(Fotografia: Team Ineos) |
Bernal surgia como um dos favoritos, mesmo tendo apenas 22 anos e só ter o Tour no seu currículo. Mas logo na corrida francesa, na época passada, ficou bem claro o que já poucas dúvidas se tinha: Bernal tem tudo para ser um voltista de referência e muito ganhador. Esta temporada ganhou o Paris-Nice e fez um terceiro lugar na Volta à Catalunha. O principal objectivo fica anulado devido a uma fractura na clavícula.
Para ajudar ao entusiasmo que estava em redor de Bernal, dois dos seus principais gregários também demonstraram estar em muito boa forma na recente Volta aos Alpes. Pavel Sivakov ganhou uma etapa e a geral e Tao Geoghegan Hart venceu duas etapas. Muito se desejava ver a nova geração da Ineos em acção, ficando agora a dúvida de quem a equipa irá escolher para líder.
Esta é uma formação que raramente compete ser ter um líder bem definido. David de la Cruz e Michal Kwiatkowski partilharam esse papel na última Vuelta, mas não correu bem. Já com Chris Froome e Geraint Thomas correu bem melhor, na perspectiva do galês, claro. O primeiro era o líder, mas Thomas estava em melhor forma e agarrou a oportunidade. Divisões pouco vistas na então Sky.
A nova vida da equipa, agora como Ineos, começa então com uma enorme desilusão. Sivakov e Hart demonstraram potencial e boa forma, mas isso não significa que estejam preparados para tanta responsabilidade. Já Gianni Moscon poderá estar à espera de ser ele o eleito. O italiano não esconde o quanto deseja liderar a equipa numa grande volta, principalmente na "sua".
No entanto, o comportamento de Moscon nas últimas duas temporadas, a falta de resultados em 2019 - esteve muito abaixo do esperado nas clássicas e antes não tinha estado melhor -, não convencem em dar a liderança a este ciclista. As duas quedas na Volta aos Emirados Árabes Unidos não ajudaram, mas também não justificará por completo a falta de rendimento.
Depois fica a dúvida se Moscon tem o que é preciso para ser líder. Primeiro porque apesar de ter sido importante como gregário, ainda não deu garantias de poder estar na disputa de uma vitória. Segundo, porque a nível de personalidade, não está a demonstrar ter o carisma necessário para criar um ambiente de total dedicação dos seus companheiros.
Sebastián Henao, Christian Knees, Jhonatan Narváez e Salvatore Puccio também estão apontados ao Giro, mas são todos vistos como homens de trabalho. Quem substitui Bernal? A Ineos ainda não anunciou qual será a sua escolha, limitando-se a confirmar a lesão do colombiano, escrevendo que haverá desenvolvimentos. Enquanto se espera, poderá pensar-se em duas hipóteses. Talvez uma terceira.
Froome - vencedor em Itália há um ano - não se importaria que Thomas optasse por regressar ao Giro, mas o galês já deixou bem claro que quer usar o dorsal número um no Tour e concentrar-se apenas em tentar novo feito. Mais do que no ano passado, desta liderança partilhada a Ineos não escapa... As hipóteses são:
Wout Poels, há muito que reclama a oportunidade, mas no que a grandes voltas diz respeito, nem tem sido opção além de ajudar o líder. Vem de um 10º lugar na Liège-Bastogne-Liège e no que a corridas por etapas diz respeito, começou o ano com um terceiro lugar no Tour Down Under e repetiu a posição na Volta ao Algarve. Mais tarde, no Tirreno-Adriatico, foi sétimo. Aos 31 anos, até seria interessante ver o holandês no papel de cabeça-de-fila;
Michal Kwiatkowski falhou na Vuelta, é certo, mas para quem tinha andado em alta rodagem durante a maior parte de 2018, pouco mais se poderia exigir. Ainda há dúvidas se tem o que é preciso para ser a principal figura numa grande volta, mas talvez seja a altura de se perceber de vez. Tem estado muito em acção neste início de temporada e nunca esteve mal, como aliás é o mais normal de se ver deste ciclista. Tanto Poels e Kwiatkowski pertencem ao núcleo duro de gregários da Ineos quando se fala de Volta a França, mas com Bernal agora disponível para também ir ao Tour, talvez um possa ser "desviado";
A terceira opção pode passar por David de la Cruz. Tal como Kwiatkowski teve liberdade na Vuelta, mas não convenceu. Contudo, tem feito resultados interessantes na primeira fase da época, com passagem pela Volta ao Algarve (11º).
O problema da Ineos é que nenhum destes ciclistas estava a preparar especificamente o Giro e seja qual for a escolha, passe ou não por este trio, haverá sempre a sensação que é um plano B de urgência, longe da fiabilidade que oferecia Egan Bernal. A Volta a Itália arranca a 11 de Maio em Bolonha, com o final marcado para Verona, a 2 de Junho. Começa e acaba com um contra-relógio.
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