3 de maio de 2019

Fim de carreira aos 26 anos

(Fotografia: © Jumbo-Visma)
Enquanto Primoz Roglic vai mostrando toda a sua classe na Volta à Romandia, a Jumbo-Visma vê-se obrigada a ultrapassar duas desilusões. Primeiro foi a lesão de Robert Gesink que o afastará do Giro. Agora um dos seus ciclistas, de apenas 26 anos, foi obrigado a colocar um ponto final na carreira. Daan Olivier esteve 12 meses a tentar vencer o que afinal não tinha forma de ser derrotado.

Em Maio de 2018, o ciclista holandês sofreu uma queda muito grave. Olivier, que escreveu um texto a contar todo o seu drama, explicou que o médico até lhe deu esperança, apesar do seu joelho estar em muito mau estado. Disse-lhe que felizmente não era um futebolista, nem praticava atletismo. Em Julho, Olivier estava de volta na Prudential RideLondon-Surrey Classic. Porém, o ciclista, nunca mais se sentiu o mesmo.

A equipa manteve um total apoio a Daan Olivier, que contou como nos treinos, a pensar na nova temporada de 2019, conseguiu atingir os números anteriores à queda, o que o deixou muito animado, ainda mais sabendo que tinha de estar a bom nível se quisesse ter hipótese de renovar o contrato.

"Na Ruta del Sol [a sua primeira prova da época] senti que o meu joelho reagia de maneira diferente nos treinos e na corrida. Você provavelmente entende que durante o treino não vou acelerar em todas as curvas e competir em cada subida", referiu. Olivier tentou não desanimar e começou a preparar-se para a exigente Volta ao País Basco.


"Logo no primeiro dia de corrida senti que a lesão estava pior. Há um vídeo de mim a andar na parte final de uma subida muito inclinada com uma perna esquerda completamente bloqueada. O que aconteceu exactamente ainda é uma grande dúvida para mim. Quando me levantei numa secção muito inclinada, o meu joelho esquerdo pareceu estar muito instável e, de repente, tive a sensação de falta de força na perna esquerda, percebendo que não ia chegar ao topo da subida", lê-se no texto.


As sensações nos dias seguintes pioraram, com a equipa a colocar Olivier à vontade para abandonar. Resistiu até à quarta etapa: "Os sintomas ficaram tão maus que fiquei para trás logo aos oito quilómetros de corrida, numa estrada de altos e baixos. Depois de lutar 30 quilómetros entre os carros, consegui regressar [ao pelotão], mas fiquei outra vez para trás numa subida muito inclinada, logo a seguir à primeira ascensão. Não consegui regressar e fui forçado a abandonar após 70 quilómetros de corrida."

O desabafo seguinte demonstra o estado de espírito de Olivier perante a percepção que não dava mais. A sua lesão estava a agravar. "A minha primeira vez no Carro Vassoura. Não era para isto que tinha trabalhado. Fisicamente sentia-me bem e forte, o que tornou mentalmente ainda mais difícil ficar para trás a cada subida. O ciclismo pode ser cruel e honesto. Adoro trabalhar no duro, mas não quando não há retorno."

Daan Olivier admite que nunca se sentiu completamente bem após a queda, tendo, em certos dias, dificuldades a subir escadas ou a dar um passeio a pé mais longo. Porém, salientou como se sentia bem na bicicleta e era isso que lhe interessava. "Sinto como se um sonho se tivesse desfeito em bocados", afirmou, agora que optou por colocar o ponto final na curta carreira.

O holandês agradeceu todo o apoio da equipa, com a Jumbo-Visma a desejar boa sorte e Olivier na sua vida "civil". Foi um corredor que cresceu na então estrutura de desenvolvimento da Rabobank. Em 2014 estreou-se no World Tour na Giant-Shimano (actual Sunweb), formação que representou durante ano e meio. Em 2017 como que regressou a casa, assinando pela Jumbo-Visma (então Lotto-Jumbo). Foi um corredor mais de trabalho, tendo participado numa grande volta, a Vuelta, e em quatro monumentos, três vezes na Lombardia e uma vez na Liège-Bastogne-Liège.

Pode ler o texto completo escrito por Daan Olivier neste link (em inglês).

Numa nota final relativa a Robert Gesink, o holandês fracturou a clavícula e a pélvis na Liège-Bastogne-Liège, estando assim impedido de fazer parte do bloco que quer levar Roglic à vitória no Giro. A Jumbo-Visma "desviou" Sepp Kuss da Volta à Califórnia para ir antes a Itália. O americano, de 24 anos, foi um dos ciclistas que convenceu (e bem) os responsáveis da equipa, com prestações de grande nível na temporada passada.

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