dois convites. E o nome Contador pode ter muito peso no momento de decidir...

A quarta equipa a receber convite para 2019 foi a Cofidis. Não sendo espanhola tem lugar mais do que garantido como as que são, não fosse um nome com fortes ligações ao ciclismo no país, sendo um dos patrocinadores da federação, por exemplo. É a única equipa do segundo escalão que consegue participar em duas grandes voltas e assim tem sido há algum tempo, pois como francesa, recebe o wildcard para o Tour.

Ao contrário das formações de Espanha, a Cofidis não está muito preocupada com a questão do ranking, pois até o lidera entre as equipas Profissionais Continentais e tem sido habitual terminar num dos dois primeiros postos. E também poderá garantir um lugar sendo World Tour, já que pediu licença para subir de escalão em 2020.

As dúvidas das equipas espanholas são partilhadas pelas italianas, com a agravante de Itália não ter qualquer formação no World Tour. Para já, há que concentrar no presente, mas o futuro não será fácil para quem precisar de estar em grandes voltas para assegurar sobrevivência de projectos, pelo menos, ao nível Profissional Continental.

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