31 de maio de 2019

Chaves volta a sorrir um ano depois

(Fotografia: Giro d'Italia)
O sorriso de Johan Esteban Chaves tornou-se em algo que o definia como pessoa e como ciclista. Sempre foi famoso por aquele sorriso. Porém, o último ano não houve muitas razões para o mostrar e muitas foram as dúvidas que Chaves voltaria a ser o ciclista que outrora ficou perto de ganhar grandes voltas. Foi há um, precisamente na Volta a Itália, que começou um martírio que, também no Giro, espera-se que tenha chegado ao fim. A vitória na 19ª etapa não salva a corrida da Mitchelton-Scott, mas pode muito bem contribuir para salvar um ciclista que acredita novamente que é capaz de estar no topo.

Quando foi segundo, há dois dias, Chaves e a família festejaram como se uma vitória se trata-se. Era o anúncio de um regresso que merecia um pouco mais. Quando esta sexta-feira o colombiano estava já isolado, a pouco mais de um quilómetro da meta em San Martino di Castrozza, as imagens mostravam uma mãe emocionada e nervosa. Amaro Antunes até foi quem ainda tentou tirar o triunfo a Chaves, mas o português da CCC não conseguiu reduzir a diferença para evitar que o colombiano tivesse tempo até para saborear o momento.

Há um ano tinha vencido no Etna e então era um dos planos para a vitória na geral, a par de Simon Yates. Muito antes do britânico quebrar e perder o Giro, Chaves afundou-se na geral e no pelotão. Terminou o Giro, mas foi penoso ver como não conseguia estar entre os melhores. Muito longe disso. Nem ajudar Yates era capaz.

O colombiano demorou dez semanas a regressar aos treinos, numa altura em que foi divulgado que tinha sido diagnosticada uma mononucleose. Não competiu mais em 2018, regressando esta época na Austrália, com presenças depois no Paris-Nice e Volta à Catalunha. Foi sempre algo discreto e mesmo neste Giro pouco se tinha visto de Chaves até esta última semana.

O director desportivo Matt White explicou, após a vitória, que o ciclista foi ao Giro sem pressão, com o objectivo de testar a sua condição. Passou no teste físico e no teste anímico. A vitória pode não salvar uma Volta a Itália que a Mitchelton-Scott queria ganhar com Yates, mas poderá ser importante para o futuro próximo, caso se confirme que Chaves está mesmo de regresso para lutar por triunfos. 

"Isto é pura felicidade. Tira um peso das minhas costas. É um alívio ser de novo um vencedor", salientou um Chaves de sorriso rasgado, aquele sorriso que há tanto tempo que não se via. Tem sido um lutador, pois há que não esquecer que no início da carreira sofreu uma queda muito grave que quase o obrigou a dizer adeus ao ciclismo. Agora venceu mais uma batalha. Espera-se que se possa mesmo dizer: Bem-vindo de volta Chaves!

Amaro Antunes foi terceiro

Que grande etapa do algarvio! Era por esta oportunidade que esperava e foi por isso que andou a perder tanto tempo desde que ficou claro que não seria possível lutar pelo top dez que chegou a ocupar. Amaro nunca desistiu numa última subida muito atacada pelo grupo da frente. Atacou, descolou, recuperou, descolou outra vez -  Chaves não facilitava quando o português chegava ao trio da frente -, mas quando parecia que o colombiano estava com uma vitória garantida, foi um equipamento laranja que se viu aparecer a toda a velocidade para ainda tentar uma surpresa.

No entanto, não apanhou Chaves e, sobre a meta, foi batido por um espectacular Andrea Vendrame. Um problema na corrente poderá muito bem ter arruinado a possibilidade da Androni Giocattoli-Sidermec de ganhar a segunda etapa no Giro. Vendrame fez uma recuperação que não se esperava, comprovando o que tinha demonstrado durante a subida de segunda categoria, num dia com 151 quilómetros para cumprir. Ficou a dez segundos de Chaves, Amaro ficou a 12. O português ocupa a 48º posição na geral, a 1:37.50 horas.

Entre os homens da geral, Miguel Ángel López (Astana) atacou e recuperou 44 segundos. Pouco para a desvantagem que tem (ver classificação mais abaixo), mas demonstra que o colombiano quer mais do que o sexto lugar e a camisola da juventude, que dificilmente perderá, pois tem 2:54 de vantagem sobre Pavel Sivakov.

O destaque foi mesmo para Primoz Roglic (Jumbo-Visma). Na 19ª etapa finalmente atacou! Não teve consequência, é certo, mas foi a mostra para não o darem como derrotado. A ver vamos como se vai dar na etapa de sábado, a última de alta montanha antes do contra-relógio que o esloveno tanto aposta.

20ª etapa: Feltre - Croce D'Aune-Monte Avena, 194 quilómetros


Duas primeiras categorias, a última coincide com a meta, a primeira será a Cima Coppi a 2047 metros de altitude. A distinção ficou para Manghen após a exclusão da Gavia, na terça-feira, devido ao perigo de avalanches. Haverá ainda três segundas categorias, num dia em que praticamente só o início tem um pouco de terreno plano.

Será uma etapa nas Dolomitas em todo o seu esplendor e normalmente há sempre espectáculo. Tendo em conta que há tempo a recuperar, principalmente por Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) e por mais alguém que ainda queira surpreender e chegar pelo menos ao pódio, então só se poderá esperar por ataques. Dia difícil em perspectiva para Richard Carapaz e para a Movistar na defesa da camisola rosa.

Aqui fica o top dez e as diferenças.

1º Richard Carapaz (Movistar), 83:52.22 horas
2º Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida), a 1:54 minutos
3º Primoz Roglic (Jumbo-Visma), a 2:16
4º Mikel Landa (Movistar), a 3:03
5º Bauke Mollema (Trek-Segafredo), a 5:07
6º Miguel Ángel López (Astana), a 5:33
7º Rafal Majka (Bora-Hansgrohe), a 6:48
8º Simon Yates (Mitchelton-Scott), a 7:07
9º Pavel Sivakov (Ineos), a 8:27
10º Davide Formolo (Bora-Hansgrohe), a 10:06


Classificações completas, via ProCyclingStats.


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